Boa Viagem
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Por Lisa Abend, The New York Times

Durante a pandemia, a cidade dinamarquesa de Copenhague parece somente ter reconfirmado tudo que sempre foi. Tendo abolido as restrições há tempos (em janeiro deste ano) e com a chegada do verão, os espaços amplos, criados para oferecer o maior proveito possível da estação mais quente do ano, multiplicam-se. Há mais estabelecimentos na área do porto nos quais bebericar um copo de vinho e dar um mergulho, enquanto a dedicação à sustentabilidade ambiental criou um ponto de encontro totalmente novo para os fãs da "onda verde". O verdadeiro fetiche dinamarquês por guloseimas amanteigadas se transformou em uma verdadeira revolução de novas padarias e confeitarias, enquanto o cenário gastronômico — que já era de classe internacional — se tornou ainda maior e melhor. E, em uma cidade em que a bicicleta já é considerada o principal meio de transporte, a capital se prepara para sua apoteose nesse quesito: a promoção do Tour de France, com largada prevista para 1º de julho.

O que vai ser feito

Pela primeira vez na história, a Grande Largada do Tour de France terá lugar na Dinamarca, com uma etapa de 13 quilômetros pelas ruas de Copenhague para depois seguir, no segundo dia e no terceiro, para o oeste, em Roskilde e Vejle. Em 29 de junho, as equipes participantes serão apresentadas primeiro em um giro pela cidade e depois com um evento especial, com direito a música ao vivo, no Jardim Tivoli. O primeiro dia de corrida se encerrará na Prefeitura, mas uma grande festa inspirada no tema ciclístico será organizada em Fælledparkenon nos dois primeiros dias, com música ao vivo, jogos para as crianças e telões. Na manhã de 2 de julho, a rota será aberta aos ciclistas de todos os níveis de habilidade que quiserem participar da "Volta de Copenhague".

Ciclistas em área central de Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times
Ciclistas em área central de Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

Mas essa não será a única comemoração; os dinamarqueses adoram um festival, e estão vibrando com o calendário veranil lotado com um alívio mais que palpável. Este ano, todos os favoritos de sempre — desde os paroxismos do Copenhell e o clima tranquilo do Festival de Jazz até os excessos gastronômicos do Copenhagen Cooking e as altas discussões do Festival de Literatura Louisiana — estão de volta, ganhando ainda a companhia de novidades como o Syd for Solen. Mas o maior de todos — considerado um verdadeiro rito de passagem, e não só um mero festival — é o Roskilde, entre 29 de junho e 2 de julho, que pretende ajudar a liberar toda a energia acumulada com uma comemoração atrasada de 50 anos e a lista de participantes mais longa de sua história: serão 132 artistas, incluindo Megan Thee Stallion, Dua Lipa, Post Malone e The Strokes.

O que ver

Diversas instituições culturais locais aproveitaram a pandemia para concluir melhorias há muito tempo planejadas, como o Museu Dinamarquês de Design, que durante um bom tempo não passou de um punhado de salões lotados de cadeiras e que reabriu em 19 de junho com uma mostra de como o design pode lidar com desafios globais como a mudança climática e as pandemias. E uma das coleções mais preciosas da arte francesa do século XIX da Europa ganhou um novo espaço no início do ano, com a inauguração da nova ala do Ordrupgaard na periferia da cidade — no subsolo, mas aberta para o céu.

Área externa do Freedom Museum (Museu da Liberdade), em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times
Área externa do Freedom Museum (Museu da Liberdade), em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

Mas talvez a reforma mais relevante seja a do Museu da Liberdade: antes chamada Museu da Resistência Dinamarquesa, a instituição foi destruída por um incêndio criminoso em 2013, e inteiramente reconstruída a partir do zero. Sua exploração interativa de como a tomada do país, em 1940, praticamente sem obstáculos por parte da Alemanha, aos poucos foi se transformando em uma resistência ativa que sabotou as armas do vizinho e reuniu uma frota voluntária de barcos pesqueiros para resgatar os judeus do país em segurança, revela-se uma lição especialmente comovente nos dias de hoje.

Onde comer

Estimulada talvez por dois lockdowns longos nos quais o café com bolo para viagem ficou entre um dos poucos prazeres possíveis, a cidade que inventou a delícia chamada danish (embora por aqui seja chamada de wienerbrød) entrou em uma nova Era de Ouro dos pães e doces, com uma padaria independente comandada por um chef confeiteiro em praticamente toda esquina, e normalmente com uma fila longa que chega à calçada. Entre as que valem uma visita estão a Albatross & Venner, a Benji e a Ard — isso sem falar no Apotek 57 e no Studio X, dois cafés que fazem parte de duas lojas diferentes e que também oferecem delícias de dar água na boca.

