True Crime
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True Crime

Histórias, detalhes e personagens de crimes reais que mais parecem ficção

Informações da coluna

Ullisses Campbell

Com 25 anos de carreira, sempre atuou como repórter. Passou pelas redações de O Liberal, Correio Braziliense e Veja. É autor da coleção “Mulheres Assassinas”

Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 10/07/2024 - 04:30

Fraude e embriaguez: Caso do Porsche

Mãe de motorista do Porsche é acusada de fraude processual após retirar bebidas da cena do acidente. Testemunhas relatam embriaguez do motorista e tentativa de evitar prisão. Depoimentos contraditórios complicam o caso. Audiência revela detalhes chocantes. Polícia investiga conduta dos envolvidos. Justiça aguarda interrogatório do réu.

O Ministério Público de São Paulo solicitou que a Polícia Civil abra um inquérito para investigar se a mãe do empresário Fernando Sastre, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 46 anos, cometeu fraude processual. Na audiência de instrução do dia 28 de junho, uma testemunha afirmou em juízo ter visto Daniela retirar garrafas de bebidas alcoólicas do Porsche momentos após seu filho colidir com um Renault Sandero, resultando na morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. O acidente ocorreu em 31 de março, no bairro do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.

O Ministério Público também acusa a mãe de Fernando de ter retirado seu filho do local do crime, sob a falsa alegação de levá-lo ao hospital, evitando assim sua prisão em flagrante. Daniela declarou aos policiais que Fernando havia batido a cabeça e que "cada segundo contava" para salvá-lo. Para as promotoras de acusação, ela mentiu para impedir que seu filho fosse submetido ao teste do bafômetro.

Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe de Fernando Sastre, motorista do Porsche que atropelou e matou motorista de aplicativo — Foto: Reprodução
Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe de Fernando Sastre, motorista do Porsche que atropelou e matou motorista de aplicativo — Foto: Reprodução

A primeira testemunha a acusar Daniela foi Monique Libânia de Souza, que mora em frente ao local da colisão. Segundo Monique, ela estava na sala assistindo TV quando se assustou com o barulho da batida. Ao sair, a testemunha viu Ornaldo agonizando dentro do Sandero e Fernando em pé, com sinais claros de alteração alcoólica.

— Ele estava completamente embriagado. Logo depois, chegaram a mãe, toda vestida de rosa, e o tio dele [Marcelo Sastre Andrade], um senhor grisalho. Eles chegaram em um Jeep Compass. A mãe foi até o carro do Fernando, retirou algumas garrafas azuis e as colocou no carro desse senhor — relatou.

Caso Porsche: Depoimento de Monique Libania, testemunha de acusação

Caso Porsche: Depoimento de Monique Libania, testemunha de acusação

Outra testemunha complicou ainda mais a situação de Fernando Sastre, que é réu pelos crimes de homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima. Soldado do Corpo de Bombeiros, Matheus Távora Rehder afirmou na audiência que o empresário apresentava olhos vermelhos e andava cambaleando.

— Perguntei se Fernando precisava de atendimento e ele disse que não. Estava confuso e com a voz arrastada — revelou o soldado, que retirou o motorista de aplicativo das ferragens, já em parada cardiorrespiratória.

Caso Porsche: Depoimento de Matheus Tavora Rehder, bombeiro militar

Caso Porsche: Depoimento de Matheus Tavora Rehder, bombeiro militar

O depoimento do soldado Matheus desmente a versão de Giovanna Pinheiro Silva, namorada de Fernando. Ela afirmou na audiência que o empresário estava com sangramento na boca e no nariz, por isso precisou ser retirado às pressas do local do acidente. Matheus declarou que não havia sangue no rosto do réu naquele momento.

— O amigo dele [Marcus Vinícius] estava deitado no chão, mas consciente. Já o Fernando estava bem — ressaltou o militar.

Na audiência, Giovanna também afirmou que Fernando foi liberado do local do acidente por dois policiais militares. Chamados como testemunhas, os PMs Dayse Aparecida Cardoso Romão e Alan Jones Ferreira Lopes, que registraram a ocorrência, confirmaram que liberaram o empresário, mas se disseram enganados pela mãe do condutor do Porsche.

— Ele estava com um sangramento no nariz. A mãe dele pediu para levá-lo ao Hospital São Luiz e nós autorizamos porque ele não apresentava sinais aparentes de embriaguez. Mas fomos ao hospital em seguida e vimos que ele não havia dado entrada lá — confirmou Dayse.

A PM Dayse Aparecida Cardoso Romão em audiência sobre caso do porsche — Foto: Reprodução
A PM Dayse Aparecida Cardoso Romão em audiência sobre caso do porsche — Foto: Reprodução

A Polícia Militar abriu um procedimento para averiguar a conduta dos dois policiais.

O sargento do Corpo de Bombeiros Fernando de Moura Siqueira também afirmou não ter visto sangramento no rosto do motorista do Porsche e confirmou que o empresário apresentava claros sinais de embriaguez.

— Ele estava sentado e, de repente, se levantou. Nessa hora, andou cambaleando. Percebi que estava letárgico e com a voz pastosa — afirmou o militar.

Sargento do Corpo de Bombeiros Fernando de Moura Siqueira em audiência sobre caso do Porsche — Foto: Reprodução
Sargento do Corpo de Bombeiros Fernando de Moura Siqueira em audiência sobre caso do Porsche — Foto: Reprodução

Na mesma audiência, Marcus Vinícius Machado Rocha, de 22 anos, amigo de Fernando que estava no banco do carona e ficou bastante machucado, afirmou que não se lembrava se o réu havia bebido ou se estava embriagado no momento do acidente.

— Saímos, fizemos uma curva, ele acelerou, não me lembro da velocidade. Daí para frente, não me lembro de mais nada. Só quando acordei no hospital — relatou.

Os depoimentos foram dados ao juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri do Fórum da Barra Funda. Devido às novas acusações, os advogados de Fernando solicitaram que ele não fosse ouvido na audiência de instrução. Seu interrogatório está marcado para o dia 2 de agosto.

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