Boa Viagem
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Por — Rio de Janeiro

Num mundo cada vez mais conectado, uma nova geração de aventureiros cresce e desafia os limites convencionais de trabalho e estilo de vida. Os chamados nômades digitais redefinem constantemente o significado de liberdade, combinando trabalho remoto e influência nas redes sociais. Nesta reportagem, alguns deles contam como é possível sustentar seus trajetos pelo planeta gastando pouco, com soluções que vão de trabalhos voluntários incluindo moradia até perfil na plataforma de conteúdo adulto OnlyFans.

Com um total estimado de 35 milhões de nômades digitais pelo mundo, de acordo com estudo publicado pela empresa de serviços de imigração Fragomen, e previsão de chegar a um bilhão até 2035, esses viajantes criam um estilo de vida singular. Alguns países até disponibilizam vistos para nômades digitais, que permitem mais tempo de permanência e possibilidade de trabalho remoto. Portugal, Argentina, Croácia, Grécia, Bahamas, Alemanha, Costa Rica, Indonésia, Espanha, Colômbia, França, Itália, Austrália e Turquia são alguns da lista.

Muitas pessoas que decidem sair do Brasil em busca de novas experiências trabalham no mercado financeiro ou já têm uma boa renda. Isso permite que esses viajantes possam deixar tudo para viver de uma maneira que não é tão acessível à maioria das pessoas. No entanto, uma tendência crescente nos últimos tempos são os viajantes que afirmam que, mesmo com o orçamento limitado, é possível encontrar maneiras criativas de sustentar suas aventuras pelo mundo.

Anninha e Tommasi

Casal de advogados com empregos consolidados, Anna Karenina, a Anninha, 29 anos, e Lucas Tommasi, 28 anos, perceberam que a vida era mais do que o ambiente corporativo.

Era para ser só uma breve experiência, mas o gosto pelas viagens tomou conta dos dois, que até hoje já viveram em países como Austrália, Portugal, Espanha, Itália, Tailândia, Indonésia, Vietnã, Camboja, Filipinas e Índia.

— Inicialmente, planejamos um ano sabático, mas logo percebemos que não queríamos parar — conta Anninha.

O casal conseguiu um visto de trabalho remoto na Austrália e tem o objetivo de ficar por lá até juntar dinheiro para continuar colecionando histórias em outras nações.

Mas nem tudo são flores. Durante a jornada pelo Sudeste da Ásia e pela Índia, a dupla enfrentou diversos desafios, desde questões burocráticas com vistos (chegaram a ficar até 13 dias “ilegais”) até dificuldades em encontrar hospedagem devido às restrições locais.

— Experimentamos sintomas graves de altitude após uma jornada desafiadora em regiões montanhosas, o que nos levou a buscar ajuda médica e repensar nossas estratégias de viagem — acrescenta Tommasi.

Eles também se depararam com diferenças culturais intensas, que incluem desde o caos do trânsito na Tailândia e comidas (picantes demais) até os rituais funerários ao longo do Rio Ganges na Índia, com direito a corpos boiando.

Kezia Silveira

Nascida em Goiânia, Kezia Silveira, de 35 anos, descobriu desde cedo sua paixão por explorar o mundo. Sentindo-se inquieta com a vida que levava no Brasil, ela encontrou nas viagens uma forma de realização pessoal e profissional, compartilhando essa jornada nas redes sociais.

Motivada a seguir o sonho de viajar pelo mundo, Kezia abandonou uma carreira estável de 12 anos no Corpo de Bombeiros. Rodando vários países (já são 98 no total) com recursos limitados, ela encontrou maneiras criativas de se financiar. Fez parceria com uma agência de viagens e até criou sua própria empresa de expedições.

— Desde os 20 anos, priorizo viajar. É a maneira mais lúdica que temos de desconstruir quem pensamos ser — diz.

A nômade destaca Fernando de Noronha como um dos melhores lugares onde viveu, descrevendo como um local com um forte senso de humanidade. Além disso, passou temporadas em países como Espanha, Índia, Tailândia e Austrália.

As experiências na estrada, que incluem 40 dias de trabalho voluntário construindo salas de aula no Quênia, fizeram dela uma pessoa mais desapegada e minimalista:

— Tudo de que precisamos está dentro de nós, e sempre há um voo de qualquer lugar.

Arthur Yago

Nascido em Guarulhos e criado em Hortolândia (SP), o ator e escritor Arthur Yago, de 31 anos, encontrou na arte não apenas uma vocação, mas também uma porta para explorar o mundo. Em 2020, perdeu o emprego, o namoro e seus avós e, no ano seguinte, foi para o exterior.

Ele conta que, para financiar suas viagens, se vira de várias maneiras, como vender suas fotos sensuais na plataforma de conteúdo adulto OnlyFans. Ele também faz publicidade em suas redes sociais, trabalhos temporários nos países visitados, venda de livros e consultoria de viagens.

