Brasil
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Por Carla Rocha, Evelin Azevedo, Pâmela Dias e Paulo Assad — Rio de Janeiro

Parentes e amigos da brasileira Emmily Rodrigues, modelo de 26 anos que morreu em Buenos Aires na última quinta-feira (30) após cair do sexto andar de um prédio, suspeitam que a jovem foi vítima de feminicídio. Ao GLOBO, o advogado da família, Ignacio Trimarco, afirmou que seus clientes não acreditam que a jovem tenha cometido suicídio, mas sim que na hipótese de Emmily ter sido vítima de um homicídio, no qual o principal suspeito é o empresário Francisco Saenz Valiente, proprietário do imóvel onde a modelo foi encontrada.

— A polícia está realizando autópsia do corpo e colhendo informações contidas no celular do suspeito, além de gravações de câmeras de segurança da redondeza para reconstruir as cenas do que aconteceu naquela noite. Já foi constatado que a vítima tinha lesões por todo o corpo, no dorso, nas mãos, e a polícia tenta saber se são marcas de luta — afirma Trimarco.

Suspeito no caso, o empresário Sáenz Valiente segue detido. Em depoimento prestado ao juiz Martín Del Viso e ao procurador Santiago Vismara, neste último sábado, ele afirmou que a jovem teve um "surto", informação que a família acredita ser falsa.

Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Telám, o empresário apresentou a mesma versão dita anteriormente aos policiais que atenderam a ocorrência na quinta-feira.

— Sáenz Valiente disse que a jovem de 26 anos, que ele não identificou, se alterou e se aproximou de uma janela voltada para a rua, mas como não conseguiu abri-la, foi para outro área e pulou de outra janela que tem vista para o vão do prédio — afirmaram fontes policiais ao jornal argentino La Nácion.

O corpo da jovem foi encontrado sem roupa, na área térrea do edifício. Em entrevista, Joicy Claudia e Manoelle Assunção Ravagani, amigas da vítima, disseram que a jovem não usava drogas e nunca teve sinais de depressão, cuidava muito da saúde e era feliz com um namorado argentino com quem se relacionava há cerca de dois anos.

Médica presenciou briga

Também em depoimento à polícia argentina, a médica Juliana Mourão, que estava na casa de Valiente quando Emmily caiu do prédio, afirmou ser amiga do empresário e da brasileira. Segundo ela, no dia do ocorrido a jovem e o empresário tiveram uma briga e que a brasileira teria chegado a agredir o suspeito, por motivos que não foram revelados. Há alguns dias, Emmily teria publicado, em seus stories em redes sociais, um texto dedicado à Juliana elogiando a amiga e a chamando de "minha doutora". Tanto Valiente quanto Juliana apresentavam lesões no corpo.

Para as amigas, o mais provável é que tenha ocorrido uma tentativa de abuso e Emmily reagiu. Baiana de Salvador, a jovem foi trabalhar em uma agência de turismo para brasileiros em La Boca, quando chegou a Buenos Aires. Era independente e costumava sair com as amigas para jantar nos fins de semana. Ela teria ido ao restaurante Gardiner e depois encontrado, por acaso, com Juliana e Francisco no Isabel, outro estabelecimento, especializado em comida peruana, em Palermo. Lá, teria sido convidada para esticar a noite na casa do empresário, que é conhecido por promover festas.

Vida de luxo e sem vícios

Consultora de vendas, Joicy Claudia, amiga de Emmily há anos, conta que ela era muito controlada no uso de bebidas alcoólicas.

— Sempre que saíamos, a Emmily nunca bebia demais, ela nem gostava de cerveja. Ela tomava duas taças de champanhe e mantinha a postura. Ela sempre foi muito classuda. Ela era bem vaidosa e cuidava muito da própria saúde. Ela nunca cometeria suicídio. Isso é um caso de feminicídio — afirma Joicy Claudia, estudante de Gestão Empresarial. — Se o empresário ainda está preso, é porque a polícia argentina desconfia dele. Mas não sei por que Juliana está solta se ela também tinha arranhões pelo corpo — questiona.

De acordo com a agência de notícias Telám, Juliana tinha uma série de ferimentos nas mãos e arranhões. Já Valiente estava com marcas de "mordidas no corpo", conforme afirmou o canal A24, citando fontes próximas ao caso.

A polícia e o corpo de bombeiros da Argentina chegaram ao prédio onde tudo aconteceu depois que vizinhos ligaram relatando que uma pessoa teria caído do sexto andar após discussões e gritos de socorro. Manoelle diz que há vizinhos relatando que viu a mão de uma mulher na janela e aparentemente um homem a segurando.

O Ministério das Relações Exteriores informou, na manhã desta segunda-feira, que tem conhecimento do caso e que está em contato com as autoridades locais para apurar as circunstâncias da morte de Emmily.

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