Boa Viagem
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Por Cláudia Meneses — Porto

Não bastassem a paisagem da área do Douro, considerada uma das mais belas regiões vinícolas do mundo, e vinhos que fazem sucesso literalmente há séculos, funciona agora a pleno vapor um complexo cultural no Norte de Portugal capaz de agradar visitantes de qualquer idade. Aberto em julho de 2020, o World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia, reúne sete museus, 12 restaurantes, um centro de exposições, lojas de marcas daquele país e uma escola de vinho. Passado o pior da pandemia, esse quarteirão cheio de atrações à margem do Rio Douro deixou no passado as tão necessárias restrições e está aberto com horários completos e sem limites no número de visitantes.

— O Grande Porto não tinha grandes museus. E nós construímos isso em uma escala grande, com investimento de 109 milhões de euros. O WOW funciona como um catalizador desta zona inteira, que angaria mais investimentos, mais galerias e dá vida ao centro da cidade. Nosso plano de negócios é de ter 85% de visitantes estrangeiros. O desafio é que cada um que venha aqui goste imenso – explica Andrew Bridge, CEO da Fladgate, gigante que reúne as consagradas marcas de vinhos premium Taylor’s, Fonseca e Croft.

Vista do complexo cultural World of Wine, ao lado do Rio Douro — Foto: Divulgação
Vista do complexo cultural World of Wine, ao lado do Rio Douro — Foto: Divulgação

E a cereja desse bolo tem nome: The Wine Experience, um mergulho interativo e apaixonante no mundo do vinho, repleto de informações e experiências que mobilizam todos os sentidos. O museu oferece uma viagem da uva à taça, passando por tudo o que é essencial, como a latitude – a faixa ideal de produção da bebida é apontada em um globo terrestre enorme –, clima, o ciclo das videiras, variedades de uvas, a vindima, modos de produção, garrafas, entre outros.

Ninguém mais terá dúvida do que é que a uva tem: um bago gigante mostra cada pedacinho dela. Já o que acontece com o vinhedo ao longo do ano é revelado em vídeo numa sala de exibição, que vale a pena ser visto até o fim. Uma divertida exposição de quadros representa cada varietal como uma pessoa, com personalidade própria. A uva italiana Nebbiolo, que dá origem ao apreciado Barolo, vira um cantor de ópera entoando uma ária outonal. A francesa Pinot Noir é caracterizada como o ator principal de um filme.

As áreas produtoras de vinho de Portugal são estrelas e apresentadas em cenários: Alentejo, Dão, Madeira e por aí vai. Do Douro, são mostrados solo com xisto, altitude dos vinhedos, uma videira de Touriga Nacional. E há ainda um Portugal cenográfico, mas incrivelmente realista, com casinhas das regiões e vídeos.

As características de diferentes regiões produtoras de vinho de Portugal são apresentadas — Foto: Divulgação
As características de diferentes regiões produtoras de vinho de Portugal são apresentadas — Foto: Divulgação

Para explorar os sentidos, drágeas com sabores e cheiros permitem entender por que o olfato e o paladar caminham juntos na degustação. E decânteres com aromas revelam notas presentes em rótulos que são provados no dia a dia: cítricas, de frutas tropicais ou herbáceas. Para finalizar, uma prova guiada em que se ensina o passo a passo de uma degustação. Os adultos vão de vinho e as crianças, de suco.

Só quero chocolate

Cacau ainda no pé é mostrado em cenário do The Chocolate Story — Foto: Divulgação
Cacau ainda no pé é mostrado em cenário do The Chocolate Story — Foto: Divulgação

Outro objeto de desejo mundial é o tema da The Chocolate Story, museu que desvenda o percurso que o cacau fez ao deixar a América, onde era sagrado para antigas civilizações, rumo à Europa e ao mercado global. Esse manjar dos deuses era servido líquido e quente para os maias; ou frio e espumoso para os astecas, transformando-se hoje em barra e bombons com leite e açúcar. São mapas, quadros, cenários, potes, ferramentas, moldes. Aprende-se que fica entre as latitudes 20N e 20S a única área geográfica que oferece as condições para que os cacaueiros produzam frutos da melhor qualidade.

