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Por Ricardo Pinheiro — Rio de Janeiro

“Prepare-se para o El Niño”, diz o título de novo relatório da Organização Meteorológica Mundial, da ONU. O documento, divulgado nesta quarta-feira, dá o tom do debate e da preocupação da entidade. O fenômeno climático, que não acontece há sete anos, deve ocorrer até setembro, segundo a ONU, podendo levar as temperaturas globais a novos recordes — entre outros diversos efeitos. No Brasil, o Norte e o Nordeste enfrentarão uma seca "impactante", como disse ao GLOBO a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Andrea Ramos.

O El Niño, fenômeno climático associado ao aquecimento da temperatura das águas na porção equatorial do Oceano Pacífico, na costa oeste da América do Sul, é conhecido por causar "anomalias climáticas" ao redor do mundo. O evento acontece, em média, a cada dois ou sete anos e costuma durar de nove a 12 meses. Neste ano, no entanto, ele será diferente e terá "algumas particularidades", segundo o meteorologista Marcio Cataldi, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

— Teremos um El Niño fora de época. Normalmente ele começa a esquentar a água do Pacífico entre junho e julho e tem o ápice das altas temperaturas em dezembro. Esse está começando o aquecimento em abril e deve atingir o ápice em outubro, o que diminui o conhecimento estatístico do fenômeno — pontua Cataldi ao GLOBO.

— Outro fato bastante complicado é que, por questões da ação do homem, em uma força associada ao aumento dos gases do efeito estufa, os oceanos de uma maneira geral estão todos muito quentes. Os efeitos do El Niño vão ser bastante difíceis de serem previstos, porque não temos no passado uma situação em que ele tenha ocorrido com essas condições de planeta e de água tão aquecidos. Esse é um grande desafio que vamos ter que encarar nos próximos tempos — conclui Cataldi.

Até o momento, no entanto, de acordo com estudos da ONU, ainda não há indicação da força ou duração do fenômeno. Andrea diz que esse El Niño está sendo monitorado e seguirá sendo estudado pelos especialistas para que seja possível determinar com maior exatidão essas informações ainda em aberto.

Temperaturas mais altas no país e fortes chuvas no Sul

Segundo relatórios da ONU, o ano de 2016 foi o mais quente já registrado justamente por causa do El Niño, que à época foi um fenômeno “muito poderoso”. O efeito que atinge as temperaturas globais geralmente ocorre no ano seguinte ao seu desenvolvimento e, portanto, provavelmente será mais aparente em 2024.

— O próximo verão será extremamente e anomalamente quente ao redor do país. Além da seca no Norte e no Nordeste, as regiões Sudeste e Centro-Oeste também terão menos chuvas. Diferente do Sul, que vai sofrer com fortes chuvas, inclusive de granizo — pontua Cataldi.

Andrea afirma que as chuvas intensas poderão atingir também o sul do estado de São Paulo, além da sua faixa litorânea.

— Qualquer coisa que desregula o clima é complicada. Ter um excesso de chuvas mais intensas no Sul pode fazer com que tenhamos perda nas lavouras dessa região. Já uma maior seca no Norte e no Nordeste vai aumentar a necessidade de irrigação da agricultura — comenta Cataldi.

La Niña X El Niño

O fenômeno El Niño é o oposto do episódio que aconteceu em 2018 e 2019, chamado de La Niña, quando a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial diminui e costuma haver uma queda acentuada nas temperaturas globais. De acordo com a ONU, os últimos oito anos foram o período mais quente já registrado na Terra.

Sem o La Niña, segundo Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, o efeito da emergência climática teria sido ainda pior.

— Acabamos de ter os oito anos mais quentes já registrados, embora tenhamos tido um resfriamento de La Niña nos últimos três anos. Isso funcionou como um freio temporário no aumento da temperatura global. O desenvolvimento de um El Niño provavelmente levará a um novo pico no aquecimento global e aumentará a chance de quebrar recordes de temperatura — disse o secretário-geral.

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