Boa Viagem
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Por , Em The New York Times

Quem já visitou Paris no fim de julho e durante agosto conhece bem a palavra "fermé", exibida nas vitrines apagadas de butiques independentes chiques e bistrôs aconchegantes, cujos donos, assim como parte dos moradores, saíram da cidade para as tradicionais férias anuais.

Neste verão, porém, com a cidade na expectativa de receber quase 15 milhões de visitantes entre 26 de julho e 8 de setembro para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, o ritual deve mudar, com muitos lojistas, padeiros, restaurateurs e guias de turismo — citando o patriotismo e também os lucros — já anunciando que pretendem continuar trabalhando.

A decisão, porém, vem acompanhada de incerteza. Basta lembrar o que houve durante a Olimpíada de 2012 em Londres: às vésperas do início daquela edição, a possibilidade de ruas lotadas, congestionamentos e alta na criminalidade esvaziaram boa parte do centro e do West End, derrubando o turismo nessas áreas. Os pequenos comerciantes parisienses torcem para que a história não se repita.

Pierre Rabadan, vice-secretário municipal de Esportes, insiste em dizer que Paris se encontra em uma posição mais favorável que a metrópole britânica na época:

— Lá, a maioria dos eventos se concentrou em uma região só; aqui, vamos ocupar todo o perímetro. Por isso, quando os lojistas questionam se devem manter as portas abertas, dizemos que estamos tentando criar as condições para que o período seja uma boa oportunidade e para o funcionamento normal da cidade.

Com a restrição de trânsito em parte das ruas, estações de metrô fechadas e o restante do transporte público provavelmente lotado, "normalidade" pode ser exagero — mas, se você for a Paris para os Jogos, é muito provável que se depare com mais opções de restaurantes e compras do que normalmente encontraria nessa época em outros anos. Veja aqui o que esperar.

Preparativos e poucas mudanças

— Quem quiser fazer uma viagem tipo "Emily em Paris" este verão pode ficar tranquilo — disse Olivia Grégoire, ministra do Turismo.

A maioria das atrações estará aberta normalmente, embora alguns fechamentos possam alterar os planos: a Place de la Concorde, por exemplo, está interditada até para pedestres e ciclistas desde 1º de junho, e as três estações de metrô nas proximidades permanecerão fechadas até 21 de setembro.

Phryge, a mascote oficial dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, salta no pódio colocado diante da Torre Eiffel — Foto: Stephane de Sakutin / AFP
Phryge, a mascote oficial dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, salta no pódio colocado diante da Torre Eiffel — Foto: Stephane de Sakutin / AFP

A Torre Eiffel ficará aberta, com exceção apenas da véspera e do dia da cerimônia de abertura, ou seja, 25 e 26 de julho. O espaço aéreo municipal será fechado seis horas antes e assim permanecerá durante o evento — e, como a festa será no Rio Sena, os cruzeiros fluviais, uma das atrações turísticas mais populares da cidade, vão parar uma semana antes, retomados apenas em 27 de julho à tarde.

Os empresários dos setores turístico e cultural estão contando com a chegada dos turistas mais cedo, no início da estação, para compensar as perdas que possam vir durante a competição, depois de a agência oficial de turismo de Paris ter revelado que a participação nas atividades culturais caiu 15% em Londres durante a Olimpíada.

A Fat Tire Tours, uma das principais agências de turismo ciclístico, fará tours especiais na temática olímpica no início do verão, dedicando-se ao aluguel de bicicletas durante o evento para compensar a queda já esperada na procura pelos passeios.

Jane Bertch, uma das sócias da escola de gastronomia La Cuisine Paris, que oferece aulas em inglês perto da sede da Prefeitura, afirmou já ter percebido uma queda nas reservas para agosto, mas pretende fazer "tantas sessões quanto for possível".

À altura do desafio

Garçom do Les Deux Magots, um dos restaurantes mais tradicionais de Paris, fundado em 1884, e que estará aberto durante os Jogos Olímpicos de 2024 — Foto: Miguel Medina / AFP
Garçom do Les Deux Magots, um dos restaurantes mais tradicionais de Paris, fundado em 1884, e que estará aberto durante os Jogos Olímpicos de 2024 — Foto: Miguel Medina / AFP

O público olímpico chegará com fome e apetite pela famosa culinária local, mas durante vários meses os restaurateurs temeram que as restrições impostas à circulação de veículos motorizados nas zonas de segurança nas cercanias dos 25 locais de competição pudessem atrapalhar as entregas de mantimentos. As autoridades municipais, porém, procuraram acalmá-los.

