True Crime
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True Crime

Histórias, detalhes e personagens de crimes reais que mais parecem ficção

Informações da coluna

Ullisses Campbell

Com 25 anos de carreira, sempre atuou como repórter. Passou pelas redações de O Liberal, Correio Braziliense e Veja. É autor da coleção “Mulheres Assassinas”

Por — São Paulo

Uma semana depois de ter o pênis amputado pela companheira, que retirou o órgão com uma navalha e o descartou no vaso sanitário em dezembro do ano passado, o frentista Gilberto Nogueira de Oliveira, de 39 anos, abriu uma vaquinha virtual com o objetivo de comprar uma prótese peniana. Em conversa com médicos da rede privada, ele descobriu que o tratamento completo custaria pelo menos R$ 100 mil, pois envolve contratação de urologista, anestesista, nefrologista e cirurgião plástico. Até o início desta semana, o rapaz havia recebido pouco mais de R$ 2 mil, doados por 48 pessoas. Compadecido com a baixa adesão, o cirurgião plástico Oswaldo Vallejo Perez resolveu doar a prótese ao paciente. “Agora falta a solidariedade dos demais especialistas para Gilberto iniciar o tratamento”, pondera o médico.

Esperançoso, Gilberto acredita que voltará a ter uma vida normal após as cirurgias. Ele está sendo acompanhado por uma psicóloga. “Meu sonho é me casar novamente e ter mais filhos. Graças a Deus isso será possível, porque na amputação os testículos foram preservados”, diz, reproduzindo o que ouviu até agora dos especialistas.

O crime aconteceu em Atibaia, no interior de São Paulo. Daiane dos Santos Nogueira, de 34 anos, responsável pelo ataque, está presa. Afastado da agora ex-companheira, Gilberto conta que tem sido procurado por mulheres desde que o caso foi parar na mídia.

“Muitas garotas estão me procurando. Isso é interessante para a minha autoestima. Mas até agora tenho só conversado com elas. Não quero encontrar ninguém até me restabelecer fisicamente. Minha prioridade agora é me recuperar”, frisa ele, que já tem uma filha de 7 anos.

Daiane dos Santos Nogueira agrediu o então marido após descobrir que Gilberto estava tendo um caso extraconjugal com uma sobrinha de 15 anos, filha adotiva da irmã dela. De acordo com o frentista, que assume o enlace, os dois se encontraram três vezes, com relações sexuais consentidas. O último encontro ocorreu no dia do aniversário de Daiane, que acabou tomando ciência da infidelidade do marido pela mãe da adolescente. Ela resolveu planejar a emasculação de Gilberto como ato de vingança, como contou em depoimento.

Por mensagem de celular, em 22 de dezembro, Daiane avisou ao marido que havia comprado uma lingerie nova e queria usar a peça íntima naquela mesma noite. Quando chegou em casa, por volta das 22h, ela serviu jantar ao companheiro e mandou ele esperá-lo na cama. Obediente, Gilberto tomou um banho, escovou os dentes e se deitou para aguardar a parceira. Daiane entrou no quarto e apagou a luz. “Nós sempre transávamos com a lâmpada acesa”, lembra Gilberto, que estranhou a escuridão.

Na sequência, Daiane amarrou as mãos do marido pelas costas e passou um elástico na base do seu pênis. Ato contínuo, ela cortou a genitália dele usando uma navalha de barbeiro. “Isso é para você aprender a nunca mais me trair”, justificou a cozinheira, que também trabalhava como cabeleireira e designer de sobrancelhas, usando instrumentos cortantes. Em seguida, a mulher despejou o órgão no vaso sanitário, dando a descarga. Na delegacia, ela justificou o descarte. “Joguei fora para que ele não pudesse fazer implante”, assumiu.

Em conversa com o blog, Gilberto admite, ainda assim, que sente falta da vida que levava ao lado de Daiane. “Nós éramos apaixonados. Conheci ela pelo Facebook. A gente namorou por três meses e decidimos morar juntos. Fomos felizes por dois anos. Ela era carinhosa. Mas passou a ouvir vozes e ver vultos pela casa. Eu sou uma pessoa muito religiosa. Acho que essa tragédia aconteceu porque ela se afastou de Deus. E o diabo gosta de ver sangue”, analisa. “No final, percebi que o inimigo estava na minha casa e acabou me destruindo e acabando com a minha família”, conclui.

Precedentes

Na década de 1990, dois médicos da Santa Casa de Misericórdia de Belém ofereceram próteses penianas a três jovens sobreviventes dos crimes que ficaram conhecidos mundialmente como “emasculados de Altamira”. No caso, pelo menos duas dezenas de crianças e adolescentes foram assassinados no Pará e Maranhão – algumas delas estão desaparecidas até hoje. As vítimas tiveram genitálias amputadas com objetos cortantes entre 1989 e 1993.

Em 1995, os médicos paraenses Lourival Barbalho e Carlos Bragança identificaram três vítimas de Altamira que estavam aptas a receber prótese peniana porque, logo após a emasculação, elas foram jogadas numa poça de argila. Com isso, o sangue foi estancado pela lama. Das três vítimas, uma recusou a prótese. Dois garotos se submeteram à cirurgia, mas um deles apresentou rejeição. O outro convive até hoje com o implante.

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