Política Coronavírus

Atuação de Bolsonaro na crise do coronavírus tem avaliação pior do que a de governadores, diz Datafolha

Levantamento mostra que 35% aprovam medidas do presidente, enquanto governadores têm aprovação de 54%
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em coletiva no Planalto Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em coletiva no Planalto Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO - A condução pelo presidente Jair Bolsonaro da crise causada pelo coronavírus  tem avaliação pior do que a dos governadores de estado, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira pelo jornal "Folha de S.Paulo". De acordo com o levantamento, a atuação de Bolsonaro é aprovada por 35% dos entrevistados, enquanto a dos governadores tem aprovação de 54%.

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O trabalho do Ministério da Saúde e do ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta, também são mais bem avaliados que o presidente, 55%.

Pesquisa Datafolha Foto: Editoria de Arte
Pesquisa Datafolha Foto: Editoria de Arte

O Datafolha ouviu 1.558 pessoas por telefone, entre 18 e 20 de março. A pesquisa tem margem de erro de três pontos para mais ou para menos.

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Segundo os dados publicados, 35% dos entrevistados consideram o desempenho de Bolsonaro ótimo ou bom, 26% acham regular e outros 33% avaliam como ruim ou péssimo. Cinco por cento não soube responder.

O presidente mantém a aprovação alta em meio aos casos de Covid-19 entre os homens: 42% consideram a gestão da crise ótima e boa, enquanto entre as mulheres o índice é de 29%.

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O desempenho de Bolsonaro diante da crise é desaprovada por 41% dos nordestinos, 34% de quem mora no Sudeste, 24% dos moradores do Norte e Centro-Oeste e no Sul por 23%.

A crise do novo coronavírus escancarou a falta de sintonia entre o governo Jair Bolsonaro e governadores do país. A sexta-feira foi marcada por troca de acusações públicas entre o presidente e os chefes dos Executivos do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Doria (PSDB).

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Irritado com medidas restritivas impostas por governadores, como o fechamento de fronteiras interestaduais, Bolsonaro acusou os antigos aliados de usurpar suas competências.

Na pesquisa divulgada nesta segunda-feira, os governadores do Sul aparecem como os mais bem avaliados, com 61% de ótimo e bom, seguido dos chefes estaduais do Norte e Centro-Oeste (56%), Sudeste (52%) e Nordeste (51%).

Atitudes do presidente são reprovadas

Durante uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na quarta-feira, 18, Bolsonaro disse que a pandemia causada pelo novo coronavírus é "grave", mas que não há motivo para "histeria" .

— É uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria — disse Bolsonaro ao ser questionado sobre a forma como ele vem lidando com o assunto.

O Datafolha questionou os entrevistados se concordavam, ou não, com a declaração do presidente. Dos ouvidos, 34% concordam, enquanto 54% rejeita. Outros 3% dizem que nem concordam nem discordam e 8% afirmaram não ter opinião.

Outra atitude do presidente também foi avaliada na pesquisa. No domingo de manifestações a favor do governo e contra o Congresso Nacional e o Judiciário, Bolsonaro desceu a rampa do Planalto para cumprimentar apoiadores em meio ao surto do vírus. A atitude foi reprovada por 68% e aprovada por 27%. Quatro por cento não opinaram.

Limites da pesquisa feita por telefone

A pesquisa foi feita por telefone para evitar o contato pessoal entre pesquisadores e os entrevistados em meio à pandemia. Segundo o Datafolha, os limites impostos pela técnica telefônica não prejudicaram as conclusões devido à amplitude dos resultados apurados e pelos cuidados adotados. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.

Esse método, ainda de acordo com o instituto de pesquisa, não se compara à eficácia das pesquisas presenciais feitas nas ruas ou nos domicílios. É por isso que, apesar de aproximadamente 90% dos brasileiros possuírem acesso pelo menos à telefonia celular, o Datafolha não adota esse tipo de método em pesquisas eleitorais, por exemplo.

O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos. Além disso, torna mais difícil o contato com os que não podem atender ligações durante determinados períodos do dia.

Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e de idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados com o método telefônico não são comparáveis com pesquisas de rua.