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Islândia estuda providências para limitar fluxo de turismo

País tem proporção de sete visitantes para cada morador e se preocupa com futuro
Turistas aproveitam a Blue Lagoon, que fica em meio ao gelo, a 40 km da capital da Islândia, Reykjavík: águas, consideradas medicinais, podem chegar a 40°C Foto: Divulgação: bluelagoon.com
Turistas aproveitam a Blue Lagoon, que fica em meio ao gelo, a 40 km da capital da Islândia, Reykjavík: águas, consideradas medicinais, podem chegar a 40°C Foto: Divulgação: bluelagoon.com

O crescimento meteórico do turismo na Islândia tem deixado as autoridades do país preocupadas. O governo considera adotar uma série de medidas para limitar as chegadas dos visitantes, e uma delas pode ser a imposição de uma taxa aos turistas que serviria também para ajudar a preservar as belezas naturais do lugar. Com o país preparado para receber 2,3 milhões de visitantes até o final deste ano, a expectativa é de que em breve os turistas na Islândia excederão a população nacional numa proporção de sete para um (são apenas 340 mil habitantes espalhados por 40 mil quilômetros quadrados).

A Islândia viveu um crescimento significativo como destino de viagem depois de, nos últimos anos, suas paisagens terem aparecido na série de televisão "Game of Thrones", bastante popular, e também em diversos filmes de Hollywood. Desde 2010 o número de turistas quase quadruplicou (em 2016, foram 1,8 milhão, com número total de diárias atingindo 7,8 milhões no ano). Por isso aumentaram as discussões sobre a sustentabilidade de um desenvolvimento turístico tão rápido.

Segundo reportagem do site australiano traveller.com.au, no ano passado críticos do overturismo, ou turismo de massa, na Islândia fizeram um alerta de que a capital, Reykjavik, estava se transformando numa "Disneylândia". Isso porque o número de turistas oriundos dos Estados Unidos ficou em torno de 415 mil, já superando a população islandesa.

- O setor do turismo está amadurecendo e se tornando uma indústria real na Islândia, e precisamos estar preparados para enfrentar os desafios que isso nos traz - disse Thordis Gylfadottir, ministra do turismo, à Bloomberg.

TENTATIVA DE FREAR O AIRBNB

Em 2016 o governo islandês tentou reprimir as locações de curto prazo e propôs um imposto comercial sobre aqueles que ofereceram vagas em suas casas no Airbnb por mais de 90 dias por ano. Mas o negócio de compartilhamento de hospedagem no país não mostrou sinais de desaceleração. Ao contrário, aliás: números revelados no início de 2017 mostraram que o proprietário de imóvel a usar mais a Airbnb para anunciar seu serviço na Islândia teria acumulado US $ 3 milhões em 12 meses. Outros cinco indivíduos ganharam mais de € 800 mil euros no mesmo período.

Imagem da capital da Islândia, Reykjavik Foto: Andrew Testa / The New York Times
Imagem da capital da Islândia, Reykjavik Foto: Andrew Testa / The New York Times

- Precisamos mapear isso para ver o que podemos fazer para aumentar a tolerância (para a quantidade de turistas). Às vezes pode ser o caso de fortalecer a infraestrutura, às vezes pode ser algo sobre a direção do acesso a áreas específicas - comentou a ministra Gylfadottir. - As decisões que tomarmos certamente afetarão a forma como esse setor evoluirá - acrescentou.

Rua na Islândia: país planeja adotar medidas para conter fluxo de turistas, que cresce mais a cada ano Foto: Ricardo Largman / Agência O Globo
Rua na Islândia: país planeja adotar medidas para conter fluxo de turistas, que cresce mais a cada ano Foto: Ricardo Largman / Agência O Globo

Gylfadottir admitiu que uma dessas decisões pode ser a adoção de uma taxa para financiar a preservação dos recursos naturais da Islândia. Isso, porém, segundo a ministra, "ainda não foi discutido ou resolvido".

A Islândia já é um dos países mais caros do mundo, mas no início deste ano o governo estudava aumentar o imposto hoteleiro já existente, que gerou £ 2,95 milhões em 2016. Seria uma tentativa de impor dificuldades à chegada de mais turistas, pelo bolso. O governo alegou que o dinheiro arrecadado por qualquer dessas iniciativas seria para melhorar a infraestrutura e as instalações turísticas.

Paisagem paradisíaca na Islândia Foto: Ragnar Th Sigurdsson / Divulgação
Paisagem paradisíaca na Islândia Foto: Ragnar Th Sigurdsson / Divulgação