Uma linha do tempo mostra o caminhar na história desse fluxo delicioso, com as pedras fundamentais, como a introdução do cacau na África, hoje o continente de maior produção, com 71%; a criação do primeiro tablete, em 1871; ou o aumento da distribuição após a primeira grande guerra, quando ele entrou no cardápio dos pobres. Telões exibem como é a colheita do cacau e ainda há uma seção que mostra TVs antigas com anúncios de chocolate do passado.

TVs antigas mostram comerciais de chocolates — Foto: Divulgação
TVs antigas mostram comerciais de chocolates — Foto: Divulgação

É também apresentado um panorama dos produtores e consumidores, das legislações sobre o produto — a Europa tem a mais rigorosa, exigindo um percentual de 35% de cacau para poder ser vendido como chocolate. Aqui no Brasil, bastam apenas 25%.

Para os adultos, a melhor parte da visita é a degustação do chocolate com vinhos do Porto. Aí entram amostras com concentrações de cacau e origens diferentes. A experiência é inesquecível para os chocólatras. Para os pequenos, a dica é a “fabricação” de um chocolate com os ingredientes escolhidos pelo freguês, que leva uns 15 minutos para ficar pronto. Uma lojinha complementa o passeio e deixa a sacola cheia de doces ou amargas lembrancinhas (dependendo do teor do cacau, claro). Está à venda uma linha própria de chocolate, feita em Vila Nova de Gaia, com matéria prima vinda dos países com o melhor terroir, como Madagascar.

Chocolates em exposição  no The Chocolate Story — Foto: Divulgação
Chocolates em exposição no The Chocolate Story — Foto: Divulgação

La vie en rose

A piscina de bolinhas é diversão no Pink Palace — Foto: Divulgação
A piscina de bolinhas é diversão no Pink Palace — Foto: Divulgação

Já o Pink Palace propõe jogar por terra os mitos sobre o vinho rosé e propor uma experiência divertida e instagramável, com cenários como piscina de bolinhas cor de rosa para mergulhar; uma garrafa gigante; jardim de pernas para o alto; ou um conversível rosa bebê. São mostrados os 140 tons do rosé, um vinho que cada vez mais conquista admiradores e é símbolo de lifestyle e glamour.

Na entrada, ganha-se uma pulseira com pinos que são retirados por funcionários em pitstops onde são servidos rótulos cinco rosés: um francês e quatro portugueses (o Quinta do Vale do Bragão Rosé, o AIX Gran Vin de Provence Rosé, o Mateus Rosé, o Vértice Rosé Bruto e o Croft Pink Rosé Port).

O carro conversível rosa bebê no Pink Palace — Foto: Divulgação
O carro conversível rosa bebê no Pink Palace — Foto: Divulgação

Ao percorrer 11 salas, pode-se descobrir que os rosés são elaborados com uvas tintas de diferentes regiões e climas em vários países e são mostrados os métodos de produção. E fica claro que esse estilo de vinho não é modinha: já era fabricado em Egito, Grécia e Roma da Antiguidade.

De olho na taça

Além do conteúdo, a forma em que a bebida é servida ao longo da história resultou em outro museu. The Bridge Colection revela dois mil copos e recipientes, o mais antigo de 7000 antes de Cristo. Trata-se da coleção de propriedade do próprio Adrian Bridge, CEO do WOW. Os itens expostos atravessam épocas e civilizações, com explicações sobre festas e rituais em que eram usados. Entre as curiosidades, taças feitas de vidro de urânio, que é radioativo. O material era usado no início do século XIX por vidreiros da Boêmia como método de coloração.

