Política Brasília

Bolsonaro diz que pandemia é 'grave', mas repete que não há motivo para 'histeria'

Presidente disse que a histeria passou a acontecer depois do dia 15 de março

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a pandemia causada pelo novo coronavírus é "grave", mas que não há motivo para "histeria". A declaração foi dada durante entrevista coletiva realizada por Bolsonaro e diversos ministros no Palácio do Planalto nesta quarta-feira.

— É uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria — disse Bolsonaro ao ser questionado sobre a forma como ele vem lidando com o assunto.

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Esse sentimento de histeria passou a acontecer depois do dia 15 de março. A minha obrigação como chefe de Estado é se antecipar a problemas, levar verdade à população brasileira, mas que essa verdade não ultrapasse o limite do pânico — disse o presidente.

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Desde o agravamento da crise causada pelo avanço do covid-19, Bolsonaro vinha dando declarações minimizando o impacto do novo coronavírus. Em 9 de março, por exemplo, ele disse que o assunto estava sendo "superdimensionado".

— Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus. Então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo — disse Bolsonaro.

No dia seguinte, em Miami (EUA), ele usou o termo fantasia para se referir ao assunto.

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— Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga. Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo — afirmou o presidente.

Fronteiras

O ministro da Justiça, Sergio Moro , informou na coletiva que o governo federal estuda determinar o fechamento das fronteiras com outros países da América do Sul, mas não detalhou quais. Nesta quarta, o governo já proibiu por 15 dias a entrada de estrangeiros vindos da Venezuela , prazo que pode ser prorrogado. De acordo com Moro, o fechamento da fronteira com outros países ocorreria em "termos semelhantes" do que ocorreu na Venezuela.

— Hoje, em uma reunião presidida pelo presidente da República, com os presidentes do Mercosul, esse tema foi tratado, e está em avaliação dentro do governo federal a possibilidade do fechamento temporário, exclusivamente por medidas sanitárias, da fronteira do Brasil com outros países, nos termos semelhantes a essa medida feita em relação à Venezuela, claro que talvez com circunstância diversas.

Manifestações

Também durante a coletiva, Bolsonaro voltou a negar que tenha convocado simpatizantes para os protestos, domingo, contra instituições como o Supremo Tribunal Federal ( STF ) e o Congresso Nacional. No dia 7 de março, porém, durante uma escala em Boa Vista (RR), Bolsonaro chamou a população para participar dos atos. O presidente, inclusive, participou dos protestos em Brasília.

— Não convoquei ninguém. Não existe nenhum aúdio, nenhuma imagem minha convocando para o dia 15 de março de 2020. Existe, sim, um vídeo de eu convocando para 15 de março 2015, uma manifestação contra a presidente daquele momento — disse o presidente em entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto.

O vídeo a que o presidente se refere, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", trata porém do atentado sofrido por ele em 2018 , da posse dele na Presidência no ano passado e trata como ministro o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Desta forma, o vídeo não pode ser de 15 de março de 2015, conforme o presidente afirmou novamente hoje.