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Por Arthur Leal — Rio de Janeiro

Recrutadas para os Estados Unidos pela falsa guru espiritual Katiuscia Torres Soares, de 34 anos, que está presa em Minas Gerais, e envolvidas em uma espécie de seita em solo americano que funcionava como cortina de fumaça para um suposto esquema de tráfico internacional de pessoas e exploração sexual, como apontam as investigações do Ministério Público Federal (MPF), as jovens Letícia Maia Alverenga, de 21 anos, e Desirrê Freitas, de 26, estão de volta ao Brasil. Ambas foram deportadas após terem sido detidas em solo americano com documentação irregular. Nesta quinta-feira (29), Letícia prestou depoimento à Polícia Civil, na delegacia da cidade de Perdões (MG), que, em outubro, abriu um inquérito após a garota ter gravado um vídeo, afirmando que ela e as irmãs eram abusadas sexualmente pelo próprio pai na infância. Ela desmentiu as graves acusações e disse que agiu a mando de Kat Torres, que queria afastá-la de parentes e amigos.

O GLOBO teve acesso com exclusividade a trechos do depoimento dado por Letícia Maia. A garota, assim como Desirrê, afirma ser vítima da mulher que se diz bruxa, o que ainda é investigado pelas autoridades. Ao delegado Pedro de Queiroz Monteiro, ela disse categoricamente que nunca houve qualquer tipo de abuso por parte de seu pai, ao contrário do que havia afirmado nas imagens, e apontou que Katiuscia Torres a obrigava a gravar este e outros vídeos nas redes sociais. Ela não deu detalhes sobre como eram feitas as ameaças; a expectativa é de que ela colabore com essas informações em oitiva ao MPF, marcada para janeiro.

A reportagem procurou o advogado da jovem, Luiz Henrique Santana, que endossou a declaração.

– Ela negou que houvesse qualquer abuso, disse que foi instruída (por Kat Torres) a dizer isso para manter a família afastada – disse Santana. – O delegado disse que irá pedir o arquivamento deste inquérito.

Questionado, o advogado acrescentou, ainda, que Letícia também mentiu a mando da falsa guru sobre as acusações feitas à top model brasileira Yasmin Brunet, que foi atacada após ter tentado ajudar as garotas, ao ler sobre o desespero das famílias, que as davam como desaparecidas. Ela, Desirrê e Kat respondem na Justiça por calúnia, difamação e ameaça contra Brunet. A reportagem tentou contato com o advogado da modelo, Robson da Cunha, que ainda não se posicionou.

'Percebi que estava sendo manipulada'

Além de vídeos, Kat Torres teria manipulado também mensagens e telefonemas feitos pelas garotas a parentes e amigos, que tentavam demovê-las da ideia de permanecer com a falsa guru. A corda apertou ainda mais quando os pais e colegas das garotas as deram como desaparecidas e resolveram recorrer às autoridades, à mídia e às redes sociais.

Além disso, Letícia Maia conta que percebeu que estava sendo enganada quando ela, Desirrê e a mentora, Katiuscia, foram presas em Maine, nos EUA. Ela narra que Kat, àquela altura, já havia recebido várias ligações da polícia americana, por conta de toda a repercussão que o caso já havia tomado no Brasil. Segundo a jovem, Torres alinhou com ela e com Desirrê o que ambas deveriam dizer perante as autoridades estadunidenses – sem dar detalhes do teor. E foi o que aconteceu. De acordo com ela, justamente por isso, os policiais estranharam as falas nitidamente "decoradas" das duas e resolveram mantê-las presas. Foi quando, na versão dela, tiveram os vistos cancelados e foram levadas a uma prisão para imigrantes na Geórgia.

Letícia Maia Alvarenga: jovem sorriu ao ser presa pela polícia de imigração dos EUA, em Maine — Foto: Franklin County Sheriff's Office / Reprodução
Letícia Maia Alvarenga: jovem sorriu ao ser presa pela polícia de imigração dos EUA, em Maine — Foto: Franklin County Sheriff's Office / Reprodução

Letícia Maia revela que, só depois disso, caiu a ficha de que estava sendo "manipulada todo o tempo". A jovem detalhou também que, durante o período de detenção na prisão para imigrantes, ela e Desirrê conversaram com investigadores que, ainda segundo ela, perceberam que ambas eram vítimas de Kat Torres e, por isso, deram um prazo de três meses para que deixassem os EUA, em esquema de deportação voluntária informado pelo GLOBO no mês passado. Ambas, no entanto, optaram em retornar às famílias, no Brasil. Voltaram juntas em um voo no último dia 21.

Kat, Desirrê e Letícia, em última foto publicada antes de terem sido presas nos EUA — Foto: Reprodução
Kat, Desirrê e Letícia, em última foto publicada antes de terem sido presas nos EUA — Foto: Reprodução

Kat Torres está presa preventivamente no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte (MG). Ao contrário de Letícia e Desirrê, ela foi imediatamente deportada dos EUA ao ser presa, porque, sem visto ou green card, já tinha uma ordem de deportação em aberto, que não obedecera. A Justiça Federal de São Paulo expediu um mandado de prisão preventiva contra ela pelo crime de submeter pessoas a condições análogas à escravidão, no âmbito das investigações do Ministério Público Federal. O caso corre sob sigilo. As dezenas de denúncias envolvem queixas de extorsão, cárcere privado, exploração sexual, entre outros. As duas garotas agora repatriadas, por exemplo, foram vistas pelas famílias sendo oferecidas em sites americanos de prostituição. Nos vídeos publicados por Kat, em seus falsos rituais místicos, por várias vezes elas apareciam drogadas e falando frases desconexas.

A defesa de Kat Torres, representada pelo advogado Rodrigo Alves da Silva Menezes, nega todas as acusações. Em nota, ele disse que Kat, Letícia e Desirrê são "amigas". A reportagem procurou o advogado, nesta quinta-feira, para repercutir o teor do depoimento e os novos posicionamentos das duas jovens sobre sua cliente.

– Ainda não tive acesso a tais informações. Tão logo venham para o processo, tomarei conhecimento e me pronunciarei – disse.

Em nota oficial, a Polícia Civil de MG afirma que “o procedimento investigativo instaurado para apurar o suposto abuso sexual praticado em desfavor da mulher (Letícia), de 21 anos, tramita a cargo da Delegacia de Polícia Civil de Perdões, que vem realizando oitivas e diligências para a completa apuração do fato”. Outras informações, segundo a instituição, serão prestadas somente após a conclusão dos trabalhos de polícia judiciária, para não comprometer a investigação.

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