Localizada nos arredores de Gênova, Portofino é um desses lugares da Itália que parecem ter sido construídos para servir como cartão-postal. As construções antigas e charmosas, de cores pastel, debruçadas sobre o mar muito azul da Ligúria, formam um cenário irresistível para fotos e selfies. Mas, agora, quem perder muito tempo parado em busca do clique perfeito corre o risco de ser multado.
Segundo uma nova determinação da prefeitura de Portofino, pessoas que pararem por um período prolongado de tempo em dois pontos específicos da cidade - justamente os melhores ângulos para fotos - poderão ser multados em até 275 euros, o equivalente a pouco menos de R$ 1.500.
Essas áreas, agora classificadas como zonas vermelhas, costumam sofrer com a superlotação de pessoas e o trânsito pesado de veículos de visitantes, de carros de passeio a ônibus de excursão, que acabam formando grandes engarrafamentos. Um transtorno e tanto para a população local, que não chega a 600 pessoas.
A punição foi determinada pelo prefeito Matteo Viacava. Ao jornal inglês "The Times", o mandatário afirmou que o "caos anárquico" criado por visitantes que param para tirar fotos resultou em enormes engarrafamentos e ruas bloqueadas.
"O objetivo não é tornar o local mais exclusivo, mas permitir que todos possam desfrutar da nossa beleza. Queremos evitar situações perigosas causadas pela sobrelotação", disse o prefeito ao jornal, lembrando que a multidão de turistas impede o acesso de serviços de emergência nessas áreas.
A medida começou a valer na Semana Santa, com o lugar já lotado de turistas. E ela continuará até o final da alta temporada, que abrange os meses mais quentes, até 15 de outubro. A restrição de vale das 8h às 18h, todos os dias.
Outros casos de punição
Portofino não está sozinha na lista de cidades italianas que precisaram recorrer a multas e taxas para tentar controlar o fluxo de turistas. Em julho de 2022, outro destino praiano, desta vez na Costa Amalfitana, no sul do país, Sorrento surpreendeu seus visitantes com a notícia de que passaria a multar pessoas que circulassem, fora da areia, com a parte de cima do tronco descoberta.
Pelo novo código de conduta da cidade, pessoas que caminham apenas em roupas de banho ou sem camisa fora das áreas balneáveis poderiam levar uma multa de até 500 euros, ou seja, cerca de R$ 2,7 mil. À época, o prefeito Massimo Coppola justificou a punição do "comportamento indecoroso" de muitos turistas, que estaria causando "desconforto" entre os moradores. O curioso é que, nas áreas de banho de mar e piscinas, até o topless continua liberado.
Em 2013, as autoridades de Lipari, na maior das Ilhas Eólias, na Sicília, implementaram uma proibição similar, depois de um tumulto causado por moradores revoltados com pessoas caminhando com pouca roupa no centro da cidade. Em 2019 foi a vez de Tropea, um popular balneário na Calábria, banir o uso trajes de banho longe das praias. A cidade, aliás, proibiu até caminhar descalço fora da areia.
Mesmo em Veneza, que até hoje tenta implementar uma taxa de entrada de visitantes diários, moradores e turistas também precisam se adequar a algumas normas de conduta. Usar roupas de banho ou andar sem camisa pela cidade é passível de multa, assim como comer e beber sentado no chão, tomar banho nas águas da lagoa, andar de bicicleta em determinadas áreas e até alimentar as aves.
Roma também já precisou endurecer as leis para conter abusos de visitantes. Em 2019, a administração local reformou o código de conduta da capital italiana, que passou a proibir coisas como sentar na escadaria da escadaria da Piazza di Spagna, arrastar malas com rodinhas pelos degraus históricos, passar sem camisa, encostar a boca nas fontes públicas de água e, claro, tomar banho em fontes. A nova legislação previa multas entre 100 e 400 euros.