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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 18/06/2024 - 00:00

Queimadas no Brasil: Impactos Ambientais

Nos últimos 40 anos, queimadas atingiram um quarto do território brasileiro, com mais de 68% de vegetação nativa afetada. Focos principais no Cerrado e Amazônia, com alta recorrência de incêndios. Pantanal e Caatinga também enfrentam impactos significativos. Queimadas são resultado do desmatamento e práticas agrícolas, com preocupações ambientais em relação ao equilíbrio ecológico.

Um quarto dos hectares brasileiros pegou fogo ao menos uma vez nas últimas quatro décadas. É o que aponta um levantamento do MapBiomas divulgado nesta terça-feira. Entre 1985 e 2023, 199,1 milhões de hectares foram queimados no país, o equivalente a 23% do território nacional. A análise destaca que mais de dois terços da área afetada pelo fogo (68%) foi de vegetação nativa, enquanto os outros 32% possuem ocupação humana, principalmente para pastagem e agricultura.

O MapBiomas ressalta que, nas quatro décadas, quase metade da área queimada (46%) está concentrada no Mato Grosso, Pará e Maranhão, e 60% do território queimado corresponde a imóveis privados. Os municípios que mais queimaram no período foram Corumbá (MS), no Pantanal, seguido por São Félix do Xingu (PA), na Amazônia, e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerado.

A média anual é de 18,3 milhões de hectares afetados pelo fogo, 2,2% do território nacional. A maioria das queimadas se dá na estação seca, entre julho e outubro, concentrando 79% dos casos. Os dados também apontam que cerca de 65% da área afetada pelo fogo no país foi queimada mais de uma vez estes 39 anos.

Esta recorrência é mais comum no Cerrado que, junto com a Amazônia, concentra cerca de 86% da área queimada pelo menos uma vez no Brasil no período. Foram 88,5 milhões de hectares queimados no Cerrado, 44% do total nacional, enquanto 82,7 milhões de hectares do território amazônico pegou fogo nos últimos 40 anos (42%).

Os pesquisadores destacam, entretanto, que embora os números absolutos de áreas queimadas sejam semelhantes, os biomas têm tamanhos diferentes. No caso do Cerrado, a área atingida pelo fogo equivale a 44% do seu território. Já na Amazônia, o percentual foi de 19,6%.

O MapBiomas ressalta a existência de diferença na característica do fogo em cada um dos biomas. Na Amazônia, as queimadas são causadas, principalmente, pelo desmatamento e práticas agrícolas, o que provoca perda de biodiversidade. O Cerrado, por sua vez, é mais adaptado ao fogo, já que depende de queimadas naturais e controladas para manter o ecossistema. Entretanto, mudanças no regime natural do bioma relacionadas à expansão agropecuária e uso indevido do fogo preocupam ambientalistas.

— O Cerrado tem sofrido com altas taxas de desmatamento, o que resulta no aumento de queimadas e no risco de se tornarem incêndios descontrolados. Desta forma, ocorre uma alteração no regime natural do fogo, trazendo impacto negativo no equilíbrio ecológico— explica Vera Arruda, coordenadora técnica do MapBiomas Fogo e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Outros biomas afetados

O Pantanal foi o bioma que, proporcionalmente, teve território mais queimado nos últimos 40 anos. Foram 9 milhões de hectares, 59,2% do seu total. No ano passado, foram mais de 600 mil hectares queimados. O bioma, também adaptado ao fogo, enfrenta queimadas intensas devido às secas prolongadas, em que qualquer foco pode trazer impactos significativos para a biodiversidade.

Na Caatinga, o fogo atingiu quase 11 milhões de hectares no período, o equivalente a 12,7% do bioma. Por lá, as queimadas são frequentemente utilizadas para manejo do solo agrícola e potencializadas pelas secas prolongadas.

A Mata Atlântica, por sua vez, teve 7,5 milhões de hectares afetados pelo fogo, 6,8% de sua área total. O bioma, que é altamente sensível ao fogo nas áreas naturais remanescentes, vem aumentando a vulnerabilidade a incêndios, segundo o MapBiomas.

Já no Pampa, foram 518 mil hectares, o equivalente a 2,7% de seu território. As queimadas no bioma com vegetação campestre são pequenas e pouco frequentes, uma vez que o uso do solo para pasto resulta em baixo acúmulo de biomassa inflamável.

"Usado para desmatamento"

Representantes de órgãos ambientais que estavam presentes no lançamento da coleção nova de dados do MapBiomas afirmam que o mapeamento histórico da ocorrência de incêndios ajuda a entender certas transformações que vêm ocorrendo no país. O uso criminoso de fogo para queimar madeira remanescente após o desmate, por exemplo, está sendo antecipado.

— Na Amazônia hoje, nós temos visto fogo sendo usado diretamente para o desmatamento — conta Paulo Russo, analista do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade), que planeja ações de combate a fogo em unidades de conservação.

Para Luiz Motta, que coordena ações do programa PrevFogo pelo Ibama, o entendimento melhor do território e sua relação com o fogo no tempo ajuda no trabalho de treinamento de brigadas de combate a incêndios.

Segundo ele, entender quão frequente é o fogo em cada área permite coordenar comunidades afetadas, podem ajudar, incluindo em terras indígenas.

— O lado das comunidades tradicionais precisa entender o lado científico, e vice-versa — diz Motta.

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