Diante da crise humanitária que atinge os povos ianomâmis, o Ministério dos Direitos Humano e da Cidadania (MDHC) envia, neste domingo, uma comitiva para Boa Vista (RR) para investigar a violação dos direitos da população indígena. Ao mesmo tempo, a pasta tem buscado organizações da sociedade civil para levar doações de alimentos e suprimentos de saúde ao Território Yanomami.
Ao menos cinco secretários trabalharão na capital e comunidades ianomâmis de 29 de janeiro a 2 de fevereiro. A princípio, a comitiva irá se reunir com promotores de justiça e defensores públicos, líderes indígenas e de movimentos da sociedade civil e órgãos como Ibama e Funai.
Segundo o MDHC, o objetivo dos encontros é identificar outras lideranças ameaçadas, elaborar um plano de fortalecimento da rede de proteção local e mapear os equipamentos públicos e condição locais de receber as ações de fortalecimento da pasta.
– A situação do povo ianomâmi só será resolvida com políticas públicas que tenham um caráter de longa duração, ou na síntese perfeita do presidente Lula, "com presença efetiva do Estado". Enviamos a comitiva a fim de colher informações necessárias para uma atuação assertiva. A partir disso, será elaborado um relatório para as ações do ministério e para apurar as responsabilidades acerca do ocorrido – afirma o ministro Silvio Almeida ao GLOBO.
Almeida também se comprometeu a garantir “as condições de logística e segurança” das equipes da Central Única das Favelas (CUFA) e da Frente Nacional Antirracista, organizações responsáveis pela campanha Favela com os ianomâmis, que busca arrecadar doações e construir dois centros de saúde para os indígenas da etnia.
O presidente da CUFA, Francisco José Pereira de Lima, mais conhecido como Preto Zezé, afirma que 35 toneladas de alimentos já foram distribuídos, e com a ajuda do MDHC e da Funai, a meta é 100. Além de comida, o projeto irá entregar, nesta semana, medicamentos e alguns materiais para a Casa de Apoio ao Indígena (Casai) em Boa Vista.
– Vamos entregar máquinas de lavar à Casai, porque até então os profissionais de saúde levavam os lençóis para lavar em casa, já que lá não tem o equipamento. Também vamos comprar chinelos para crianças e jovens hospitalizados e redes para os pacientes se deitarem – comenta.
![Central Única das Favelas realiza doação de alimentos em Surucucu, no território Yanomami — Foto: Divulgação/CUFA Roraima](https://s2-oglobo.glbimg.com/b4sIQRW3u_pFVQG2-7nMPToKTPo=/0x0:1600x1062/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/C/p/WBZB60T7OJj86C0IY8MQ/imagem-do-whatsapp-de-2023-01-28-a-s-17.19.43.jpg)
Comissão de emergência
A agenda do MDHC vai acontecer sob a orientação do Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomamis), coordenado pela Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. A comissão teve a primeira reunião na última quinta-feira.
O COE irá planejar e controlar medidas durante todo o período de emergência decretado pelo governo federal no último dia 21. O COE é composto por uma equipe interministerial e local, com ações diárias nas áreas de vigilância, assistência à saúde e análise do impacto socioambiental causado pelo garimpo ilegal na terra. A previsão é que o grupo trabalhe durante 15 dias, podendo ser ampliado.