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Por Daniel Biasetto — Rio de Janeiro


 Rubens Villar Coelho ou Ruben Dario da Silva Villar , conhecido como 'Colômbia' é apontado como chefe do esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico por meio da pesca ilegal no Vale do Javari — Foto: Divulgação
Rubens Villar Coelho ou Ruben Dario da Silva Villar , conhecido como 'Colômbia' é apontado como chefe do esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico por meio da pesca ilegal no Vale do Javari — Foto: Divulgação

A decisão da Justiça Federal do Amazonas de conceder liberdade provisória a Ruben Dario da Silva Villar ou Rubens Villar Coelho, o Colômbia, no processo ao qual ele responde por documentos falsos, acendeu o alerta para o desconhecimento de sua real identidade pelas autoridades e a possibilidade de "fuga sem retorno" do principal suspeito de ordenar as mortes do indigenista da Funai Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philllips, durante emboscada no Vale do Javari, em 5 de junho. Colômbia seguirá preso por conta de outro mandado de prisão, este por associação armada ligada a crimes ambientais, onde se investiga a sua relação com o crime brutal e a liderança de um organização criminosa que usa a pesca ilegal na região para lavar dinheiro do narcotráfico na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru.

No recurso contra a liberação de Colômbia enviado na última quinta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça, ao qual O GLOBO teve acesso, a procuradora da República Aline Morais se manifestou pelo indeferimento do pedido de liberdade provisória até que fossem sanadas todas as dúvidas sobre a "tripla identidade" de Colômbia, que possui documentos brasileiros, colombianos e peruanos.

O juiz Fabiano Verli, da Vara Federal Cível e Criminal de Tabatinga-AM, reconheceu a confusão que paira sobre a real identidade de Colômbia e o "risco elevado de fuga", mas concedeu liberdade ao acusado com medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e pagamento de fiança de R$ 15 mil, além da entrega de passaporte e a proibição de se ausentar do país. Por entender que a monitoração eletrônica "não está acessível nesta parte do território de modo confiável e constante" decidiu que Colômbia deveria ficar em Manaus e não nas cidades onde possui residência fixa.

" No caso concreto, entendo que já temos documentos relativos a Ruben, ou Rubens. Mesmo que múltiplos e mesmo que haja algumas inconsistências nos assentos colombianos, documentos há. É verdade que a conduta do preso é lastimável. Ele criou esse problemão para si. Não foi o MPF ou a PF. Não obstante isso, reafirmo: há documentos por onde se começar uma busca em caso de fuga".

De acordo com o juiz Fabiano Verli, as investigações contra "Colômbia" não são triviais. "A sua nacionalidade estrangeira não é trivial quando se fala em estímulo a possível fuga. O seu hábito de criar documentos falsos não é trivial quando se refere à análise de sua personalidade, de suas intenções e da possibilidade de a fuga ser uma opção", afirma o magistrado na decisão.

O MPF discordou da decisão e alegou que "a atual incerteza acerca do nome ou da naturalidade do requerente não poderia ser motivo para concessão do decreto liberatório" e que "declinaram-se nos autos dados técnicos fornecidos por laudo pericial da Polícia Federal e também informação prestada pelo Vice-Consulado do Brasil em Letícia, na Colômbia, com indicação de que ainda não está sanada a dúvida sobre a identidade do requerente".

'Múltiplos documentos'

 Flutuante de Colômbia', apontado como mandante do assassinato de indigenista e jornalista inglês, onde são armazenados materiais para pesca ilegal — Foto: Arquivo pessoal
Flutuante de Colômbia', apontado como mandante do assassinato de indigenista e jornalista inglês, onde são armazenados materiais para pesca ilegal — Foto: Arquivo pessoal

No recurso impetrado pelo MPF contra a decisão de soltar Colômbia, o MPF critica a sentença do juiz e aponta razões insuficentes para conceder a liberdade uma vez que o próprio juiz reconhece a possibilidade de fuga.

"Fundamentou-se somente na suposta existência de documentos capazes de identificar o requerente e na possibilidade de se começar uma busca em caso de fuga. As razões são insuficientes, já que o próprio Juízo a quo reconheceu que o requerente possui múltiplos documentos, inclusive com nome distintos, e algumas inconsistências nos seus assentos civis colombianos".

O MPF acredita ainda que , em caso de fuga, as autoridades brasileiras encontrarão dificuldades para encontrar Colômbia, que ainda segue investigado pela PF, já que ele não possui residência fixa em Benjamim Constant, como entende a Justiça, mas sim em Islândia, no Peru.

"As buscas em caso de fuga do requerente também não serão efetivas, já que ele não possui residência fixa em Benjamin Constant (AM), mas sim na cidade de Islândia, no Peru. Mandados de prisão não poderão ser cumpridos da melhor forma, embora se reconheça que o Estado Peruano, por vezes, preste assistência mútua ao Brasil em matéria penal. Islândia fica afastada dos grandes centros urbanos. Não há policiamento suficiente e a cidade, mas conhecida como ilha, sofre com a insuficiência de órgãos estatais peruanos".

Durante uma operação realizada em agosto, nos endereços de Colômbia, a PF afirmou ter encontrado a real identidade dele: Ruben Dario da Silva Villar. No entanto, no próprio pedido de liberdade apresentado à Justiça pela defesa de Colômbia, o nome dele aparece diferente, como Rubens Villar Coelho.

Em nota, o Ministério Público Federal disse que o recurso ainda aguarda decisão da Justiça Federal. Procurados pelo GLOBO, a PF e o juiz Fabiano Verli não quiseram comentar.

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