Política Coronavírus

Coronavírus: especialistas recomendam evitar aglomerações como manifestações de rua

Indicação é direcionada especialmente para grupos de risco, como idosos ou pessoas com algum tipo de doença
Ato toma o vão do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Kevin David / A7 Press
Ato toma o vão do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Kevin David / A7 Press

RIO — Se puder, evite aglomerações . Essa é a recomendação de especialistas neste momento em que o novo coronavírus avança pelo país (já são mais de 70 casos registrados até esta quinta-feira) e há manifestações de rua marcadas para acontecer em diversos estados no próximo fim de semana.

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— As pessoas estão, em eventos assim, estão muito próximas umas das outras. Sendo o ar livre ou fechada, a questão é a mesma. A pessoa tosse ou espirra muito perto uma das outras — afirma Leonardo Weissmann, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. — Ou seja, se puder evitar a aglomeração, é melhor.

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Embora já tenha levado ao cancelamento de eventos ao redor do mundo, passeatas marcadas para tomar as ruas brasileiras nos próximos dias ainda não foram desmarcadas.

Para o próximo sábado, está previsto um ato para lembrar os dois anos da morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O protesto é organizado pelo partido da vereadora assassinada, o PSOL, pelo Instituto Marielle Franco e outras lideranças ligadas à esquerda.

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Do outro lado do espectro político, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro convocaram para domingo uma manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do governo. Há uma indicação de que aliados do presidente, no entanto, estão debatendo o cancelamento dos atos. Uma decisão sobre o assunto pode ser anunciada ainda nesta quinta-feira.

Outros cuidados

Ainda segundo especialistas, o ideal é que as pessoas não toquem na boca, nariz ou olhos quando estiverem em local público até que consigam lavar as mãos com água e sabão ou álcool. Embora evite a infecção via contato, a higiene não garante que a pessoa esteja complementamente protegida, já que a contaminação também pode ocorrer via área.

Como mesmo as mãos limpas não são uma garantia, a recomendação para evitar aglomerações fica ainda mais imprescindível para pessoas idosas ou com problemas doenças de base, como pressão alta ou diabetes. Isso porque esses são grupos de risco da Covid-19.

— Neste momento, é preciso evitar que pessoas enfermas ou com alto risco de desenvolver doença grave caso venham a adoecer. E, quem estiver em locais assim, o álcool 70 tem que estar no bolso — afirma Edimilson Migowski, da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil.

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Já Luciana Barros de Arruda, do Departamento de Virologia da UFRJ, afirma que o importante neste momento é acompanhar os informes oficiais do Ministério da Saúde. Atualmente, não  há proibição, nem restrição a livre circulação ou aglomeração de pessoas. No entanto, ela avalia que isso pode mudar a partir do comportamento do vírus.

— Pessoas idosas ou com comorbidades devem evitar aglomerações sem dúvida. Esses grupos têm taxas de mortalidade maiores. No entanto, isso vai mudando diariamente. O mais importante é acompanhar as recomendações das secretarias e do ministério, que podem, por exemplo, pedir o cancelamento de eventos dependendo das mudanças epidemiológicas — afirma a especialista.

Ministro faz apelo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em entrevista coletiva que enquanto metrô, ônibus, e outros pontos de aglomeração estiverem abertos, não há como evitar que as pessoas se encontrem. No entanto, ele fez um apelo:

— Vale a regra da boa educação, lavar as mãos, quem tiver gripado, quem tiver com sinal de febre, não sair de casa, não é só para manifestação, inclusive, no trabalho — disse.

Com o avanço do coronavírus pelo Brasil, foi confirmado nesta quinta-feira que o secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, está com o novo coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro passou a ser monitorado e fez exame para detectar a doença .

Wajngarten participou da comitiva da viagem presidencial aos EUA e esteve com o presidente dos EUA, Donald Trump, em jantar no sábado. O governo brasileiro já comunicou o caso às autoridades norte-americanas. Trump disse que não está preocupado.

No último fim de semana, os protestos marcados para o dia 15 foram incentivados pelo próprio presidente Jair Bolsonaro . Em conflito com o Congresso, ele chegou a dizer que os atos poderiam ser abandonadas caso deputados e senadores rejeitassem projeto do próprio governo que prevê o controle de R$ 19 bilhões do Orçamento pelos parlamentares. Nas primeiras convocações, o Supremo Tribunal Federal (STF) também seria o alvo dos manifestantes.

Com manifestações marcadas para o próximo dia 18, as Centrais Sindicais se reuniram na manhã desta quinta-feira para deliberar sobre a permanência da agenda de protestos em meio a propagação do coronavírus. Em nota, elas informaram que na próxima segunda farão nova reunião para tomar a decisão final.

"As Centrais Sindicais se mantêm em avaliação permanente, com uma reunião agendada na próxima segunda para discutir a crise sanitária e econômica em curso no país e para tomar as decisões que se fizerem necessárias nesse momento. As Centrais reforçam a importância das mobilizações da classe trabalhadora".