RIO — Pesquisadoras de questões de gênero e na área de direitos humanos destacam a necessidade de fiscalização do cumprimento da cota de 30% de candidaturas femininas pelos partidos, para evitar o lançamento de "laranjas". Estudo divulgado nesta quinta-feira pela pela ONU Mulheres e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta o Brasil como um dos piores países da América Latina em relação a direitos e participação política das mulheres.
Professora de Direito da FGV-RJ e especialista em gênero, Lígia Fabris enfatiza o obstáculo da subrepresentação das mulheres na política:
— O Brasil está em posições desonrosa no ranking sobre paridade de gênero na política. Essa colocação mostra que a participação das mulheres na política é rara e encontra diferentes paralelos na política global. Isso não diz respeito ao público feminino, é um problema das instituições políticas brasileiras. No país, a política é vivida como um espaço masculino. Isso é reproduzido pela sociedade e violenta as mulheres, sendo um das fatores que produzem a pouca presença das mulheres na política. Temos 15% das mulheres no Parlamento, é pouquíssimo. Isso porque aumentou a participação por cota de gênero, ainda incipiente — disse ela, que integrou o grupo que a ONU reuniu para divulgar os resultados preliminares do estudo.
* Estagiária, sob supervisão de Leila Youssef