BRASÍLIA - Integrantes do gabinete do procurador-geral da República,
Augusto Aras
, defendem que
o depoimento e as supostas provas
apresentadas pelo ex-ministro da Justiça
Sergio Moro
sejam mantidos em sigilo, pelo menos até a realização de diligências no curso do inquérito que investiga tanto o ex-juiz quanto o
presidente Jair Bolsonaro
. Esta é a posição de procuradores escalados por Aras para acompanhar a oitiva de Moro,
ouvido neste sábado na superintendência da PF em Curitiba
, e de outros auxiliares diretos do procurador-geral.
O entendimento desses integrantes da
Procuradoria-Geral da República (PGR)
é que a publicização do depoimento e de supostas provas pode levar a uma destruição de outras evidências, que viriam a ser obtidas, por exemplo, numa busca e apreensão em gabinetes do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O material de Moro já teria chegado às mãos do ministro Celso de Mello, do
Supremo Tribunal Federal (STF)
, relator do inquérito aberto. Caberá a ele a decisão sobre tornar público ou não o material.
O pedido para a abertura de inquérito partiu do procurador-geral da República. Aras pediu uma investigação sobre as acusações feitas por Moro, e incluiu no pedido supostos crimes atribuídos ao ex-ministro da Justiça. Celso de Mello determinou a abertura do inquérito, e colocou Bolsonaro e Moro como formalmente investigados.
Três procuradores da confiança de Aras foram designados para acompanhar o depoimento prestado neste sábado. Um entendimento inicial desses procuradores é que, apesar de o inquérito ser público, o depoimento e as supostas provas precisam ficar sob sigilo, como forma de garantir futuras diligências no curso das investigações, como buscas e apreensões. Outros integrantes do gabinete de Aras dizem que o caráter público do processo deve ser mantido, com exceção dos relatos e supostas provas que demandem diligências.
A decisão é exclusiva do ministro relator do inquérito no STF. É ele quem conduz o inquérito, com autorização de diligências, como, por exemplo, ouvir o presidente da República a respeito das acusações feitas.
Ainda não está decidido se Aras pedirá ou não a manutenção do sigilo para o depoimento e material fornecido por Moro. Até agora, a oitiva e as supostas provas são os únicos andamentos da investigação, aberta no último dia 27, três dias depois da demissão do ex-ministro da Justiça.