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Política João Doria

Doria prepara incursão no Rio para fortalecer PSDB e eventual candidatura à Presidência

Partido prepara evento nos moldes de uma convenção partidária para apresentar Mariana Ribas, pré-candidata à prefeitura da capital fluminense
O governador de São Paulo João Doria Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
O governador de São Paulo João Doria Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

RIO - Numa tentativa de reestruturar o PSDB no Rio e fortalecer-se para uma eventual candidatura presidencial em 2022, o governador João Doria (SP) começará no fim do mês sua incursão entre os fluminenses para colocar em prática a estratégia que traçou para o estado.  No próximo dia 28, o partido fará um evento nos moldes de uma convenção partidária para apresentar a pré-candidatura de Mariana Ribas à prefeitura da capital fluminense e de ao menos outros 11 postulantes aos executivos municipais da Baixada e do interior.

Mariana é ex-secretária de Cultura de Marcelo Crivella e ex-secretária-executiva do Ministério da Cultura na gestão de Michel Temer. O nome dela foi escolhido por Doria por que, justamente, se encaixa no perfil que ele queria para a disputa na cidade do Rio.

Leia : De olho em 2020, disputas para prefeituras de Rio e SP racham PSL

Toda a movimentação pensada por Doria tem como objetivo reestruturar o PSDB no estado para melhorar os resultados eleitorais e a relevância. O último governador tucano no Rio foi Marcello Alencar, em 1994. Na última eleição, o PSDB fluminense fez apenas dois deputados estaduais e nenhum federal.

Em 2012, os tucanos lançaram Otavio Leite na disputa pelo Palácio da Cidade, mas ele ficou apenas em quarto lugar, com 2,47% dos votos. Na eleição municipal seguinte, o partido optou pela candidatura do ex-secretário de Transportes Carlos Osorio na capital fluminense, mas ele acabou ficando apenas na sexta colocação. Na eleição do ano passado, a sigla apoiou Eduardo Paes, que foi derrotado por Wilson Witzel na disputa pelo Palácio Guanabara.

— O Doria queria uma mulher jovem, para demonstrar essa renovação. O modelo do candidato veio antes mesmo do candidato. E a pessoa que se encaixou nesse perfil foi a Mariana — afirmou uma fonte ligada aos tucanos.

A ex-secretária de Cultura foi apresentada como uma opção para Doria pelo empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro que foi alçado a novo cacique tucano no Rio depois que Bruno Araújo, presidente nacional do partido e aliado de Doria, dissolveu a antiga executiva estadual. Era na casa do empresário, na Zona Sul do Rio, que aconteciam várias reuniões e gravações da campanha de Jair Bolsonaro em 2018. É Marinho, agora presidente estadual da sigla, quem assumiu a articulação no estado e a quem o governador de São Paulo incumbiu de conversar com os outros partidos.

— Esse vai ser o  primeiro encontro do novo PSDB no Rio. O partido no estado não existia praticamente a ponto de não ter conseguido eleger nenhum deputado federal. Na próxima eleição, tenho certeza que vai ter uma outra dimensão — afirmou Marinho.

O evento acontecerá no Hotel Windsor Barra e espera-se cerca de 800 convidados, incluindo até mesmo políticos de outros partidos. Além de Doria, devem comparecer o presidente nacional do PSDB; o prefeito de São Paulo, Bruno Covas; os governadores Eduardo Leite (RS) e Reinaldo Azambuja (MS);  a ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius, entre outros. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem Mariana já foi tomar a bênção no início deste mês, não deve estar na reunião. O encerramento será com o discurso da pré-candidata à prefeitura do Rio.

Tucanos fluminenses mais antigos têm ficado injuriados com a intervenção na sigla no estado e não veem com bons olhos a movimentação articulada por Doria. Fazem críticas ao nome de Mariana e dizem que ela é uma completa desconhecida do eleitorado.

— Essas críticas são restritas a dois deputados que estão querendo buscar outra legenda. Não é nada relevante — afirmou o presidente estadual do PSDB.

Histórico

A votação do PSDB no Rio na eleição presidencial do ano passado foi pouco expressiva — cenário que Doria trabalha para reverter. Geraldo Alckminn, candidato tucano no pleito, conquistou apenas 2,44% da preferência no primeiro turno, número ainda menor do que os 4,76% que o deixaram em quarto lugar nacionalmente.

Em 2014, com a candidatura de Aécio Neves encontrou aprovação significativa entre os fluminenses, mas não o suficiente para ultrapassar a da petista Dilma Roussef. No primeiro turno, o Rio entregou 35,62% dos votos ao PT e 29,93% ao PSDB. No segundo turno, o placar foi de 54,94% dos votos com Dilma e 45,06% com Aécio.

No caso das votações municipais na capital, cujos resultados precisariam ser superados por Mariana Ribas, o histórico também não é próspero para o PSDB. Em 2016, o candidato Carlos Osório ficou em sexto lugar após arregimentar apenas 8,62% (o eleito, após o segundo turno, foi Crivella). Em 2012, quando o postulante à prefeitura era Otávio Leite, a parcela tucana do eleitorado foi de 2,47%. Naquela ocasião, se reelegeu Eduardo Paes. Quatro anos antes, em 2008, não houve candidatura do PSBD.