Vazamento em Angra 1: relatórios do Ibama e do CNEN divergem sobre nível de incidente na usina e não esclarecem caso

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Segundo a Eletronuclear, o caso teria sido de nível 2, o que significaria "incidente" dentro da escala INES (International Nuclear and Radiological Event Scales), o parâmetro mais utilizado no meio. Criada em 1990 pela Agência Internacional de Energia Atômica, a INES estabelece sete níveis de acidentes, que vai da "anomalia" ao "acidente superior".

• A Eletronuclear deixou de informar imediatamente aos órgãos de fiscalização um vazamento de material radioativo na usina de Angra 1.
• O incidente ocorreu em setembro do ano passado na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis, segundo documentos obtidos pelo GLOBO.
• A companhia estimou que 90 litros tenham escorrido para o mar.

Nessa escala, o nível 2 está acima de "anomalia" mas abaixo de "sério incidente". A partir do nível 4, a classificação muda de incidente para acidente. Mas os técnicos do Ibama dizem, no relatório de fevereiro, que as informações da Eletronuclear não explicitaram se foi usado, de fato, o parâmetro INES. Mas essa seria a escala mais provável.

Procurado pelo GLOBO, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) deu uma outra versão sobre o nível do incidente. De acordo com a CNEN, o evento não alcançou nem mesmo o nível 1, e estaria no nível 0, "onde nenhuma mudança na segurança é observada, bem como nenhuma consequência à população geral", explicou a comissão.

Segundo a CNEN, essa foi a classificação porque o caso "não causou sobre-exposição de membro do público acima do limite anual estabelecido pelo órgão regulador"; "não foi causado por nenhum problema nos componentes de segurança"; e "não esteve relacionado com a perda ou roubo de nenhuma fonte radioativa".

A comissão ainda afirmou que foram coletadas duas amostras de sedimento marinho em dois locais da Baía de Itaorna, onde foi verificado Co-58 em concentração baixa em uma amostra, e "radionuclídeos de origem natural" na segunda. Nas amostras de água do mar, também só foram encontrados radionuclídeos naturais, disse a CNEN.

Procurada, a Eletronuclear alega que um "pequeno volume" do material lesivo foi "lançado de forma involuntária no sistema de águas pluviais" e que se tratou de um "incidente operacional", sem a necessidade de cumprir o "rito de notificações que seriam obrigatórias em caso de acidente" e que, após analisar o episódio, não foi encontrado "nenhum resultado significativo".