Destino bastante popular entre brasileiros que visitam Portugal, o hotel da Quinta da Pacheca recebeu recentemente do Turismo do Porto e Norte a classificação cinco estrelas. Para celebrar, a bicentenária empresa produtora de vinho de Lamego criou uma experiência que pretende valorizar o maior luxo da região: a vida simples à beira do Rio Douro.
Sócia do grupo que detém a Pacheca, Maria do Céu Gonçalves nasceu na pequena Boticas, em Trás-Os-Montes. Seguiu a tradição de uma das regiões com mais emigrantes em Portugal e se mudou com a família, ainda criança, para a França. Voltar nas férias à terra natal significava resgatar a sua origem. Como faz agora boa parte dos hóspedes brasileiros.
— Quero que se sintam como se estivessem na casa da avó, como acontecia quando eu vinha da França. A sopa servida por ela era o melhor cinco estrelas. Vinha da horta para o prato — lembrou Maria do Céu.
Veja imagens da Quinta da Pacheca, hotel e produtora de vinhos no Norte de Portugal
![Vinhedos da Quinta da Pacheca, popular atração entre viajantes brasileiros na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/RTJp9BB-V0KwZSsHrmPRzxkEp-U=/0x0:6000x4000/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/t/C0Si5mRl2ci7SApcaWIw/sc-2119.jpg)
![Vinhedos da Quinta da Pacheca, popular atração entre viajantes brasileiros na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/_2eJUTRfcJXhcvxkZy9pAhLE9oA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/t/C0Si5mRl2ci7SApcaWIw/sc-2119.jpg)
Vinhedos da Quinta da Pacheca, popular atração entre viajantes brasileiros na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
![O trem que passa nos arredores da Quinta da Pacheca, em Lamego, no Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/LdhuPrrHhEujerY33_fILgBmt4c=/0x0:4000x6000/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/j/F/3nv8oeQBOO2XRgY7K6tg/sc-1958.jpg)
![O trem que passa nos arredores da Quinta da Pacheca, em Lamego, no Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/8XU0E5oolFBV4y_gzex-KuNkoDE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/j/F/3nv8oeQBOO2XRgY7K6tg/sc-1958.jpg)
O trem que passa nos arredores da Quinta da Pacheca, em Lamego, no Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
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![Vinhas da Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/-XDNn4MvfhaJTHFSEuzPfsr8gGM=/0x0:6000x4000/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/T/R/TUcc4KQRa1E302UTg5hQ/sc-1846.jpg)
![Vinhas da Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/oIuIKPuKJucUa7xl2fgQvn4KQLw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/T/R/TUcc4KQRa1E302UTg5hQ/sc-1846.jpg)
Vinhas da Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
![Os quartos em forma de barrica de vinho são grandes atrações da Quinta da Pacheca, em Lamego, no Norte de Portugal — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/WJRPxw774ikc_73YEmTB6hgkJSI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/K/e/8ApbVdTl6iqUy4FwHPmw/mg-0414.jpg)
Os quartos em forma de barrica de vinho são grandes atrações da Quinta da Pacheca, em Lamego, no Norte de Portugal — Foto: Divulgação
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![No almoço da Quinta da Pacheca, servido ao ar livre, os pratos são feitos com ingredientes locais e receitas tradicionais do Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/_Ydv_Xt2PMMSIWMGyb-HpXYdxbs=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/R/t/2nPjkCQtAsnFcbwNbT3w/sc-1983.jpg)
No almoço da Quinta da Pacheca, servido ao ar livre, os pratos são feitos com ingredientes locais e receitas tradicionais do Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
![Vinhos do almoço ao ar livre da Quinta da Pacheca, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/_1GWEr5pQdkPGoCAd05iSCaGDYE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/G/a/nD7LOZQUSnD7zzISbX0Q/sc-1883.jpg)
Vinhos do almoço ao ar livre da Quinta da Pacheca, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
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![No almoço oferecido na Quinta da Pacheca, a estrela é a comida de pote, técnica típica do Norte de Portugal em panelas de ferro vão direto na fogueira — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/7NoTWhkIbE2Mdrf2_UkonjhhkYo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/2/G/RN32hHSpSlEcxgIRSOcQ/pacheca-flamour-experience74.jpg)
No almoço oferecido na Quinta da Pacheca, a estrela é a comida de pote, técnica típica do Norte de Portugal em panelas de ferro vão direto na fogueira — Foto: Divulgação
![Experiência de 'blending' de vinhos do Porto de diversas safras na Quinta da Pacheca, em Lamego — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/6yEvWWlqIk1fLKMx94Qs1wYfMpg=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/h/j/bcxqveSQaxZkQGekP74w/sc-2110.jpg)
Experiência de 'blending' de vinhos do Porto de diversas safras na Quinta da Pacheca, em Lamego — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
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![Experiência de 'blending' de vinhos do Porto de diversas safras na Quinta da Pacheca, em Lamego — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/a4UGfWwWIo55qawWZUxLDzvUxQE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/A/Q/3YblvcTDuJS7747FdM0A/sc-2353-copia.jpg)
Experiência de 'blending' de vinhos do Porto de diversas safras na Quinta da Pacheca, em Lamego — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
![Harmonização especial na Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/SyQj8fg974dj5-64xyKUVO4MD9w=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/8/c/GywbyBSgi0kLBzDQr55A/sc-2333-copia.jpg)
Harmonização especial na Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa
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A valorização da terra é a base do programa de enoturismo Pacheca Flamour Experience. Apesar de combinar duas palavras em inglês (flavour e glamour) para tornar a ideia mais global, a força local se impõe.
