Política

‘Guedes terá que arrumar mais um dinheirinho’, diz Flávio Bolsonaro sobre aumento de gastos

Em entrevista exclusiva, senador também defendeu a criação de um novo imposto
Presidente da República, Jair Bolsonaro, aciona a fonte conectada ao sistema integrado de abastecimento de água de Campo Alegre de Lourdes Foto: Isac Nobrega / Agência O Globo
Presidente da República, Jair Bolsonaro, aciona a fonte conectada ao sistema integrado de abastecimento de água de Campo Alegre de Lourdes Foto: Isac Nobrega / Agência O Globo

RIO — Em entrevista exclusiva ao GLOBO, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ) defendeu o aumento dos gastos do governo comandado pelo pai, o presidente Jair bolsonaro. Para o parlamentar, o ministro da Economia Paulo Guedes "vai ter que dar um jeito de arrumar mais um dinheirinho" para que a administração federal dê continuidade a ações de infraestrutura.

Flávio também afirmou que não vê contradição na criação de um novo imposto pelo governo, batizado no mundo político de "nova CPMF", e que acha o imposto digital atrativa. Ele ainda fez críticas a Sergio Moro e à Lava-Jato, além de admitir, pela primeira vez, que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais — na sua versão, com recursos do próprio senador e sem ligação com os depósitos de outros assessores de seu gabinete na Alerj na conta de Queiroz.

Leia a íntegra da entrevista, exclusiva para assinantes

Uma ala do governo, representada pelo ministro Rogério Marinho, defende expansão de gastos, enquanto o ministro Paulo Guedes prega austeridade. De que lado o senhor está?

É uma equação em que não dá para fazer mágica. Por um lado, se o Paulo Guedes segura e não faz loucuras, é porque já foram R$ 700 bilhões gastos no combate à pandemia, justamente o que estimávamos economizar em dez anos com a Reforma da Previdência. Por outro lado, acho que tem de haver uma certa flexibilização. Há obras paradas no Brasil há mais de dez anos. Acredito que o Paulo Guedes vai ter que dar um jeito de arrumar mais um dinheirinho para a gente dar continuidade a essas ações que têm impacto social e na infraestrutura.

O presidente Jair Bolsonaro admite que está discutindo a criação de um novo imposto, batizado no mundo político de “nova CPMF”. Como explicar que um governo que se elegeu com um discurso liberal fale em aumento de gastos e criação de imposto?

Não tem contradição nisso. Temos que tirar o peso tributário de setores importantes para geração de empregos e substituir por esse imposto digital, que não será uma CPMF. O Paulo Guedes ainda não apresentou o texto final, mas já falou em redução da carga tributária sobre folha de pagamento e de aumentar o limite de isenção de imposto de renda. Acho o imposto digital atrativo, porque tira carga de quem gera emprego e dos mais pobres e aumenta a base de contribuintes e diminui a sonegação.