O empresário pernambucano Thiago Brennand, que teve sua extradição dos Emirados Árabes Unidos autorizada neste sábado, é alvo de ao menos cinco mandados de prisão no Brasil. As acusações contra ele envolvem os crimes de estupro, sequestro e agressão. O pedido de extradição de Brennand foi feito em 10 de novembro do ano passado.
O caso do empresário veio à tona após uma reportagem do Fantástico mostrar um vídeo dele agredindo a atriz Helena Gomes numa academia de São Paulo. De acordo com a vítima, Brennand se incomodou com a sua presença na academia após ela não ter correspondido às investidas dele. O suspeito chegou a cuspir no rosto da modelo e puxar o cabelo dela. Ele foi, então, proibido de frequentar estabelecimentos esportivos e a chegar a menos de 300 metros da vítima e das testemunhas.
Além desse caso, ao menos outras 15 mulheres fizeram novas denúncias. O Ministério Público de São Paulo passou a ouvir mulheres que acusam Brennand de estuprá-las. Uma das vítimas relatou, no programa exibido no Fantástico no dia 5 de setembro, que o empresário a manteve em cárcere privado, a agrediu, e divulgou um vídeo íntimo dela sem o seu consentimento, além de forçá-la a fazer uma tatuagem com as letras do nome do empresário.
O advogado do empresário afirmou em nota, na época, que ele "jamais forçou suas parceiras a terem relações sem o uso de preservativo, respeitando estritamente os limites estabelecidos por elas e agindo sempre com seu consentimento". No momento, Brennand é réu em cinco processos.
Quando o Ministério Público denunciou o empresário à Justiça de São Paulo pela primeira vez, em 4 de setembro, Brennand viajou de São Paulo para os Emirados Árabes, na cidade de Abu Dhabi. Ainda naquele mês, no dia 23, ele descumpriu uma ordem judicial para entregar o passaporte às autoridades. A Justiça ainda deu um prazo de dez dias para que ele voltasse ao Brasil. No dia 13 de outubro, ele chegou a ser preso pela Interpol em Abu Dhabi, mas foi solto pela Justiça árabe depois de pagar fiança.
A denúncia mais recente envolvendo Brennand foi revelada pelo Fantástico em março. Segundo um ex-funcionário do empresário, o homem agredia o filho com regularidade. De acordo com o relato, Brennand chegava a usar uma máquina de choque contra a criança, hoje com 17 anos.
Arsenal
A Polícia Civil apreendeu 54 acessórios para armas de fogo dentro do Centro Equestre da Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP), guardados dentro de um espaço particular de Brennand, que reside no local. A Polícia Civil ainda não sabe se objetos encontrados são ilegais.
Foram apreendidos pela polícia miras, binóculos térmicos e lunetas de alta potência. No Brasil, não é crime portar esses itens, desde que se tenha autorização do exército. O material foi enviado para perícia que definirá se os acessórios são de uso permitido ou restrito.
De acordo com o delegado Carlos César Rodrigues, do 15º DP, o empresário é dono de, ao menos, 32 fuzis, 32 pistolas e duas metralhadoras.
Outras acusações
O cavaleiro olímpico Doda Miranda chegou a pedir à Justiça que proibisse que Brennand se aproximasse dele e da família, depois que o empresário ameaçou invadir a hípica da família. Os advogados de Brennand disseram que o "desentendimento levou à adoção de medidas recíprocas por meio de um acordo judicial".
Um garçom do hotel Fasano, que fica no condomínio de luxo onde Viera mora, em Porto Feliz, relatou ter apanhado do empresário depois de ser acusado de passar de moto em alta velocidade na frente da casa dele. O garçom nega e diz que fez exame de corpo de delito, mas que a delegacia local não deu andamento no caso. A Secretaria de Segurança Pública informou que a agressão será investigada.
Um técnico de enfermagem diz ter sido agredido ao atender o empresário para um exame num hospital de São Paulo, mas que não levou o caso adiante porque disseram a ele que Viera tem advogados "fortes" e que o caso não daria em nada.
A defesa não se manifestou sobre as supostas agressões ao garçom e ao técnico de enfermagem.