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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 06/09/2024 - 19:06

Polêmica: Denúncias de assédio contra Silvio Almeida geram reações intensas da base bolsonarista

Denúncias de assédio contra Silvio Almeida geram reações intensas de bolsonaristas. Ex-ministro nega acusações e aciona órgãos para investigação. Políticos ligados a Bolsonaro pedem afastamento de Almeida. Silvio repudia acusações, alega campanha para afetar sua imagem e destaca necessidade de investigação rigorosa.

Após as denúncias de assédio sexual recebidas pela organização Me Too Brasil contra o agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, políticos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se posicionaram em suas redes. Eles pediram, entre outras críticas, o afastamento do ministro do cargo ocupado no governo Lula — a demissão acabou se concretizando no início da noite desta sexta-feira. Almeida nega as acusações, diz tratar-se de “ilações absurdas” e afirma que acionou a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Procuradoria-Geral da República para ser feita uma apuração cuidadosa do caso.

A informação sobre as denúncias foi antecipada pelo portal Metrópoles. Segundo o site, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, teria sido uma das vítimas e teria relatado o episódio a integrantes do governo. Procurada, ela não se manifestou.

Confira as reações bolsonaristas

Em comício eleitoral nesta sexta-feira em Juiz de Fora (MG), o próprio Jair Bolsonaro se referiu ao caso como “uma vergonha” e usou o episódio para criticar a gestão de seu sucessor.

— Agora temos até um ministro que deveria dar exemplo e acaba sendo acusado de assédio sexual. Uma vergonha — disse o ex-mandatário, para aplausos dos presentes.

Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nas redes que “agora a casa caiu” e descreveu o episódio como “nojento demais”.

“O cara achou que poderia se esconder atrás da cadeira de ministro dos Direitos Humanos, que tinha poderes para abusar até mesmo de uma ministra colega. Mas agora a casa caiu”, disse o senador.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por sua vez, primeiro relembrou um discurso crítico ao ministro durante uma sessão da Câmara. “Eu avisei: a fala aveludada não engana ninguém”, escreveu.

Senador e ex-ministro no governo de Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira (PL-PI) foi outro nome da oposição a cobrar o afastamento de Almeida e a ironizar o atual governo.

“Se o ministro dos Direitos Humanos continuar no cargo após assediar mulheres e até ministra da 'Igualdade Racial', Lula vai decretar que em seu governo assédio é direito humano? Deve ser o assédio do bem”, publicou o parlamentar em seu perfil no Threads.

O senado Magno Malta (PL-ES) embarcou no assunto e questionou: “Onde estão os artistas?”

A também senadora e ex-ministra Damares Alves (PL-DF) cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o “imediato afastamento” de Almeida e prestou solidariedade a Anielle.

“Quando houve denúncia contra o presidente da Caixa Econômica, no governo Bolsonaro, ele foi demitido. E aí presidente Lula, seu ministro também será exonerado? Quero ver se esse governo, que se diz do amor, defende mulheres mesmo. Agora quero ver…”, escreveu a ministra.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) definiu Almeida como “ministro lacrador”, e disse que, “ao contrário dele”, defende que, “antes de julgar e condená-lo de pronto, que se respeite o devido processo legal”:

“Que curioso, esse não é o ministro lacrador de lula, da pasta de 'Direitos Humanos' que tacha todo mundo da direita de 'golpista' para baixo? Que adora dar lição de moral nos outros usando os mais criativos nomes? Que coisa, não? Mas ao contrário dele, eu defendo que, antes de julgar e condená-lo de pronto, que se respeite o devido processo legal para que sua responsabilidade ou não seja devidamente apurada.”

Outra deputada atuante no universo bolsonarista, Júlia Zanatta (PL-SC) postou um longo texto em que afirma que teria sido confirmada uma “máxima revolucionária”: “Acusar os outros daquilo que se pratica”.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo ministro:

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.

Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.

Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.

As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.

Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício.”

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