Condenada por assassinar o marido e presa, Flordelis termina namoro de quatro anos com produtor musical

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O relacionamento amoroso da prisioneira com o jovem acabou basicamente por três motivos. Primeiro por causa do distanciamento. Segundo, porque uma parte da prole da ex-parlamentar não a visitava na cadeia justamente por causa da presença constante de Allan. Entre os filhos que torciam o nariz para o ex-namorado da mãe estão Isabel, Anabel e Adriano – este último foi condenado a 4 anos pela morte de Anderson do Carmo, mas está em liberdade condicional. Segundo esses filhos, Allan “não passa de um aproveitador”.

O terceiro motivo para o ponto final na história de amor é o mais importante, pelo menos do ponto de vista da defesa de Flordelis. A banca de advogados da pastora nunca engoliu a presença de Allan na vida da sua cliente. Às vésperas do julgamento, ocorrido em novembro de 2022, a advogada Janira Rocha, coordenadora da defesa, sugeriu que Flordelis terminasse o enlace justamente para não a prejudicar no tribunal. 

Nesse tempo, os pombinhos já falavam em casamento. “Você é acusada de matar seu marido e quer se casar com outro. O que você acha que a opinião pública vai pensar?”, alertou Janira. À época, Flor tinha 60 anos e Allan, 22.

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Hoje, a banca de advogados atribui a sentença de Flordelis, em parte, à exposição exagerada do romance entre ela e Allan. “Oi gente. Estou aqui no Recreio com o Allanzinho. Dá para ver o mar. Ele sempre me traz em lugares lindos, né, amor?”, gravou a pastora com seu namorado às vésperas do julgamento. Em outro vídeo divulgado por ela, o casal passa um minuto dando um beijo "de novela".

Desde a condenação de Flordelis, seus advogados bolam incansavelmente estratégias para tirá-la da cadeia. A primeira delas foi conseguir uma possível prisão domiciliar, já que a detenta apresenta uma série de problemas de saúde e o sistema prisional não forneceria tratamento adequado à paciente. Segundo laudos, ela teria sofrido na cadeia um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de vários desmaios. Num deles, caiu e bateu o rosto fortemente no chão.

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Ela também foi diagnosticada com bradicardia, quando o coração bate lentamente ou de forma irregular. Teve pressão baixa e crises de convulsão. Flordelis estaria ainda com problemas de memória, pois vem se esquecendo com frequência os nomes dos mais de 50 filhos.

O processo de execução penal dela contém um laudo assinado pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo. Segundo o médico, Flordelis sofre com depressão profunda e tem ideações suicidas. “Fiquei dois meses sem visitá-la na cadeia. Na semana passada fui lá e ela estava pele e osso”, descreve a advogada Janira Rocha.

Mesmo doente, Flordelis acionou um cartório em junho de 2023 e conseguiu retirar o sobrenome do marido morto da carteira de identidade e pediu autorização ao sistema penal para se casar com Allan dentro da cadeia, pois só assim os dois poderiam ter relações sexuais no quartinho de visita íntima. Três meses depois de fazer esse pedido, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de prisão domiciliar à condenada. Na avaliação de sua banca de advogados, essa derrota também ocorreu justamente por causa do namoro escancarado da ex-deputada com Allan. “A Flordelis nunca teve relações sexuais dentro da cadeia”, frisa Janira Rocha.

No meio desse turbilhão, Flordelis foi transferida pela direção do presídio de uma cela especial para o chapão, uma espécie de solitária.  Com tanta notícia ruim na vida da pastora, a advogada parou de se opor ao romance da sua cliente com o rapaz. “Ela estava arruinada emocionalmente. E aquele namoro me parecia uma tábua de salvação, um sopro de vida, pois uma mulher com mais de 60 anos sentenciada a 50 pensa mais na morte do que na vida”, analisa Janira.

Sem a prisão domiciliar, foi feito um acordo entre Flordelis e seus advogados. Ela deveria se manter discreta dentro da cadeia, pois o plano agora para tirá-la de lá será a tentativa de um novo julgamento, já que o primeiro teria apresentado, na versão da defesa, uma dezena de nulidades.

Allan também foi chamado pelos defensores e recebeu a orientação de não se manifestar mais publicamente sobre o namoro, pois a opinião pública não via o romance com bons olhos, já que a diferença de idade entre eles é de 38 anos. Tanto Allan quanto Flordelis concordaram com a estratégia e ambos passaram a ser mais discretos. “Vou submergir”, prometeu ele.

Dois meses depois, porém, Allan desrespeitou o combinado e concedeu uma entrevista bombástica na TV Record dizendo que amava a pastora como nunca havia amado ninguém na vida. “A Flordelis é o chão que eu piso, o sol que me ilumina, o ar que respiro. E garanto a todos que ela é inocente. A verdade vai aparecer e a tão sonhada volta por cima vai chegar em breve. Deus vai nos surpreender”, sentenciou o rapaz em cadeia nacional.

Allan tinha 19 anos quando pediu Flordelis em namoro. No dia seguinte, ele estava instalado na casa de Niterói, no mesmo quarto onde dormiu o pastor Anderson do Carmo. A mesma casa onde ele foi alvejado de balas. Sete meses depois, Flordelis foi presa e seu namorado tentou assumir o comando da grande família.