— Encontrei maneiras criativas e diferentes de financiamento, e isso tem sido fundamental para minha liberdade de explorar as experiências — disse Arthur.

Por meio desses trabalhos, ele conseguiu realizar seu maior sonho, que era conhecer o Japão. Arthur fica em hostels ou na casa de amigos que faz durante seus percursos pelo mundo. No entanto, ele lembra que ser gay representa um grande desafio em alguns países. Na Armênia, ele conta, foi perseguido nas ruas; na Turquia, ficou trancado dentro de um quarto após se relacionar com um turco; e, na Tailândia, foi assediado por um rapaz em uma festa. Esses relatos evidenciam que os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQ+ não são exclusivos do Brasil, mas são uma realidade também em outros países ao redor do mundo.

Marina Guaragna

Marina Guaragna, de 29 anos, economista de Porto Alegre, se viu interessada em desbravar o mundo quando ainda estava no mestrado. Em 2020, ela se desfez de sua casa no Rio Grande do Sul, onde estava confortável, colocou uma mochila nas costas e, com passaporte na mão, partiu, ao lado do noivo Will, também um nômade, para viver novas experiências.

Primeiro, eles traçaram os países que gostariam muito de conhecer, sempre pensando em lugares, passagens e comidas baratas. Esses métodos levaram Marina a perder as contas de quantos países já visitou, inclusive passando períodos de até três meses em lugares como México, Tailândia e Índia. Neste último, ela sentiu as maiores diferenças culturais.

— Tudo é diferente, principalmente os costumes. É um outro mundo. Mas eu gostei tanto, que pretendo voltar ainda este ano ou no próximo. Lá é ame ou odeie — afirma.

Além de usar as economias guardadas na “vida anterior”, Marina conta que arca com todos os custos das viagens trabalhando on-line e fazendo publicidade para o Instagram com seus vídeos:

— Minha jornada vai além do simples turismo. Mostro não apenas os destinos exóticos, mas também os bastidores de minhas aventuras — explica.

Vivendo como nômade, Marina conta que sua forma de enxergar o mundo mudou completamente a partir das experiências que teve. Para viajar pelo mundo, ela destaca que "é necessário estar preparado para os desafios, manter a mente aberta e aproveitar ao máximo cada experiência”.

Victor Salmoria

O administrador de empresas Victor Matheus Salmoria, de 33 anos, natural de Francisco Beltrão (PR), fez um intercâmbio no México aos 15 anos. Essa experiência despertou nele uma grande vontade de conhecer diferentes culturas.

Seu método para viajar e economizar é encontrar acomodação em aplicativos, como Couchsurfing, que conecta viajantes a pessoas dispostas a oferecer hospedagem em suas casas. Além disso, também estabelece contatos por meio de redes sociais e encontros aleatórios durante suas jornadas.

— Já fiquei na casa de umas 30 pessoas diferentes — conta Victor.

Durante as viagens, ele enfrentou desafios como um acidente de moto nas Ilhas Cook, na Nova Zelândia. O maior choque cultural ocorreu em Bangladesh, onde observou grandes diferenças na comparação com o Brasil, especialmente em relação à higiene e ao comportamento no trânsito.

— Bangladesh é muito, mas muito diferente da gente — enfatiza o viajante, que destaca a Indonésia como um lugar que o surpreendeu pela beleza natural e hospitalidade do povo. — É um país lindo, religioso, de pessoas boas e extremamente cultas, com uma comida deliciosa.

Thiago Silva

Nascido no interior do Paraná, Thiago Silva, de 24 anos, após concluir a faculdade de publicidade, embarcou numa aventura rumo a Portugal, onde fez um intercâmbio que mudou sua perspectiva de vida. Ao chegar em terras portuguesas, o jovem se viu completamente cativado pelo país e decidiu fazer dele sua base para visitar outros lugares pela Europa.

Começou a explorar não apenas o território lusitano, mas todo o continente, sempre aproveitando os trabalhos que consegue pela internet como freelancer. Vindo de uma família de origem humilde, sua curiosidade o fez mergulhar nas culturas e tradições de diversas nações. Thiago já esteve em 15 estados brasileiros e conheceu mais de 27 países. Budapeste e Paris estão entre suas maiores paixões.

Sua jornada não se restringe aos destinos turísticos populares. Thiago também busca experiências autênticas, como visitar a "Hollywood africana", que fica em Ouarzazate, no Marrocos, e os estúdios de cinema de Nazaré, em Portugal. Ele conta que, em alguns lugares que visita, se depara com cenas que lembram filmes que marcaram sua infância.

Suas viagens também o levaram a encontros com a dura realidade de algumas regiões, como a pobreza no Marrocos, que fez o influenciador refletir sobre o valor da vida e das oportunidades que muitas vezes são desperdiçadas. Ao planejar suas viagens, Thiago prioriza a flexibilidade, além de buscar conexões entre países e explorar culturas de forma econômica.

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