Economia
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Por — Rio de Janeiro

Em discurso a uma plateia de investidores internacionais e autoridades do governo da Arábia Saudita nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) projetou um "salto de qualidade extraordinária" no país quando tiver início a exploração de petróleo na Margem Equatorial. O projeto, estudado pela Petrobras em uma ampla região que inclui a foz do Rio Amazonas, despertou preocupação do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama no ano passado devido a eventuais riscos ambientais.

Dirigindo-se aos "companheiros sauditas", Lula exaltou a Petrobras e afirmou que a empresa brasileira está "quase disputando" com petrolíferas sauditas em termos de participação no mercado de petróleo. Em seguida, Lula defendeu o projeto na Margem Equatorial "respeitando o meio ambiente", mas frisou que o país não pode "desperdiçar nenhuma oportunidade".

— Queria dizer aos meus companheiro sauditas, ministros e empresários de forma muito taxativa. A nossa Petrobras está quase disputando com a (petrolífera saudita) Aramco. Na hora que começarmos a explorar a Margem Equatorial, vamos dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, mas não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de crescer — afirmou o presidente.

Margem equatorial - Mapa — Foto: Divulgação/Agência Petrobras
Margem equatorial - Mapa — Foto: Divulgação/Agência Petrobras

Antes, Lula também havia defendido que o Brasil é um dos países com matriz energética "mais limpas do mundo", citando o histórico do país de apostar em biocombustíveis. O presidente também se disse interessado em buscar parceiros externos para que o país, em lugar de exportar matérias-primas, invista em cadeias de produção limpas no próprio Brasil, dando como exemplo a produção de carros elétricos.

O discurso de Lula ocorreu no FII Priority Summit, evento organizado pelo Future Investment Initiative Institute ("Instituto Iniciativa de Investimento no Futuro", em tradução literal). O instituto é uma entidade sem fins lucrativos financiada pelo Fundo de Investimento Público (FIP), ligado ao governo da Arábia Saudita. O evento pela primeira vez é realizado no Rio, no hotel Copacabana Palace.

Em rápida conversa com jornalistas após o evento, Lula reafirmou a vontade de fazer um "debate técnico" sobre exploração de petróleo na Margem Equatorial, e reclamou do que chamou de "polemização" sobre o projeto.

— Você tem petróleo em um lugar, a Guiana está explorando, Suriname e Trinidad e Tobago também estão, e você vai deixar o seu sem explorar? O que temos que fazer é garantir que a questão ambiental será levada 100% a sério.

Antes da fala do presidente brasileiro, um dos palestrantes do evento foi o saudita Yasir Al-Rumayyan, responsável pela gestão do fundo. Rumayyan também está à frente de empresas como a petrolífera Aramco e do clube de futebol Newcastle, da Inglaterra.

A realização do evento no Rio se soma a movimentos de aproximação entre o governo brasileiro e a Arábia Saudita, recentemente convidada a fazer parte dos Brics — bloco de economias em desenvolvimento que contava originalmente com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A Margem Equatorial — Foto: Reprodução / Google maps
A Margem Equatorial — Foto: Reprodução / Google maps

Com o mote "investir em dignidade", o evento discute iniciativas como inclusão social, transição energética e sustentabilidade. São pautas que têm ganhado interesse crescente da monarquia saudita, que busca renovar a imagem tradicional de país exportador de petróleo.

Rumayyan, que sentou-se ao lado de Lula no plenário do evento, afirmou durante sua apresentação que o investimento saudita em transição energética representa uma oportunidade para que países do Sul Global, como o Brasil, se "reajustem e atinjam o mesmo nível do Norte Global" em termos econômicos e sociais.

O Fundo de Investimento Público saudita tem reservado cerca de US$ 200 milhões, nos cálculos de Rumayyan, para investimentos em outros países, como o Brasil, em uma gama de áreas que vai de tecnologia a mineração.

O gestor do fundo saudita também argumentou que "cada vez menos pessoas investem em combustíveis fósseis", e que por isso a Arábia Saudita decidiu renovar sua matriz energética. A meta do país é que metade de sua matriz seja de fontes renováveis até 2030.

— Não estamos investindo (em transição energética) só por ser bom para o mundo, mas também para fazer uma energia que tenha realmente um bom custo-benefício. Também estamos gerando renda e criando empregos com esse investimento — afirmou.

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