Política Coronavírus

'Não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta. No momento', diz ministro da Casa Civil

'Em política, quando fala 'não existe', a pessoa já fala 'existe', comenta Mandetta
O ministro da casa Civil, Braga Netto 25/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O ministro da casa Civil, Braga Netto 25/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA — O ministro da Casa Civil, Braga Netto , disse nesta segunda-feira que, neste momento, não existe a ideia de demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Mandetta ganhou protagonismo em razão das ações de enfrentamento ao novo coronavírus , que já matou 159 pessoas no Brasil, e tem dado recomendações contrárias ao que quer o presidente Jair Bolsonaro .

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— Deixar claro para vocês: não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta. Isso aí está fora de cogitação. No momento. Tá certo? Não existe — disse Braga Netto, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Mandetta, que também participou da coletiva, comentou em seguida:

— Em política, quando fala "não existe", a pessoa já fala "existe".

Depois, o ministro admitiu que "está todo mundo estressado" no governo, mas afirmou que "enquanto estiver nominado" irá trabalhar com "ciência, técnica e planejamento":

— A questão de ficar ou não ficar, eu já falei duas ou três vezes, enquanto eu tiver nominado, eu vou trabalhar com a ciência, com a técnica e com o planejamento — disse, acrescentando: — O demais é só uma questão de estresse um pouco mais alto. Tem hora que o Tarcísio, briga comigo, tem hora que o Onyx briga comigo, eu brigo com o Braga, o Braga puxa, o Fernando me puxa a orelha. É uma casa que hoje está todo mundo estressado, por conta de um grande, um enorme problema para todos as nações do mundo.

Na entrevista coletiva hoje, Mandetta voltou a contrariar o presidente e pedir que sejam mantidas as recomendações de isolamento social feitas pelos estados para conter o avanço da epidemia do novo coronavírus , que já matou 159 pessoas e contaminou 4.579 no país .

Os conflitos entre Bolsonaro e Mandetta se intensificaram nos últimos dias. Neste domingo, Bolsonaro saiu do Palácio da Alvorada para percorrer várias cidades satélites, onde conversou com ambulantes e comerciantes, apertou a mão deles e não manteve a distância segura recomendada pelas organizações de saúde do mundo inteiro e do próprio Ministério da Saúde.

A visita do presidente a locais com concentração de pessoas foi vista como mais um gesto para desautorizar Mandetta. Pessoas próximas ao ministro disseram ao GLOBO que, durante a semana, o ministro chegou a classificar a situação como “insustentável”. Conselheiros, então, entre os quais o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reforçaram os apelos para ele “aguente o tranco” e “toque o barco”. A avaliação unânime levada a Mandetta é a de que, hoje, os brasileiros confiam no ministro e precisam do trabalho que ele tem desempenhado.

Incomodado com o protagonismo do ministro da Saúde, o presidente decidiu acabar com as entrevistas coletivas concedidas diariamente pela equipe da pasta. Com isso, os anúncios do governo federal, inclusive os da área da saúde, começaram hoje a serem feitos no Palácio do Planalto, também como uma forma de transmitir a imagem de união entre saúde e economia preconizadas pelo presidente no combate à crise.