Política Bolsonaro

Após vídeo em que chama para manifestações, Bolsonaro volta a negar que incentivou protestos

Presidente, no entanto, chamou a população às manifestações durante visita à cidade de Boa Vista (RR)
O presidente Jair Bolsonaro durante coletiva sobre coronavírus Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro durante coletiva sobre coronavírus Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA — Usando máscara, o presidente Jair Bolsonaro voltou a negar nesta quarta-feira  que tenha convocado simpatizantes para os protestos, domingo, contra instituições como o Supremo Tribunal Federal ( STF ) e o Congresso Nacional. No dia 7 de março, porém, durante uma escala em Boa Vista (RR), Bolsonaro chamou a população para participar dos atos. O presidente, inclusive, participou dos protestos em Brasília.

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— Não convoquei ninguém. Não existe nenhum áudio, nenhuma imagem minha convocando para o dia 15 de março de 2020. Existe, sim, um vídeo de eu convocando para 15 de março 2015, uma manifestação contra a presidente daquele momento — disse o presidente em entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto.

Confira abaixo o vídeo em que Bolsonaro convoco a população a participar das manifestações, publicado na época pelo próprio presidente:

Já o vídeo a que Bolsonaro fez referência, como se fosse antigo, foi revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", e trata do atentado sofrido por ele em 2018 , da posse dele na Presidência no ano passado e trata como ministro o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Desta forma, o vídeo não pode ser de março de 2015, conforme o presidente afirmou novamente nesta quarta.

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Bolsonaro tentou minimizar o impacto das manifestações realizadas no domingo. Segundo ele, o total de pessoas reunidos nas cidades brasileiras durante os atos seria pequeno se comparado, por exemplo, ao total de usuários do sistema de transporte coletivo da cidade de São Paulo.

— O povo, em grande parte, resolveu por livre e espontânea vontade comparecer às ruas. Essa concentração de pessoas em todo o Brasil foi abaixo de um milhão ou próximo de um milhão (de pessoas) . Isso equivale a menos de 20% das concentrações que existem diariamente, por exemplo, no município de São Paulo, por ocasião dos transportes coletivos — afirmou Bolsonaro.

No vídeo publicado no dia 7 de março, Bolsonaro disse que políticos não poderiam ter medo de manifestações nas ruas.

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— Quem tem medo de movimento de rua não serve para ser político — afirmou Bolsonaro na época.

Bolsonaro nega populismo

Bolsonaro afirmou que não se arrepende de ter comparecido à manifestação realizada no domingo, onde cumprimentou apoiadores. Ele disse que precisa estar sempre junto do povo, mas negou que isso seja populismo ou demagogia:

— Eu, como chefe do Executivo, o líder maior da nação brasileiro, tenho que estar lá na frente junto com o meu povo. Não se surpreende ser você me ver nos próximos dias em um metrô lotado em São Paulo, entrando em uma barcaça na travessia Rio-Niterói no horário de pico  ou em um ônibus em Belo Horizonte. Isso longe de democracia ou populismo. É uma demonstração de que estou do lado do povo, na alegria e na tristeza, para comemorar alguma coisa ou para chorar outra.

O presidente disse que, como não estava infectado, não apresentava risco para ninguém. No domingo, ele já havia feito um teste para o coronavírus, mas ainda faria outro, realizado somente na terça-feira, que também deu negativo. Ele ainda negou ter descumprido orientações do Ministério da Saúde.

— Eu, a partir do momento que não estou infectado, ao ter contato com quem quer que seja, não estou colocando em risco a vida ou a saúde daquela pessoa — argumentou, acrescentando depois: — Não descumpro qualquer orientação sanitária por parte do senhor ministro da Saúde, a nossa autoridade máxima no momento sobre esse caso.