Meio ambiente
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Por O Globo — Rio de Janeiro

A geografia do Pará atrai investimentos voltados para as exportações. E uma população com crescente capacidade de compra exige mais pontos de distribuição de mercadorias. Os dois fatores turbinam os investimentos em logística no estado.

A expectativa é que os R$ 38 bilhões em investimentos em infraestrutura em quatro anos previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal criem condições para que o chamado Arco Norte seja a porta de saída de uma fatia cada vez maior da safra de grãos do Centro-Oeste.

A região produziu cerca de metade dos 193 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no ano passado.

Segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), 37% dos granéis agrícolas exportados, como milho e soja, passaram pelos nove portos representados pela entidade, seis deles no Pará.

Há 15 anos, essa participação era de 14%. Com o PAC, a associação estima que vai chegar a 50%.

— Seremos o maior corredor porque teremos o menor custo — prevê Flávio Acatauassú, presidente da Amport, ressaltando que a rota será composta também por hidrovias, que consomem a metade do combustível do modal ferroviário e 5% do rodoviário.

Infográfico mostra como funciona a rota da safra — Foto: Editoria de arte
Infográfico mostra como funciona a rota da safra — Foto: Editoria de arte

Foco em hidrovias

Dos 45 projetos de transporte previstos para o Pará, 22 são de portos e hidrovias. Portos de cinco cidades do estado terão investimentos, a maior parte em arrendamentos de terminais para grãos ou minerais.

O canal de acesso do Porto de Belém será dragado até novembro de 2025. No Rio Tocantins, está prevista a remoção de pedras do leito em Itupiranga, a construção de eclusas no trecho próximo à divisa com o Tocantins e a sinalização para navegação.

Belém: porto da capital receberá investimentos até 2025 — Foto: Agência Bélem
Belém: porto da capital receberá investimentos até 2025 — Foto: Agência Bélem

Entre as obras rodoviárias, a construção do trecho da BR-230 entre Medicilândia e Rurópolis beneficiará a agricultura familiar e a ligada à bioeconomia.

Ferrogrão: desafio decisivo

Tirar a Ferrogrão do papel é visto como decisivo para o Pará. O projeto da estrada de ferro de 933 quilômetros ligando Sinop (MT) ao porto paraense de Miritituba surgiu em 2014, formulado por gigantes do agro como Bunge e Amaggi e apoiado por sucessivos governos, mas a obra ainda não começou.

Em 2020, a lei que mudou os limites do Parque Nacional do Jamanxim para viabilizar a ferrovia foi contestada no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve dar uma decisão final em março.

— Defendemos a Ferrogrão para desafogar a BR-163 (paralela ao traçado proposto para a ferrovia) e reduzir inclusive a emissão de gases do efeito estufa pelo transporte de grãos vindos de Mato Grosso — diz Alex Dias Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).

Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) — Foto: Divulgação/Fiepa
Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) — Foto: Divulgação/Fiepa

Marcos Ganut, sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, pondera que a Ferrogrão é de difícil viabilidade. Concorre com ferrovias já existentes ou em construção, ameaça devastar uma área ainda indefinida de floresta e demanda alto investimento. Foi orçada em R$ 21 bilhões, o que está sendo revisto no STF.

O Ministério dos Transportes diz trabalhar numa solução “ambientalmente sustentável”. Os estudos devem ser concluídos até junho.

O Pará também atrai grandes varejistas. Apesar de a região corresponder a apenas 3,2% do volume de vendas do e-commerce no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), o potencial de crescimento fez do estado um ponto estratégico de distribuição.

No ano passado, a gigante asiática do comércio eletrônico Shopee instalou um hub logístico em Ananindeua, de ondem saem encomendas para cidades do entorno. O Mercado Livre tem um centro de serviços em Benevides e cinco pontos de apoio em Abaetetuba, Capanema, Marabá, Paragominas e Goianésia do Pará.

Centro de Distribuição da RaiaDrogasil em Benevides, no Pará — Foto: Divulgação
Centro de Distribuição da RaiaDrogasil em Benevides, no Pará — Foto: Divulgação

A FedEx, que atua em Belém desde 2012, abriu um novo centro de distribuição. O pátio da unidade tem 10 mil m², para receber mais carretas. Luiz Paulo da Costa Rodrigues, diretor de Operações da regional Norte da FedEx, explica que o veículo é fundamental para o transporte fluvial que conecta mais de 80 municípios:

— As carretas são movidas em balsas pelo Rio Amazonas, diariamente, de acordo com o horário da maré, entre Belém, Manaus, Macapá e Santarém.

O grupo de drogarias RaiaDrogasil inaugurou em fevereiro um novo centro em Benevides, com investimentos de R$ 50 milhões e 11.220m2.

— O Pará, principalmente Belém, tem uma grande população, e com renda. A maneira de atender a essa demanda é estando lá, saindo de uma estratégica mais nacional e indo para uma mais regional — diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

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