A COP30 vai fazer com que o Pará tenha “dois Círios de Nazaré” no turismo no ano que vem. A analogia, a partir de uma das maiores festas católicas do mundo, no segundo domingo de outubro, é usada pelo professor de Administração da Universidade da Amazônia Mário César Carvalho para se referir ao fluxo de turistas que devem vir ao estado com o encontro ambiental no ano que vem.
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— A diferença é que o fluxo do Círio é de seis dias, e o da COP30 talvez seja de 20 a 25 dias — compara.
A estimativa da Fundação Getulio Vargas (FGV) e das autoridades paraenses é que mais de 40 mil pessoas passem por Belém nos principais dias da COP30. Somente a chamada “família COP”, formada por equipes da ONU e delegações de países-membros, deve reunir mais de sete mil pessoas.
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Para Carvalho, há preocupação quanto à infraestrutura da cidade, como na mobilidade urbana, e risco de investimentos desnecessários em hotelaria de alto padrão.
Isabela Valle de Lima, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) do Pará e coordenadora da Câmara de Turismo da Associação Comercial do Pará (ACP), diz que já é sentido o aumento do número de “passantes” no estado.
— Não só por causa da divulgação do evento, que projetou o Pará, mas por conta de reuniões que já têm acontecido, como a Cúpula da Amazônia (entre 8 e 9 de agosto do ano passado).
Em 2023, o estado recebeu 1,04 milhão de turistas, equiparando-se a 2019, segundo dados da Secretaria estadual de Turismo (Setur) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA).
A capital segue o principal destino (835 mil turistas), mas o Pará também tem cartões-postais como a praia de Alter do Chão e a Ilha de Marajó. Para o secretário estadual de Turismo, Eduardo Costa, o setor hoteleiro precisa se adequar para receber o público da conferência:
— São necessários investimentos de retrofit e adequações nos meios de hospedagem da cidade, que concentram perfis nas classes C e D, para perfis nas classes A e B.
O uso de transatlânticos e a reforma de escolas são pensados como alternativas de hospedagem . O governo do Pará firmou parceria com o Airbnb para atender os visitantes.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o governo estadual já anunciaram a contratação de R$ 140 milhões em crédito para o setor de turismo, com foco em hotéis, bares e restaurantes de Belém.
Ampliação aérea
As principais companhias aéreas já preparam a ampliação de suas operações no estado, com a conferência.
A partir de março, a Azul, que opera em média 38 voos diários para 17 cidades do Pará, aumentará a frequência das ligações entre Belém e Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, de quatro para seis vezes por semana.
A partir de abril, esses voos serão diários. A Azul também vai intensificar a ligação entre a capital do Pará e Guarulhos. Outro incremento é o início das operações em Ourilândia do Norte, a partir de junho, com dois voos semanais para Belém.
A Latam anunciou que, a partir de março, oferecerá a conexão voluntária em Belém. A modalidade possibilitará ao passageiro adicionar uma parada de até dois dias na cidade, sem custo adicional na passagem, antes de seguir para outros estados brasileiros.
A Gol Linhas Aéreas informou que pretende expandir a malha doméstica e internacional no período da COP30 em Belém. Atualmente, a empresa opera 464 pousos e decolagens mensais em Belém, Carajás, Marabá e Santarém. A capital conta, ainda, com voos regulares da Gol para Paramaribo, capital do Suriname.