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Por Mariana Rosário — São Paulo

Voluntários que trabalham para ajudar vítimas da enxurrada no Litoral Norte paulista relatam falta de itens básicos e de coordenação pública para ajudar quem perdeu suas casas no maior desastre natural registrado na região. Cerca de 380 pessoas Ilhadas na Escola Municipal Henrique Tavares de Jesus, na Barra do Sahy, em São Sebastião, penam com a falta de colchões para dormir e de perspectiva para sair do local improvisado. Há medo de que a água não seja suficiente, e receio de que os medicamentos, conseguidos de maneira improvisada, acabem. O local conta com duas médicas voluntárias.

Os voluntários contaram ao GLOBO que há crianças com febre e que não receberam orientação sobre como organizar o abrigo improvisado. Alguns dos que trabalham no socorro das vítimas, chegaram ao local para passar o Carnaval e não conseguem sair.

— Estamos tentando ajudar quem está ilhado, fazendo o que se pode com a ajuda da comunidade. Não há acesso de carro. Ouvimos os helicópteros da polícia, e nada mais. O que conseguimos de remédio, as pessoas compraram e pegaram na UBS, não há estrutura alguma. Quem está organizando (o apoio aos desabrigados)? Nós! — afirmou a médica Mirella Gomes. — Não sabemos até que horas ficaremos aqui, não tem ninguém para me render. Os que vivem fora não sabe nem como voltarão para suas cidades de origem.

Entre os desalojados, explica a clínica geral, há pessoas que precisam de atendimento para doenças crônicas, como pressão alta. E mais pessoas que perderam tudo, relatam os voluntários, estão chegando a cada hora.

Chefe de Defesa Civil: "Número de mortos deve aumentar"

A busca por desabrigados e o transporte estão sendo feitos bravamente por barqueiros e moradores. Os voluntários reclama da falta de comunicação com a Defesa Civil.

Nas imagens obtidas pelo GLOBO é possível ver pessoas esperando a janta, crianças brincando em salas da Escola Municipal e pouquíssimos colchões para dormir. A região da Barra do Sahy foi uma das mais atingidas pela enxurrada. Os voluntários, por sua vez, enfatizam que a região da Praia Camburi também precisa de amplo apoio.

Voluntários e desabrigados em colégio da Barra do Sahy — Foto: Fabio P. Zuanon
Voluntários e desabrigados em colégio da Barra do Sahy — Foto: Fabio P. Zuanon

'Por que não retiraram as pessoas antes das chuvas começarem?'

A bancária Angela Pugliese, moradora da cidade e voluntária, revolta-se com o fato de o alerta de enxurrada ter sido emitido para os telefone celulares, mas sem oferecer, já nas mensagens enviadas, orientações para as pessoas nas áreas de maior risco.

— Porque não colocaram ônibus para tirar as pessoas de suas casas e as encaminharem para escolas preparadas para recebê-las? Eles não tinham para onde ir! Chuvas ocorrem em todos os Carnavais aqui. Isso (morte pode deslizamento) não pode mais acontecer— diz Pugliese. — Precisamos de apoio técnico, além de voluntários. Só há aqui pessoas que estavam passando o carnaval na cidade e agora estão fazendo o que podem.

'Não vou sair daqui, mas quero que minha família saia. Perdi muitos amigos'

O empreendedor Fabio Zuanon, outro morador, abrigou pessoas em sua casa — também na região da praia. Além de trabalhar como voluntário no colégio onde estão os desabrigados ele oferece informações pelo celular para quem não consegue contatar parentes na região.

— Onde está nosso gestor de crise? O epicentro do problema é aqui, e até agora ninguém chegou. Onde estão os helicópteros? — afirma. Emocionado, Zuanon diz que não quer deixar o local e vai prestar ajuda até onde puder. —Não vou sair daqui, mas quero que minha família saia. Perdi muitos amigos — lamenta.

Escola ilhada: mais de 300 pessoas buscam abrigo em Barra do Sahy

Escola ilhada: mais de 300 pessoas buscam abrigo em Barra do Sahy

Em entrevista ao GLOBO, o coronel Henguel Ricardo Pereira, chefe da Defesa Civil, afirmou que o efetivo não precisa de mais homens.

— A nossa dificuldade é com o tempo. Contamos muito que a chuva dê uma trégua. Essa é a preocupação. As equipes de busca continuam trabalhando nos pés dos morros, se houver novos deslizamentos, além de comprometer as buscas, há um risco para quem está trabalhando no local. Outra dificuldade é o próprio volume de terra que desceu, que foi altíssimo. É um trabalho demorado, manual, pois os bombeiros têm que cavar até encontrar as pessoas — afirmou.

Em São Sebastião, o capitão Caíque Amaral, da Defesa Civil, afirmou que há uma força-tarefa de aproximadamente 100 pessoas atuando na região, mas que a prioridade no momento é auxiliar na localização e no resgate de soterrados.

—Nosso foco neste momento é salvar vidas — afirmou.

Mais cedo, o governo do estado anunciou que o Fundo Social de São Paulo encaminhou, nesta segunda-feira, 7,5 toneladas de doações para as cidades atingidas no litoral norte.

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