Exclusivo para Assinantes
Política Sergio Moro

Integrantes do gabinete de Aras defendem sigilo de depoimento de Moro pelo menos até realização de diligências

Para nomes de confiança do PGR, dar publicidade ao depoimento e a supostas provas pode levar a uma destruição de outras evidências
O procurador-geral da República, Augusto Aras (em primeiro plano), pediu investigação sobre Moro e Bolsonaro Foto: Jorge William / Agência O Globo
O procurador-geral da República, Augusto Aras (em primeiro plano), pediu investigação sobre Moro e Bolsonaro Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA - Integrantes do gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras , defendem que o depoimento e as supostas provas apresentadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro sejam mantidos em sigilo, pelo menos até a realização de diligências no curso do inquérito que investiga tanto o ex-juiz quanto o presidente Jair Bolsonaro . Esta é a posição de procuradores escalados por Aras para acompanhar a oitiva de Moro, ouvido neste sábado na superintendência da PF em Curitiba , e de outros auxiliares diretos do procurador-geral.

Moro: Ex-ministro entregou à PF conversas dos últimos 15 dias com Bolsonaro

O entendimento desses integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) é que a publicização do depoimento e de supostas provas pode levar a uma destruição de outras evidências, que viriam a ser obtidas, por exemplo, numa busca e apreensão em gabinetes do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O material de Moro já teria chegado às mãos do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) , relator do inquérito aberto. Caberá a ele a decisão sobre tornar público ou não o material.

PGR: 'Ninguém está acima da Constituição', diz Aras após crítica de Moro a inquérito

Moro e Bolsonaro são formalmente investigados no inquérito , conforme determinação do ministro do STF. Quando se demitiu do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, no último dia 24, o ex-juiz da Lava-Jato fez uma série de acusações de crimes que teriam sido cometidos pelo presidente da República . Entre as acusações feitas está a de que Bolsonaro interferiu na atuação da PF para blindar interesses próprios.

O pedido para a abertura de inquérito partiu do procurador-geral da República. Aras pediu uma investigação sobre as acusações feitas por Moro, e incluiu no pedido supostos crimes atribuídos ao ex-ministro da Justiça. Celso de Mello determinou a abertura do inquérito, e colocou Bolsonaro e Moro como formalmente investigados.

Três procuradores da confiança de Aras foram designados para acompanhar o depoimento prestado neste sábado. Um entendimento inicial desses procuradores é que, apesar de o inquérito ser público, o depoimento e as supostas provas precisam ficar sob sigilo, como forma de garantir futuras diligências no curso das investigações, como buscas e apreensões. Outros integrantes do gabinete de Aras dizem que o caráter público do processo deve ser mantido, com exceção dos relatos e supostas provas que demandem diligências.

No Twitter: 'Há lealdades maiores do que as pessoais', diz Moro horas após depoimento

A decisão é exclusiva do ministro relator do inquérito no STF. É ele quem conduz o inquérito, com autorização de diligências, como, por exemplo, ouvir o presidente da República a respeito das acusações feitas.

Ainda não está decidido se Aras pedirá ou não a manutenção do sigilo para o depoimento e material fornecido por Moro. Até agora, a oitiva e as supostas provas são os únicos andamentos da investigação, aberta no último dia 27, três dias depois da demissão do ex-ministro da Justiça.