Carga chinesa com 600 respiradores artificiais é retida nos EUA e não será enviada ao Brasil

Segundo a Casa Civil do governo da Bahia, 'operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor', que não deu maiores explicações
Paciente grave com coronavírus usa respirador artificial em Centro de Terapia Intensiva próximo a Paris Foto: BENOIT TESSIER / REUTERS/01-04-2020

Em mais um capítulo da novela dos cancelamentos de suprimentos médicos fornecidos pela China , 600 respiradores artificiais ficaram retidos no aeroporto de Miami, nos EUA, de onde seriam enviados ao Brasil. A informação foi antecipada pela Folha de S.Paulo.

A carga, no valor de R$ 42 milhões, havia sido adquirida pelos estados do Nordeste, por meio de um contrato assinado entre o fornecedor (não identificado) e o governo da Bahia.

China e EUA: Brasil está no meio de uma corrida global por suprimentos médicos

Ao GLOBO, a assessoria de imprensa da Casa Civil do estado disse que “a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor”, que não deu maiores explicações, apenas que a carga teria outro destino. O valor não chegou a ser desembolsado pelo governo da Bahia.

“Neste momento, estamos buscando novos fornecedores”, afirmou ao GLOBO a Casa Civil, que não quis informar se já está negociando com outros países ou quais fornecedores tem em vista para suprir a demanda.

Equipe médica transfere corpos do Wyckoff Heights Medical Center para um caminhão refrigerado, no Brooklyn, em Nova York. Os EUA registraram o maior número diário de mortes ligadas à Covid-19 desde o início da pandemia da doença, no ano passado Foto: ANGELA WEISS / AFP
Um médico se aproxima de um caminhão frigorífico que está sendo usado como necrotério fora do Brooklyn Hospital Center, na cidade de Nova York. Os hospitais começaram a usar caminhões frigoríficos como necrotérios temporários, já que o número de mortos pela Covid-19 atingiu quase 3 mil pessoas na cidade de Nova York, o epicentro do surto nos Estados Unidos Foto: STEPHANIE KEITH / AFP
Trabalhadores da saúde são vistos movendo um corpo da calçada para um caminhão frigorífico fora do Wyckoff Heights Medical Center, no Brooklyn. De acordo com os números oda Universidade Johns Hopkins, 1.169 pessoas morreram nos EUA entre as 20h30 de quarta-feira e as 21h30 de quinta-feira, mais do que qualquer outro país do mundo Foto: STEPHANIE KEITH / AFP
Médicos transferem um passageiro de navio em uma maca de uma ambulância para o Broward Health Medical Center, em Fort Lauderdale, na Flórida Foto: CHANDAN KHANNA / AFP
Um caminhão pertencente ao N.F.L. equipe do New England Patriots chega com uma escolta policial no Centro de Convenções Jacob K. Javits para entregar 300 mil máscaras N95 que ajudarão a apoiar os profissionais de saúde nas linhas de frente contra a Covid-19 em Manhattan Foto: ANDREW KELLY / REUTERS
(ARQUIVOS) Nesta foto de arquivo tirada em 31 de março de 2020, voluntários da organização internacional de socorro cristão Samaritans Purse criaram um hospital de campo de emergência para pacientes que sofrem do coronavírus no Central Park, na Quinta Avenida do Monte. Hospital Sinai em Nova York. - Centros de convenções, arenas esportivas e estacionamentos nos EUA estão sendo convertidos em hospitais de campo, enquanto as autoridades se preparam para uma onda de pacientes graves com coronavírus. (Foto de Bryan R. Smith / AFP) Foto: BRYAN R. SMITH / AFP
O navio-hospital da Marinha USNS Comfort está atracado no cais 90, em Manhattan. Segundo relatos, as mil camas do navio-hospital militar, que devem ajudar os hospitais superlotados que lidam com o surto de Covid-19, permanecem praticamente sem uso Foto: KENA BETANCUR / AFP
Médicos do Sinai exibem fotos de médicos que morreram de coronavírus, durante um protesto em Nova York. Os profissionais da saúde protestam contra a falta de equipamentos de proteção individual durante uma onda de casos de coronavírus Foto: STEPHANIE KEITH / AFP
Um médico carrega uma pilha de pano branco fora do Brooklyn Hospital Center em meio à pandemia de coronavírus na cidade de Nova York Foto: STEPHANIE KEITH / AFP

Apesar de o fornecedor não ter informado o novo destino da encomenda, desconfia-se que os equipamentos sejam redirecionados agora ao combate da crise de coronavírus nos EUA, que registraram o maior número mundial de mortes em um só dia pela doença nesta quinta-feira .

Fornecedores chineses têm sido acusado de cancelar contratos com países como Brasil, França e Canadá, e favorecer os EUA, que teriam acertado pagamentos muito mais altos, já que não existem regras para esse tipo de situação no comércio internacional .

Na quarta-feira, o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, já havia feito declaração similar, afirmando que compras brasileiras haviam “caído” depois da confirmação das compras americanas.

Segundo o New York Times, a negociação entre empresas privadas americanas e chinesas foi feita com ajuda da mediação do genro do presidente americano Donald Trump, Jared Kushner. O avião que pousou no domingo em Nova York vindo de Xangai trazia 130 mil máscaras N-95, quase 1,8 milhões de máscaras cirúrgicas e roupas e mais de 10,3 milhões de luvas, além de 70 mil termômetros.