Taças feitas com vidro de urânio em exposição na The Bridge Collection — Foto: Divulgação
Taças feitas com vidro de urânio em exposição na The Bridge Collection — Foto: Divulgação

A inusitada seção dos copos antiveneno contém recipientes de jade, cristal, chifre de rinoceronte e de casca de coco. Há ainda uma caneca de marfim que foi esculpida com a reprodução de um quadro do pintor Benjamin West, que mostra o regresso à Inglaterra, em 1660, do rei Charles II e seus irmãos. Vale ver o “copo passante”, que se destacava em jogos de bebida na Alemanha no século XVI. Ele tem marcações que apontavam até onde a pessoa tinha que beber. Quem passasse do ponto tinha a punição de beber até o seguinte.

Um sobreiro no Planet Cork: o mundo da cortiça — Foto: Divulgação
Um sobreiro no Planet Cork: o mundo da cortiça — Foto: Divulgação

Ainda no universo do vinho, o Planet Cork é o museu que tem como estrela a cortiça, usada tradicionalmente como rolha para fechar as garrafas da bebida ou de forma inovadora na indústria aeroespacial. Portugal responde por mais de 50% da produção global do material. Uma réplica de um sobreiro e os efeitos especiais de um grande filme de Hollywood são atrações.

No Porto Fashion & Fabric Museum, todos os passos da criação da roupa são exibidos — Foto: Divulgação
No Porto Fashion & Fabric Museum, todos os passos da criação da roupa são exibidos — Foto: Divulgação

O Porto Fashion & Fabric Museum funciona em um edifício histórico do século XVIII, que mantém uma capela do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, considerado um dos mais importantes do Porto, que teve seus afrescos restaurados. São duas coleções: uma sobre a industria têxtil em Portugal, com todos os passos da criação da roupa, do processamento da matéria-prima para obtenção do fio até a confecção da peça, passando por tecelagem, acabamentos e confecção. Outra aborda a moda naquele país dos anos 1980 até hoje.

Porto Region Across the Ages: volta ao passado para entender a cidade hoje — Foto: Divulgação
Porto Region Across the Ages: volta ao passado para entender a cidade hoje — Foto: Divulgação

Feito para quem quer saber onde pisa naquela região portuguesa, o Porto Region Across the Ages é quase uma máquina do tempo, mostrando a vida na cidade, a arquitetura e a cultura e o patrimônio ao longo dos séculos, com destaque para marcos históricos como as invasões francesas e a revolução industrial.

Exposições internacionais

Vista da exposição do fotógrafo americano Neal Slavin na galeria WOW — Foto: Divulgação
Vista da exposição do fotógrafo americano Neal Slavin na galeria WOW — Foto: Divulgação

Além dos museus, das lojas de marcas portuguesas e da Escola de Vinho, vale a visita à galeria WOW, com 400 metros quadrados, que abriga atualmente a exposição “Portugal/ Saudade”, do fotógrafo americano Neal Slavin. A mostra reúne 100 fotografias, 50 delas tiradas em 1968, durante o regime do ditador António de Oliveira Salazar, e a outra metade entre 2016 e 2019.

Entre os restaurantes do quarteirão cultural, destaque para o Mira Mira, de cozinha contemporânea, que fica no edifício do Porto Fashion & Fabric Museum. Ele abriga uma passarela no salão e tem um terraço perfeito para se sentar para comer e admirar a vista espetacular do Rio Douro. No cardápio, ostras ou gyosas de legumes de entrada; pratos japoneses, em porções de oito unidades, como uramaki de atum; principais como o Mira Mira bao (barriga de porco a baixa temperatura, molho de soja, gengibre, cebolinha e gergelim). Para acompanhar, o drinque pink, que leva o Porto Rosé Croft Pink e Aperol.

* Cláudia Meneses viajou a convite da importadora World Wine e da vinícola Fonseca

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