O governo federal dispensou nesta terça-feira o diretor-executivo e o diretor de inteligência da Polícia Rodoviária Federal. As movimentações ocorrem em meio à crise na corporação envolvendo a morte de um homem por asfixia dentro de uma viatura da corporação e a participação da PRF na operação Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, onde 23 pessoas foram mortas.
Jean Coelho e Allan da Mota Rebello, respectivamente, eram subordinados ao diretor-geral Silvinei Vasques, que permanece no cargo. As dispensas foram publicadas no Diário Oficial da União e são assinadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Em Sergipe, o homem de 38 anos foi algemado e colocado dentro do porta-malas da viatura enquanto saía fumaça de dentro do carro. Imagens da ação foram amplamente compartilhadas nas redes sociais na semana passada. A vítima, identificada como Genivaldo de Jesus Santos, chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
O presidente Jair Bolsonaro lamentou o ocorrido nesta segunda-feira, mas afirmou que "não podemos generalizar tudo o que acontece" no Brasil. Ele defendeu a PRF e disse que a corporação faz um trabalho "excepcional".
Assim como na semana passada, Bolsonaro iniciou sua fala sobre a morte de Genivaldo lembrando o assassinato de dois policiais rodoviários federais no Ceará. Antes mesmo de lamentar o caso de asfixia, ele lamentou o episódio com os dois agentes.
O outro ponto de tensão dentro da corporação envolve a participação de policiais rodoviários federais na operação na Vila Cruzeiro, na Penha, na terça-feira. A ação foi em apoio à Polícia Militar e, até o momento, resultou em 23 mortos.
O procurador da República Eduardo Benones, coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial, no âmbito federal, pretende ouvir parte dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na ação.
Procurada, a PRF não se manifestou até o momento. O Ministério da Justiça informou que as saídas dos diretores foram definidas em "meados de maio", mas não deram mais detalhes.
Segundo a colunista do GLOBO Bela Megale, os diretores foram designados para a função de oficial de ligação no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, nos Estados Unidos. O prazo da missão é de dois anos. O acerto para a troca de cargo aconteceu uma semana antes da morte de Genivaldo de Jesus dos Santos por asfixia dentro da viatura. Na corporação, a nomeação para postos internacionais é vista como um "prêmio". Ambos integravam a cúpula do órgão responsável pelos agentes que asfixiaram Genivaldo.
As portarias com as novas atribuições dos policiais foram publicadas no dia 17 de maio no Diário Oficial da União. Jean será o chefe da missão e Allan seu substituto.
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