Boa Viagem
PUBLICIDADE

Por La Nacion — Palma

Cenário de glamour misturado com as mais requintadas artes, alta sociedade e cultura da Belle Époque, um complexo de uma região paradisíaca da Espanha está prestes a voltar à cena da hotelaria de luxo. O fundo de Andorra Emin Capital e a rede canadense de hotelaria Four Seasons planejam a (re)inauguração do estabelecimento — que serviu durante décadas como refúgio de políticos e celebridades — já para o próximo verão europeu, ao fim de uma reforma completa.

O hotel Formentor abriu as portas pela primeira vez em 24 de agosto de 1929. Na ocasião, os hóspedes chegaram de barco, porque a estrada só seria concluída seis meses depois. Magnatas, estrelas de Hollywood e líderes mundiais juntaram-se a poetas, músicos e vencedores do Nobel na lista de ilustres hóspedes. Jornadas de filosofia, literatura e poesia fizeram de Formentor uma ágora das artes.

O primeiro-ministro britânico Winston Churchill costumava alugar um quarto, sempre igual, para relaxar do trabalho enquanto escrevia ou pintava suas aquarelas com um charuto na mão. Da família real de Mônaco, Grace Kelly e o Príncipe Rainier III passaram no hotel parte de sua lua-de-mel, assim como o então príncipe de Gales, Edward, e Wallis Simpson. O estadista da União Soviética Mikhail Gorbachev, recém-viúvo, também passou por Formentor, como fizera Dalai Lama (o líder espiritual não usou a cama e dormiu no chão, acompanhado por dois monges budistas, sentados à porta, noite e dia).

Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina, se hospedou com seis homens armados que garantiam a sua segurança. Nesta visita, ele percorreu os jardins com Shimon Peres, então primeiro-ministro israelense, Shimon Peres. Outros nomes de destaque no rol de clientes do Formentor são Charles Chaplin, que foi várias vezes com sua mulher, Oona, nos anos 1950, e as atrizes Cláudia Cardinale e Audrey Hepburn. Foi no hotel que o argentino Jorge Luis Borges recebeu, com Samuel Beckett, o Prix International des Editeurs, em 1961.

Projeto do 'novo' hotel Formentor, ícone na Espanha — Foto: Emin Capital
Projeto do 'novo' hotel Formentor, ícone na Espanha — Foto: Emin Capital

Apesar da excelência do serviço e da campanha publicitária que o promovia, as despesas foram superiores às receitas, e a crise de 1929 foi sentida em todo o mundo. O hotel passou por diferentes mãos até 1953, quando ganhou sobrevida com eventos de artes. Em 2006, foi vendido novamente — em meio ao boom do turismo de massa, o Grupo Barceló fez uma reforma para acrescentar quartos. No entanto, em 2020, o fundo Emin Capital o assumiu, por 165 milhões de euros.

Reforma de R$ 377 milhões

O Formentor está situado no meio de 1.200 hectares de floresta mediterrânica, numa região consagrada pela Unesco como patrimônio mundial desde 2011. Fica na península que leva o seu nome, a 70 quilômetros da cidade de Palma. Dentro de alguns meses, provavelmente em junho, no auge da temporada turística da Europa, o hotel reabrirá portas como Four Seasons Mallorca Formentor.

Liderado pelo CEO Jordi Badia Llorens e fundado em 2007, o Emin Capital se dedica a investimentos ligados à hotelaria premium, como neste caso, colocando uma forte ênfase na "sustentabilidade e na proteção do ambiente".

A renovação, com projeto do Estúdio Lamela, um dos mais importantes de Espanha (construiu o Terminal 4 do Aeroporto de Barajas), representou um investimento de 70 milhões de euros (R$ 377 milhões, na cotação atual). Segundo documentos, "a obra mantém a linha branca da fachada do edifício, que contrasta com o azul do mar, e reduz o número de quartos e suítes, todos com vista mar, de 123 para 110 para dar mais visibilidade, detalhes de luxo e também sustentabilidade".

Embora num primeiro momento tenha sido planejada uma remodelação abrangente com demolição interior, os responsáveis ​​pela obra argumentaram que o edifício apresentava problemas estruturais e, por isso, teve de ser praticamente refeito, "do zero". As fotos que mostram os escombros provocaram muitas críticas.

— Às vezes, para que as coisas durem, têm de desaparecer temporariamente. As paredes e pisos originais estavam muito deteriorados e a construção era tão precária que era impossível cumprir o código técnico. Tudo será construído exatamente [igual], adaptando-se aos parâmetros atuais. Buscamos excelência absoluta em todos os lugares. Ninguém pode pensar que uma rede como a Four Seasons fará algo que comprometa o patrimônio e a paisagem — rebateu o arquiteto Carlos Lamela.

O design de interiores é da autoria do estúdio parisiense Gilles & Boissier. Haverá gastronomia de elite em quatro restaurantes, spa, clube infantil, salas de eventos e reuniões. O projeto assegura que haverá uma poupança de energia de 42% e certifica a utilização de materiais e práticas sustentáveis ​​em toda a construção do edifício, adequação do terreno onde está inserido e eficiência no uso de água e energia.

Essas práticas incluem "restauração de vegetação nativa e plantio e redução do consumo de água por meio do aproveitamento de águas pluviais, além de sistemas de recuperação de calor, energia proveniente de painéis solares e gestão de resíduos alimentares". O projeto inclui, ainda, o desenvolvimento agrícola e florestal com vinhedos e pomares. Os vinhos serão servidos nos restaurantes do hotel.

Mais recente Próxima Peru reabre Caminho Inca para Machu Picchu após manutenção
Mais do Globo

Quais são as marcas e as técnicas que procuram diminuir o impacto negativo sobre o meio ambiente da roupa mais democrática do planeta

Conheça alternativas para tornar a produção do jeans mais sustentável

Fotógrafos relatam como foi o processo de concepção das imagens em cartaz na Casa Firjan, em Botafogo

Lavadeira, barbeiro, calceteiro: exposição de fotos em Botafogo enfoca profissões em extinção

‘Queremos criar o museu do theatro’ revela Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal

Theatro Municipal pode ganhar museu para expor parte do seu acervo de 70 mil itens

A treinadora da seleção feminina brasileira usou da psicologia e de toda sua experiência para deixar a estreante o mais tranquila possível

Entenda estratégia da técnica Sarah Menezes para Bia Souza vencer  Olimpíada em Paris

Ainda há chances de medalha: se passar da Sérvia, irá disputar o bronze

Olimpíadas de Paris: equipe brasileira do judô perde nas quartas de final e vai à repescagem