Café Apotek 57: um dos destaques no roteiro de gastronomia em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times
Café Apotek 57: um dos destaques no roteiro de gastronomia em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

Aliás, o cenário gastronômico como um todo está bombando — talvez até demais. Apesar de todos os elogios como destino culinário internacional, a Copenhague pré-pandemia ainda tinha dificuldade em convencer a população local de que frequentar restaurante vai além da comemoração de aniversários e programas de fim de semana. No entanto, desde o fim das restrições, em janeiro, parece que o público captou a mensagem porque, de repente, todos os estabelecimentos de todos os níveis parecem estar lotados praticamente toda noite.

A sorte é que há novidades para ajudar a suprir a demanda: tanto o revolucionário Relæ do chef Christian Puglisi como seu bar de vinho natural, o Manfreds, fecharam durante a pandemia, mas dessas perdas surgiram três casas excepcionais. No Koan, que funciona onde antes era o Relæ, o chef Kristian Baumann usa os sabores e as técnicas de sua herança coreana nos pratos nórdicos precisos de sua criação, como os mandus gorduchos e apimentados com camarão ou o tupinambo assado, servido com um exuberante creme de lagostim. Do outro lado da rua, no espaço apertado em que funcionava o Manfreds, o antigo chef, Mathias Silberbauer, serve pura alegria de viver no que hoje é o Silberbauers Bistro, com pratos da cozinha provençal; destacam-se os frutos do mar absurdamente frescos e as preparações caseiras como a torta de cebola e o ensopado de feijão-branco.

Depois de um período de residência no Blue Hill at Stone Barns, o chef Jonathan Tam voltou para Copenhague para abrir o Jatak, verdadeira joia intimista decorada por sua mulher, Sara Frilund, onde os pratos refinados — como as curvas delicadas de rodovalho cru combinadas com o dulçor da abóbora no vapor e as tirinhas de endívia cujo amargor e cuja crocância são ao mesmo tempo realçados e suavizados pelo molho caseiro de gergelim — são reflexões profundamente pessoais da herança cantonesa de Tam, a experiência adquirida em muitos anos como principal chef do Relæ, com ênfase nos legumes e verduras, e em seu compromisso com o locavorismo.

Também estão surgindo novos espaços gastronômicos. Situado em um bosque nos limites a sudoeste da cidade, com cara de cartão-postal, o Banegården abrigava a estação ferroviária de Copenhague, mas os prédios de madeira foram transformados em um complexo gastronômico "verde", incluindo um empório de produtos frescos, um restaurante locávoro e, claro, uma padaria — com croissants excelentes e um compromisso tão sério com a sustentabilidade que não há copos descartáveis; só dá para comprar café para viagem mediante um sistema de depósito para as embalagens térmicas.

Restaurante Propaganda, uma das novidades no roteiro gastronômico em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times
Restaurante Propaganda, uma das novidades no roteiro gastronômico em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

Mas talvez a transformação mais empolgante seja a do trecho no extremo sul dos lagos da cidade. No Propaganda, o frango frito de Youra Kim, já famoso pela suculência e pelo sabor, e outras opções incríveis como o aspargo branco grelhado com tteok, combinam bem com a seleção impressionante de vinhos naturais. E na Brasserie Prins, que consegue ser aconchegante sem exageros, o chef norte-americano Dave Harrison se baseia na experiência de trabalho em Paris para preparar delícias francesas antigas — como os quenelles em molho americaine, o cérebro de vitela de frigideira e até o encorpado île flottante —, tudo com um toque inegavelmente moderno.

Onde ficar

Hotel Darling: força do design nacional em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times
Hotel Darling: força do design nacional em Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

A cidade, que durante muito tempo deixou a desejar em matéria de opções interessantes de acomodação, finalmente está se modernizando e transformando espaços arquitetonicamente interessantes e históricos em hotéis novos e convidativos. O prédio onde antes funcionava uma universidade, no centro, situado atrás da Torre Redonda, foi transformado no 25Hours Copenhagen (diária do quarto duplo a partir de 1.296 coroas, ou cerca de US$ 182), cujos quartos coloridos oferecem uma trégua visual interessante do minimalismo escandinavo. Já a antiga sede dos correios, de frente para o Jardim Tivoli e a Estação Central, foi transformada no majestoso Villa Hotel (diária a partir de 2.331 coroas). O Kanalhuset (também com diária a partir de 2.331 coroas) transformou uma casa às margens de um canal no badalado bairro de Christianshavn em um apart-hotel belissimamente decorado que oferece jantar em mesas comunais. Outros dois lugares propiciam uma experiência ainda mais individual: uma casa flutuante, colorida e receptiva chamada Kaj (com diária a partir de três mil coroas), com caiaques próprios para uso dos hóspedes, e o Darling (diária a partir de 7.440 coroas), absurdamente chique, decorado com móveis dinamarqueses e obras de artistas locais prestigiados em sistema de rodízio nas paredes.

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