Educação
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Por O Globo

A inclusão de críticas a ex-presidentes, a grupos conservadores, à extrema direita e ao agronegócio no documento de referência da Conferência Nacional de Educação (Conae), que será realizada a partir do próximo domingo, motivaram a mobilização das bancadas ruralista e evangélica do Congresso Nacional para tentar atrasar a construção do Plano Nacional de Educação (PNE), projeto de lei que irá nortear as políticas do país para a área pela próxima década.

Em nota conjunta divulgada nesta quarta-feira, diferentes frentes parlamentares defenderam que o documento que irá basear o plano, elaborado pelo Fórum Nacional de Educação (FNE), possui “viés ideológico” e “postura autoritária”. Os trechos mais atacados — especialmente aqueles relacionados a temas políticos — estão, em sua maior parte, na introdução do documento, no momento em que se faz um diagnóstico do atual PNE, em vigor entre 2014 e 2024.

O FNE é composto por 64 entidades. São grupos como movimentos sociais, associações científicas, sociedade civil e órgãos federais, inclusive diversas secretarias do Ministério da Educação. A redação do documento de referência não tem interferência direta do governo, mas é aprovada de forma unânime pelos participantes do fórum, explica Heleno Filho, coordenador do FNE.

— Quando o documento traz uma avaliação do atual plano, não pode esconder os fatos do nosso país. Eles mostram o descaso com a educação brasileira e com a demanda popular pelo direito à educação — argumenta Filho.

Ao GLOBO, a Bancada da Educação defendeu a "legitimidade da realização da Conferência Nacional da Educação (Conae), como instância necessária na discussão do Plano Nacional da Educação (PNE)". No último dia 19, o grupo publicou uma nota assinada por 15 parlamentares em resposta aos "ataques" à Conae.

—Enxergamos a conferência como um espaço legítimo e importante para a discussão democrática de políticas educacionais em especial do Plano Nacional de Educação — afirmou a deputada federal Tabata Amaral, presidente da Bancada da Educação.

Veja alguns dos principais pontos de atrito.

Agenda de diversidade

Entre as reclamações dos parlamentares, está a de uma agenda proposta no documento com a defesa de ações de diversidade nas escolas, como a criação de políticas para "a discussão de raça, etnia, gênero e diversidade sexual, na perspectiva dos direitos humanos, adotando práticas de superação do racismo, machismo, sexismo, LGBTQIAPN+fobia, capacitismo, e contribuindo para a efetivação de uma educação antirracista, e não LGBTQIAPN+fóbica".

Segundo os críticos, “o Documento Referência da Conae 2024 pretende instrumentalizar o Sistema Nacional de Educação – SNE para a promoção de pautas ‘LGBTQIAPN+’”.

Conservadores

Outro ponto apontado na nota pública assinada por 13 frentes parlamentares é que o documento usaria a expressão "conservador" sempre "de forma hostil". "São equiparados a fundamentalistas e são tratados como verdadeiros inimigos", diz o texto.

Na apresentação do eixo dois, por exemplo — chamado "A garantia do direito de todas as pessoas à educação de qualidade social, com acesso, permanência e conclusão, em todos os níveis, etapas e modalidades, nos diferentes contextos e territórios" —, o documento do FNE sugere a ênfase a diferentes temas, como a "expansão do segmento público", o "papel dos entes federados nas responsabilidades prioritárias" e os "enfrentamentos ligados à superação das reformas e retrocessos conservadores no âmbito educacional".

Pautas ligadas a setores conservadores também são criticadas abertamente pelo documento, como a prática do homeschooling (ensino em casa), a militarização em escolas e o movimento Escola Sem Partido.

Agronegócio

Ainda segundo os parlamentares, "o setor produtivo agropecuário não saiu ileso" no documento. "Os ruralistas teriam atacado violentamente a democracia, os direitos humanos e tantos outros valores", descreve a nota pública.

Já o documento da Conae afirma: "Na mesma linha, se faz urgente a contraposição efetiva do Estado, nas suas diversas esferas federativas, às políticas e propostas ultraconservadoras, garantindo a desmilitarização das escolas e o freio ao avanço de processos e tentativas de descriminalização da educação domiciliar (homeschooling); às intervenções do movimento Escola Sem Partido e dos diversos grupos que desejam promover o agronegócio por meio da educação; e aos ataques à liberdade de cátedra e o livre pensamento nas instituições educacionais, retirando do currículo, por exemplo, disciplinas importantíssimas para a formação plena e para a cidadania, como sociologia, filosofia e artes".

Ex-presidentes

Em outros trechos, o documento de referência elaborado pelo FNE afirma que "os retrocessos na agenda nacional, iniciados no governo Temer e aprofundados na gestão Bolsonaro, acentuaram políticas, programas e ações neoliberais, ultraconservadoras, como expressões hegemônicas do ideário da extrema direita".

O texto sustenta ainda que a vigência do Plano Nacional de Educação (2014-2024) foi marcada, em seu segundo ano de vigência, pelo "processo de afastamento de uma presidenta democraticamente eleita", em referência ao impeachment da Dilma Rousseff. O processo que culminou na saída da petista do cargo é criticado ainda mais claramente em seguida, com o uso da palavra "golpe", empregado por parte da esquerda e do próprio PT.

O afastamento de Dilma, de acordo com o documento, levou a uma política de "austericídio fiscal, comprometendo de maneira crítica os recursos da educação, conforme afirmado pelo Fórum Nacional de Educação (FNE) em sua 39º Nota Pública (1º de abril de 2016), em que categoricamente declarou que 'Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe e implicará em risco à consagração dos direitos sociais'."

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