Política

Confirmação de Ramos na reserva reforça pressão por saída de Pazuello

Chefe da Secretaria de Governo era criticado por ser um representante da ativa ocupando cargo político, assim como ocorre com o ministro interino da Saúde, que vem sofrendo 'fervura' para ser substituído
O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

BRASÍLIA — O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, passou para a reserva remunerada do Exército. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo. A decisão de Ramos atende a uma pressão que ele vinha sofrendo de colegas das Forças Armadas, incomodados com a vinculação com a ala política do governo. A oficialização da aposentadoria de Ramos reforça a "fervura" sofrida pelo ministro interino da Saúde , Eduardo Pazuello.

O fato de Pazuello ser general da ativa tem sido usado na pressão de militares e do centrão para que o presidente Jair Bolsonaro o substitua. Colegas alegam que não querem a imagem do Exército vinculada à gestão da crise na Saúde. Os apelos pela saída do ministro aumentaram neste fim de semana. No sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um "genocídio" , em alusão à condução do governo Bolsonaro frente à epidemia da Covid-19.

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Pazuello tem dito a aliados que já está de saída do ministério e que quer voltar à carreira militar para se aposentar como general quatro estrelas. Desde o início, o plano era que ele ficasse à frente da pasta durante a crise do coronavírus, mas depois voltasse para o Exército. Agora, aliados de Bolsonaro pedem pressa.

'Articulação política'

Ao passar para a reserva, Ramos abre mão da possibilidade de assumir o Comando do Exército, hoje acupado pelo general Edson Pujol. Ao ingressar no governo, o general Ramos saiu do Comando Militar do Sudeste. Ele planejava seguir no cargo de ministro até julho deste ano, e depois assumir do Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro, para encerrar a carreira militar. Contudo, era incerto se os colegas militares iriam respeitá-lo depois de sair do governo e voltar às Forças Armadas.

Presidente: Bolsonaro chama Pazuello de 'predestinado'

Em conversas com Bolsonaro no último mês, Ramos expressou que queria se dedicar mais à articulação política com partidos políticos. Desde maio, a pressão para que o ministro deixasse a ativa vinha se intensificando, depois que subiu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente, durante uma das manifestações de apoiadores de Bolsonaro. O general foi tido como um representante do Exército naquele ato político, ocasião em que foi criticado por militares de alta patente.

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À frente da Secretaria de Governo, Ramos persuadiu o presidente a negociar cargos com os líderes partidários integrantes do Centrão para melhor sua interlocução com o Congresso Nacional.