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Por Pâmela Dias — Rio de Janeiro

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que uma planta nativa brasileira, chamada Trema micrantha blume, é capaz de produzir canabidiol (CBD) em suas flores e frutos sem a presença do tetrahidrocanabinol (THC), substância psicoativa presente na Cannabis sativa, que é proibida de ser cultivada por produzir droga alucinógena, a maconha. Com a descoberta, a expectativa é que o uso medicinal sem barreiras legais seja potencializado no país.

O coordenador da pesquisa, Rodrigo Soares Moura Neto, do Instituto de Biologia da UFRJ, explica que a Trema micrantha blume conseguiria driblar as barreiras legais impostas hoje à Cannabis. No ano passado, uma resolução do Conselho Federal de Medicina determinou que os médicos só podem prescrever o CBD para tratamento de epilepsias na infância e na adolescência. No entanto, o Congresso Nacional brasileiro ainda discute a liberação do cultivo da planta em escala industrial, como ocorre nos Estados Unidos, no Canadá e em Portugal.

De acordo com Neto, quando se comercializa canabidiol, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impõe restrição na fórmula, que só pode ter 0,2% de THC.

— No caso da planta brasileira, isso não seria um problema, porque não existe nada de THC nela. Também não haveria a restrição jurídica de plantio, porque ela pode ser plantada à vontade. Na verdade, ela já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol — informou.

Efeito anti-inflamatório e analgésico

Por ser nativa, os pesquisadores afirmam que a espécie não precisa de lugar e condições específicas para ser cultivada. Inclusive, a Trema micrantha blume é bastante usada em áreas de reflorestamento. Por nunca ter sido estudada detalhadamente, ela ainda precisará passar por alguns processos de manipulação para que possa ser consumida como um medicamento fitoterápico.

— A pesquisa nada mais é que a descoberta de um novo fitoterápico. A espécie será submetida a processos de purificação, caracterização química e estrutural para, enfim, fazer um efeito farmacológico in vitro divido em vários sistemas. Depois, em um segundo estágio, serão feitos testes em animais de laboratório — explica Neto. — Devido à similaridade com a Cannabis, o estudo medicinal é facilitado.

Tecnicamente, ainda não há estudos que apontem os tipos de doenças que podem ter tratadas com a planta. No entanto, técnicas de medicina caseira mostram que a espécie tem efeito anti-inflamatório e analgésico.

Remédios com canabidiol a partir da cannabis têm se mostrado como a única opção eficaz para o tratamento de alguns quadros decorrentes de diferentes doenças e síndromes, como dores crônicas, fibromialgia, depressão, ansiedade e distúrbios de sono. De acordo com dados da Anvisa, que regulamenta a substância, foram concedidas 850 autorizações para importação de medicamentos do tipo em 2015, ano em que a prática passou a ser permitida no Brasil. Desde então, esse número cresceu 9.311% e chegou ao total de 79.995 novos pacientes autorizados em 2022, quase o dobro do ano anterior, quando foram 40.070 liberações.

No país, medicamentos com canabidiol começaram a ser comercializados em farmácias e drogarias apenas a partir de 2020, após uma resolução da Anvisa aprovar, em dezembro de 2019, a venda nestes locais. Na mesma reunião que decidiu pela autorização, a agência determinou a proibição do cultivo de cannabis para fins medicinais. A medida encarece os produtos do tipo, já que os fabricantes têm que importar a matéria-prima, e dificulta o acesso de grande parte dos pacientes.

Para tentar reverter a situação, o Projeto de Lei 481 de 2023, que aguarda análise na Câmara dos Deputados, prevê uma política nacional de fornecimento gratuito desses medicamentos em unidades conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

CBD mais barato

Químicos, biólogos, geneticistas e botânicos estão mapeando os métodos mais eficazes de análise e extração do canabidiol da planta. Segundo o professor, em seis meses começarão os processos in vitro, quando será analisado se o componente tem a mesma atividade que o canabidiol extraído da Cannabis sativa.

A pesquisa conta com R$ 500 mil de recursos, obtidos por meio do edital de Ciências Agrárias, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado.

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