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Bolsonaro chama Pazuello de 'predestinado' e diz que ele levou 'apenas 15 militares' para o Ministério da Saúde

Em redes sociais, presidente faz elogios ao general da ativa do Exército que comanda a pasta há dois meses
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Alan Santos/PR / Agência O Globo
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Alan Santos/PR / Agência O Globo

BRASÍLIA — Em meio a pressões pela substituição do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro fez, na tarde desta quarta-feira, uma série de elogios ao general da ativa do Exército que comanda a pasta há dois meses. Em uma postagem nas suas redes sociais, ele chamou Pazuello de "um predestinado", que "nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua Pátria". E disse que o Exército "se orgulha desse nobre soldado". Ainda segundo o presidente, o ministro interino levou "apenas 15 militares" para a pasta, que conta com 5.500 servidores.

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Na terça-feira, o GLOBO revelou que Bolsonaro está sendo pressionado pela ala militar do Palácio do Planalto e pelo centrão a escolher o sucessor Pazuello . O ministro, por sua vez, tem dito a aliados que já está de saída do ministério e que quer voltar à carreira militar para se aposentar como general quatro estrelas — uma a mais do que detém hoje. O movimento pela saída de Pazuello aumentou no fim de semana, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um "genocídio", em alusão à condução do governo Bolsonaro frente à epidemia da Covid-19.

O Ministério da Defesa classificou a declaração do ministro como “leviana” e disse que vai enviar uma representação contra Gilmar à Procuradoria-Geral da República (PGR). O episódio, no entanto, reforçou a opinião da ala militar do Palácio do Planalto de que Pazuello deve ser substituído para que não haja associação entre a gestão na Saúde e o Exército brasileiro. Na terça, Mendes entrou em contato com Pazuello, com quem disse ter tido uma conversa "cordial".

No texto divulgado nesta quarta, intitulado "Todos nós queremos o melhor para o Brasil", Bolsonaro apontou que Pazuello é formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e possui mais de 40 anos de experiêncial em logístca e administração. O presidente relatou ainda que o ministro interino teve, entre 2014 e 2015, a sua primeira grande missão como oficial general, na criação do Centro de Obtenções do Comando Logístico do Exército, e citou sua experiência nos Jogos Olímpicos de 2016, competição que "foi um sucesso e elogiada no mundo todo".

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Bolsonaro lembrou ainda que Pazuello comandou a Operação Acolhida entre 2018 e 2020, quando "a situação de Roraima foi agravada com um crescente número de venezuelanos fugindo da ditadura e fome de Maduro". "A ONU e o mundo elogiam até hoje as ações do Exército na região", escreveu.

"Quis o destino que o Gen Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no Ministério o Gen levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas do Rio. Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua Pátria. O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado", concluiu o presidente, sem citado o antecessor do ministro interino, Nelson Teich, que ficou menos de um mês no cargo.

Na semana passada, Bolsonaro disse a jornalistas que Pazuello "é um nome que não vai ficar para sempre" e "já deu uma excelente contribuição para nós". Desde o início, o plano era que ele ficasse à frente da pasta durante a crise do coronavírus, mas depois voltasse para o Exército.