A junção também sinaliza o movimento em direção ao mercado norte-americano, que só fica atrás do brasileiro. Em janeiro de 2022, 70% da ocupação foi de hóspedes do Brasil, um recorde no hotel de 50 quartos. Ao longo de doto o ano de 2023, 40% dos hóspedes foram brasileiros e 30% dos EUA.
Os brasileiros também lideram o número de pernoites nas dez barricas de vinho gigantes da parte alta da quinta. Segundo a diretora adjunta Sandra Dias, 50% das suítes com arquitetura inovadora e compacta têm sido ocupadas pelos hóspedes do Brasil.
— (As brasileiras) chegam cheias de malas, mas querem dormir nas barricas. E dão jeito, adoram fazer muitas fotos — contou Sandra.
Da horta ao prato
![O passeio de jipe pelas vinhas até o Pacheca Nature, área revitalizada da Quinta da Pacheca, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/vultOntkQnEZHaTfMQKcOqVbj8Y=/0x0:5751x3834/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/E/i/uiXKlRTw6fUJCEQpp7xA/sc-1832.jpg)
A visita começa percorrendo de jipe as vinhas até o Pacheca Nature, projeto que reabilitou a zona ribeirinha da propriedade, pretende atualizar a tradição da horta para o prato e resgatar o interesse na identificação e conservação de plantas do campo. Em meio às ruínas de uma cozinha de fogo à beira do Douro, facilita a aproximação do visitante com o rio e com o conceito de sustentabilidade. A ideia é fazer parte do programa Biosfera, da ONU, que promove o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
— É na imersão na natureza e na interação com o agricultor que as pessoas têm mais interesse. Querem conhecer a mão de obra local e 95% da nossa equipe são profissionais da região. Tentamos reter talentos e minimizar o impacto do êxodo, da fuga para o litoral — explicou o diretor de marketing, Ricardo Santos.
O almoço ao ar livre é preparado em uma fogueira pelo chef Carlos Pires, também natural de Trás-Os-Montes, mais especificamente da aldeia de Samil. Ele conta que usa receitas tradicionais de comidas de pote, cozidas em panelas de ferro diretamente no fogo, algo comum nas aldeias durante a ceia (ou consoada, como também é chamada por lá) portuguesa na véspera do Natal.
![No almoço da Quinta da Pacheca, servido ao ar livre, os pratos são feitos com ingredientes locais e receitas tradicionais do Norte de Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/QXcBEjgBkH_1EbMUInt5OsK6drQ=/0x0:6000x4000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/R/t/2nPjkCQtAsnFcbwNbT3w/sc-1983.jpg)
O consenso é que o cardápio simples, harmonizado com o Reserva Branco 2022 e o Reserva Vinhas Velhas 2021, é uma redescoberta óbvia do que estava esquecido e só pode ser apreciado sem pressa, ao ritmo do trem que se arrasta ao longe pelos contornos do Vale do Douro e se integra à paisagem dos socalcos, os tradicionais terraços para cultivo das parreiras nas encostas das colinas. Entre enchidos, espetos de porco e polvo e milhos cremosos com carne em vinha de alho, o caldo de cebola honra a sopa cinco estrelas da casa da avó.
A tarde é reservada às atividades diretamente ligadas ao vinho. A primeira delas é o “wine blending” com a enóloga Maria Serpa Pimentel, referência na área e descendente da família Serpa Pimentel, que comprou a quinta no início do Século XX e vendeu, mais recentemente, ao grupo Terras e Terroir.
Ela tenta ensinar como chegar a um vinho do Porto 30 anos fazendo a mistura com as demais safras, explicando como as tonalidades representam as idades da bebida e como poupar para não desperdiçar a produção. Com edições de 1950 a 2015, os entusiastas e alguns mais entendidos fazem alquimia em uma proveta e aprendem o quanto é difícil chegar a um resultado palatável.
— É importante as pessoas entenderem o que é o vinho do Porto e como isso não aparece do nada — afirma.
Fazendo arte
![Harmonização especial na Quinta da Pacheca, em Lamego, na região do Rio Douro, em Portugal — Foto: Divulgação / Pedro Sarmento Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/rXRR-b3ZLqMV5Xmb_o0hXo0edow=/0x0:6000x4000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/8/c/GywbyBSgi0kLBzDQr55A/sc-2333-copia.jpg)
Na próxima etapa do programa, o artista residente Oscar Rodríguez mostra como desenhar à mão livre, usando temas ligados à Pacheca e ao Douro. No lugar da paleta de cores, taças de vinho, onde os pincéis são mergulhados. O resultado final é uma grande surpresa para todos.
Depois de uma pausa para o chá com infusões da Pacheca Nature e tratamento no spa, o jantar é servido na garrafeira particular dos donos da quinta. São cinco pratos harmonizados com cinco vinhos em homenagem às cinco estrelas, que foram recebidas em 2022, mas só foram divulgadas agora.
— Até agora, fizemos treinamento da equipe e ajustes, além da abertura do segundo restaurante, o Alambique, de comida compartilhada, que funciona na antiga sala de tratores — disse Álvaro Lopes, marido de Maria do Céu e também sócio.
O casal é dono de 50%. A outra metade é de Paulo Pereira, que instigou Maria Serpa Pimentel a fazer o melhor vinho do mundo, um desafio em andamento.
Antes de ir para cama na barrica, a programação da noite termina com uma sessão de cinema na adega. Em exibição, “Our story in every bottle”, filme premiado Zagreb Tourfilm Festival, em 2023, e produzido pela Pacheca, que mostra o cotidiano da quinta. No geral, é uma experiência cinematográfica que custa € 600 (R$ 3,2 mil) por pessoa, sem hospedagem.