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Turismo espacial: de balões a hotéis infláveis, como viajaremos para fora da Terra

Testes com cápsulas, foguetes e aeronaves avançam e empresas falam em voos comerciais para os próximos anos
Desenho mostra como será a cápsula Spaceship Neptune, da Space Perspective Foto: Divulgação
Desenho mostra como será a cápsula Spaceship Neptune, da Space Perspective Foto: Divulgação

RIO - Ainda não se sabe ao certo quando voltaremos a embarcar num avião sem precisar de máscaras, nem mesmo se um dia conseguiremos tomar café da manhã em hotéis com aquela saudosa tranquilidade. Ainda assim, um grupo de empresas vislumbra, num futuro próximo, levar viajantes para fora da Terra. A corrida pelo turismo espacial continua acirrada mesmo durante a pandemia.

As empresas envolvidas nesses projetos pretendem levar passageiros “a lazer” para voos na estratosfera (até 50 mil metros de altitude) ou suborbitais (acima de 80 mil metros) ainda nesta década. Promessas mais otimistas falam em viagens já em 2023 e 2024, a bordo de cápsulas espaciais levadas por foguetes, aeronaves com jeitão de “Star Wars” e balões especiais.

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Este último modelo é a aposta da Space Perspective, que anunciou, em junho, seus planos para os próximos anos: o primeiro voo teste ainda no começo de 2021, uma viagem tripulada em 2023 e, finalmente, a saída com passageiros em 2024.

Tecnicamente, o que a empresa oferece não chega a ser uma viagem no espaço. A cápsula Spaceship Neptune, com capacidade para oito passageiros e um piloto, será puxada por um balão de hidrogênio a até 30 mil metros de altitude. Mas é o suficiente para que os viajantes observem, dos janelões panorâmicos, a curvatura do globo terrestre e a escuridão do espaço. O passeio vai durar cerca de seis horas, entre decolagem e pouso, e sairá do Kennedy Space Center, a base de lançamentos da Nasa em Cabo Canaveral, na Flórida. Cada passagem custará US$ 125 mil.

A nave SpaceShip Two Unity, da Virgin Atlantic, em teste de voo Foto: Virgin Galactic / Divulgação
A nave SpaceShip Two Unity, da Virgin Atlantic, em teste de voo Foto: Virgin Galactic / Divulgação

O valor é a metade do cobrado por passageiro da Virgin Galactic, que continua em fase de testes de seu modelo SpaceShip Two, uma espaçonave que decola e pousa como um avião. Em 2019, a nave VSS Unity fez o primeiro voo tripulado da empresa a atingir 89 mil metros de altura, o que permitiu que as três pessoas a bordo experimentassem a sensação de gravidade zero. Mas ainda não há uma previsão de quando lançará o primeiro turista ao espaço. O próprio dono da empresa, Richard Branson, adiou a viagem que faria a bordo da VSS Unity este ano.

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Branson não é o único magnata midiático envolvido nesse mercado. A Blue Origin, de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, também segue em fase de testes de sua cápsula New Shepard, projetada por um foguete verticalmente. Os bilhetes custarão entre US$ 200 mil e US$ 300 mil. Já a Space X, de Elon Musk, tem planos muito mais ousados: garante que levará o bilionário japonês Yasuku Maezawa à Lua em 2023.

— A pandemia desacelerou um pouco o processo, já que essas empresas fazem parte de conglomerados maiores, e há muita realocação de capital neste momento. Mas acredito que estamos muito perto de levar turistas ao espaço. Não é mais uma questão de se, mas de quando — aposta Marcos Palhares, sócio e diretor da Agência Marcos Pontes (que tem o atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações como sócio), uma das empresas autorizadas a vender os voos da Virgin Galactic no Brasil.

Palhares mantém o otimismo não apenas como empresário, mas também como futuro passageiro espacial — ele é o número 462 na fila de embarque da Virgin Galactic. Segundo ele, as opções são cada vez mais variadas, inclusive de hospedagem:

— Há até o projeto de um hotel espacial, o Biglow Aerospace. Ele vai todo fechado, dentro de um foguete, e, ao chegar no espaço, é inflado. Já imaginou?