RIO — Mesmo após os avanços oriundos da lei que tornou obrigatório o ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, o Brasil ainda tem dificuldades em superar estereótipos da cultura indígena nas escolas. Nesta terça-feira, durante a mesa “O que não fazer no Dia do Índio” no evento internacional Educação 360 , o professor e escritor Daniel Munduruku defendeu que se traga a voz indígena para o debate educacional brasileiro como forma de aprofundar o conhecimento das etnias que vivem no país.
O evento é promovido pelos jornais O GLOBO e Extra com patrocínio de Sesi, Fundação Telefônica, Fundação Itaú Social, Instituto Unibanco e Colégio pH, apoio de Fundação Cesgranrio, e apoio institucional de TV Globo, Canal Futura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Unesco, Unicef e Todos pela Educação.
Munduruku deu como resposta à pergunta a qual dá nome a mesa, que não devemos fazer nenhum tipo de comemoração no Dia do Índio, celebrado no calendário no dia 19 de abril. Segundo ele, a data apenas reforça o imaginário do indígena “ideal”, e não representa como de fato as tribos são.
— Esse imaginário construído tem criado uma grande barreira no aprendizado. Uma das nossas características que não é ensinado é a resistência do nosso povo. Estamos há pelo menos 518 anos resistindo à violência que nos está sendo feito ao longo da história visando a nossa exclusão — explicou.
Outro problema apontado pelo professor é a pouca explicação dada sobre a miscigenação indígena durante a construção da sociedade brasileira, e como isso resulta na disseminação de preconceitos.
— O brasileiro acha natural somente os indígenas que possuem os mesmos traços físicos que são apresentados em livros. Os índios nordestinos que receberam toda a invasão portuguesa inicial, por exemplo, e perderam muitas dessas características, muita gente os classifica como oportunistas.