— Não queremos restaurantes fechados durante um evento de tamanha importância por falta de suprimentos — Grégoire Ambroselli, um dos fundadores da startup de logística alimentícia Choco, durante uma conferência sobre o tema em março.

Agora, mais informados sobre as adaptações às mudanças, a maioria dos restaurantes e padarias já confirmou o funcionamento durante os Jogos, com apenas um senão: a interrupção dos serviços entre a cerimônia de encerramento, em 11 de agosto, e o início da Paraolimpíada, em 28 do mesmo mês.

O Maslow, restaurante vegetariano amplo na região central, de frente para o Sena, nem sonha em parar, dada a proximidade da muvuca olímpica, mas a decisão implica também certo desconforto.

— Estamos otimistas porque a energia será incrível, o que não significa que não estamos preocupados com as dificuldades que nossos funcionários vão enfrentar para chegar ao trabalho — confessou o chef e um dos sócios da casa, Mehdi Favri.

Aliás, o deslocamento do/para o trabalho é uma das principais preocupações dos lojistas e empresários, mas a verdade é que a população já enfrentou desafio semelhantes antes — como em 2019, quando os trens na França e o transporte público em Paris praticamente pararam durante dois meses por causa das greves em protesto contra a reforma da Previdência, forçando os trabalhadores a caminhar ou pedalar longas distâncias.

Para André Terrail, dono do La Tour d'Argent, restaurante com vista para o Sena e estrelado pelo "Guia Michelin", a Olimpíada não será um pesadelo para o ir e vir na cidade, mas ele admitiu que esse tipo de dificuldade é o preço que se paga pelo funcionamento na capital:

— Vai ser complicado, claro, todo mundo correndo para lá e para cá, mas também vai ser uma oportunidade incrível. Se as outras cidades sedes conseguiram dar um jeito, também conseguiremos.

Etheliya Hananova, sócia e sommelier do restaurante contemporâneo Comice, talvez seja uma das mais empolgadas com o verão que tem pela frente — a ponto de decidir abrir sete dias por semana durante três semanas, ou até dez de agosto.

— É um dos maiores eventos da história recente de Paris. Estamos aqui como parte do comitê de boas-vindas.

O vendedor de livros usados ('bouquiniste') Edouard posa em frente a sua banca às margens do Rio Sena, em Paris — Foto: Miguel Medina / AFP
O vendedor de livros usados ('bouquiniste') Edouard posa em frente a sua banca às margens do Rio Sena, em Paris — Foto: Miguel Medina / AFP

A redução da cerimônia de abertura no Sena facilitou um pouco a vida dos livreiros ou bouquinistes que têm banca às margens do rio, e muitos pretendem se manter abertos. O público também terá a oportunidade de zanzar em lojas de departamentos como as Galerias Lafayette, a Printemps e Le Bon Marché. Já para aqueles que procuram algo fora do convencional, o mercado de pulgas de St.-Ouen funcionará normalmente, oferecendo antiguidades, roupas vintage e muito mais.

Fora das áreas turísticas, restaurantes e bares populares como Holybelly, Folderol, Kubri, Abricot Le Mary Celeste e Fulgurances esperam atrair os visitantes que querem fugir das multidões.

— Decidimos ampliar o horário de funcionamento para seis dias por semana — revelou Rebecca Asthalter, sócia da Fulgurances.

Seguindo a mesma linha, lojas independentes como a Landline, que oferece produtos para a casa em um bairro residencial a leste da Bastilha, estão contando com os visitantes que pretendem se aventurar pela cidade.

De volta ao olho do furacão, Marin Montagut, artista e ilustrador que vende acessórios de mesa pintados à mão, material de papelaria, lenços de seda e velas em uma butique com cara de boticário perto dos Jardins de Luxemburgo, está planejando uma decoração inspirada na cidade:

— Para mim, é como se fosse uma Feira Mundial. Quero fazer jus à cidade e estou aberto a tudo. É impossível não se sentir otimista durante um evento único e importante como esse.

(Amy Virshup contribuiu com a reportagem.)

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