Após a extinção do Programa de Escolas Cívico-Militares (Pecim) pelo Ministério da Educação, os estados começaram a se posicionar sobre a continuidade ou não do modelo escolar criado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Até o momento, levantamento feito pelo GLOBO apontou que, além do Distrito Federal, 13 estados pretendem manter ou readequar o programa. Outros oito informaram não ter aderido ao Pecim.
- 'Aporofobia' e investimentos que 'debocham': entenda os motivos que levaram o MEC a acabar com as escolas cívico-militares
- Veja também: Ministério Público Federal vai à Justiça para impedir que colégios militares determinem ‘padrões estéticos’
Entre os que vão manter ou reestruturar o programa estão Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Amapá, Tocantins, Acre, Paraná e Minas Gerais.
Em nota, a Secretaria de Educação do Tocantins (Seduc) informou que está estudando o formato que adotará. Em um primeiro momento, as unidades de ensino seguirão com o seu funcionamento conforme o Pecim, visto que todos os servidores do Tocantins são pagos pela gestão estadual e as orientações pedagógicas são desde sempre direcionadas pela pasta.
Já a Secretaria da Educação de São Paulo informou que pretende “viabilizar um novo programa de escolas cívico-militares no estado”. As medidas legais e operacionais do projeto estão em desenvolvimento pelas respectivas áreas técnicas do governo.
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmaram na manhã desta quinta-feira que vão manter as escolas cívico-militares. Nas redes sociais, Castro disse que a previsão é de que o modelo seja ampliado no estado.
“Vamos manter essas escolas já existentes. Nossa estratégia é ainda ampliá-las, já que elas se enquadram como escolas vocacionais e estão no escopo do novo ensino médio. Vamos em frente!”, disse Castro.
O estado de Santa Catarina também vai manter o modelo do programa nas nove unidades estaduais e, segundo o governador Jorginho Mello, haverá melhorias a partir de 2024.
“Nós sabemos do desejo das famílias catarinenses e dos estudantes em continuar com esse modelo por conta da qualidade da educação aliada à disciplina. Por isso, vamos continuar com nossas escolas nesse modelo e estamos estudando diversas melhorias”, declarou o governador Jorginho Mello ao G1, sem citar a possibilidade de aumentar o número de unidades.
Oito estados não tinham escolas do Pecim
Alagoas, Bahia, Pará, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte são os estados que afirmaram não ter aderido ao Pecim e, portanto, não serão afetados pela decisão do MEC. Já o estado de Goiás teve convênio com o governo federal até o final de 2022 e depois já assumiu as escolas em seu modelo.
Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Sergipe e Roraima não se posicionaram até a publicação desta reportagem.
Entenda o Pecim
Criado em 2019, o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares começou a ser implementado em 2020 em 51 escolas, mas em 2021 e 2022 que teve sua expansão, atingindo 216 unidades, o que aumentou exponencialmente os valores empenhados pelo governo. Mesmo assim, em seu auge o programa atendia apenas 0,1% das escolas públicas brasileiras.
A decisão do encerramento do programa foi informada através de um ofício enviado a secretários estaduais de todo o país esta semana, datado da última segunda-feira.
O formato estabelecia uma cooperação entre MEC e Ministério da Defesa para dar apoio às escolas que optassem pelo novo modelo, bem como na preparação das equipes civis e militares que atuariam nessas instituições.