Brasil
PUBLICIDADE

Por Aline Ribeiro


A Praça Santa Isabel, que ficou conhecida como nova Cracolândia, após a retirada dos usuários de drogas e antes, ainda tomada por barracas — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
A Praça Santa Isabel, que ficou conhecida como nova Cracolândia, após a retirada dos usuários de drogas e antes, ainda tomada por barracas — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Começa a funcionar parcialmente nesta terça-feira (17) o serviço de atendimento de dependentes químicos da Cracolândia no estacionamento do 77º Distrito Policial, na alameda Glete, no centro de São Paulo. A unidade concentra a maior parte dos casos envolvendo drogas na Cracolândia. De acordo com a Polícia Civil, policiais não irão participar da abordagem.

Segundo o secretário Executivo de Projeto Estratégicos da Prefeitura de São Paulo, Alexis Vargas, de início serão montadas quatro tendas no terreno com funcionamento 24 horas. A ideia é prestar atendimento tanto aos dependentes que se apresentarem voluntariamente em busca de ajuda quanto àqueles encaminhados à delegacia, envolvidos em alguma ocorrência.

- No começo, serão só essas quatro equipes dos Consultórios na rua. Nos próximos dias, vamos preparar o terreno para abrigar uma unidade mais robusta, talvez com espaço para um Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e acolhimento - afirmou Vargas.

Hoje, a Prefeitura disponibiliza 26 equipes dos chamados Consultórios na Rua, para atender dependentes químicos em diversas regiões da capital. Dez deles estão nas proximidades da Cracolândia. A intenção da secretaria é dobrar o número de tendas perto do fluxo. O secretário reforça que é a primeira vez que há uma coordenação conjunta entre o trabalho da polícia e da prefeitura para combater a Cracolândia.

Operação

Na última semana, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou mais uma etapa da operação Caronte na praça Princesa Isabel, que visa combater o tráfico de drogas na Cracolândia e espalhar os dependentes químicos. Segundo a polícia, a dispersão dos usuários facilita a erradicação da venda da droga e a busca dos usuários por tratamento. Dos 36 mandados de prisão, quatro foram cumpridos. Outros 32 suspeitos continuam foragidos.

De acordo com o delegado seccional Roberto Monteiro, responsável pelos distritos da região central, a operação “expôs as entranhas da Cracolândia”, e desvendou a atuação, neste território, da facção paulista que atua dentro e fora dos presídios brasileiros.

- Comprovamos nos inquéritos policiais que a facção faturava entre R$ 100 e 200 milhões no antigo fluxo da praça Júlio Prestes, e continuou ganhando o mesmo na Princesa Isabel. Ali existia o aluguel do espaço público para o traficante - disse Monteiro.

A operação foi batizada de "Caronte" em referência ao barqueiro que, segundo a mitologia grega, conduz as almas do mundo dos vivos até o mundo dos mortos. Foram empregados cerca de 650 agentes, entre policiais civis, militares, guardas-civis, equipes da Saúde e da Assistência Social.

Depois da operação, usuários se dispersaram por vários pontos da cidade, chegando até a Barra Funda, na região Oeste. Depois de vagar pelo Centro e obrigar comerciantes de fecharem as portas, os dependentes voltaram a se fixar na rua Helvétia, perto da Avenida São João, que há anos abriga a maior concentração de usuários. O local havia sido liberado havia poucos dias, quando ocorrer a migração para a Princesa Isabel.

De acordo com Monteiro, são os traficantes que definem os novos locais em que usuários e dependentes irão se instalar.

- Os traficantes caminham e levam com eles os dependentes. É o traficante que dá ao usuário a viagem que ele necessita. O usuário vê no traficante a pessoa que o resgata do mundo real e o leva para o fantasioso, em outra dimensão - pontuou.

Investigação

O Ministério Público de São Paulo instaurou na última sexta-feira um inquérito civil para apurar as intervenções recentes da prefeitura de São Paulo na região da Cracolândia.

Segundo o MP-SP, os promotores Reynaldo Mapelli, Arthur Pinto Filho, Luciana Bergamo e Marcus Vinicius vão avaliar o "fluxo utilizado pela municipalidade para a internação, voluntária ou não, de eventuais dependentes químicos". Ainda será averiguada a eventual escolha da internação como objetivo maior em cada abordagem de usuário, bem como os tratamentos dispensados nos locais de internação.

Também será objeto de investigação a execução do projeto Redenção e o acompanhamento, pelas equipes de assistência social, aos que foram eventualmente encaminhados às comunidades terapêuticas.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Consumidor pode 'reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação' 'em trinta dias, tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis', caso de produtos como o café

Comprou café impróprio para consumo? Veja como proceder; Ministério da Agricultura reprovou 16 marcas

No Instagram, PA fica atrás apenas dos aposentados Usain Bolt e Caitlyn Jenner; ele é o segundo representante brasileiro mais seguido

Atleta do Brasil nos 100m rasos, ex-BBB Paulo André é esportista do atletismo com mais seguidores no mundo nas redes sociais

David Pina conquistou torcida com cabelo no formato de Mickey Mouse

Primeiro medalhista de Cabo Verde teve de parar preparação para Paris-2024 para trabalhar como pedreiro em Portugal: 'Dinheiro acabou'

Haverá recepcionistas bilíngues, que darão informações sobre o estado do Rio aos visitantes

Galeão nas alturas: com quase o dobro de conexões doméstico-internacionais, terminal vai centro de informações turísticas

Brasileira pode conquistar nova medalha em Paris hoje. Rebeca Andrade é favorita ao pódio

Rebeca Andrade nas Olimpíadas: onde assistir e qual é o horário da final do salto da ginástica artística

Quais são as marcas e as técnicas que procuram diminuir o impacto negativo sobre o meio ambiente da roupa mais democrática do planeta

Conheça alternativas para tornar a produção do jeans mais sustentável

Fotógrafos relatam como foi o processo de concepção das imagens em cartaz na Casa Firjan, em Botafogo

Lavadeira, barbeiro, calceteiro: exposição de fotos em Botafogo enfoca profissões em extinção

‘Queremos criar o museu do theatro’ revela Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal

Theatro Municipal pode ganhar museu para expor parte do seu acervo de 70 mil itens