Brasil
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Por Ana Lucia Azevedo — Rio de Janeiro

O inverno nem começou, mas já tem o fim antecipado. Não o oficial, astronômico, que se inicia dia 21 e marca a passagem das estações, baseado na posição da Terra em relação ao Sol. Mas o que as pessoas sentirão, literalmente, na pele. O motivo é o El Niño, que se forma no Oceano Pacífico, numa extensão que assombra.

Há uma faixa de água anomalamente aquecida de 16 mil quilômetros, com temperatura até 4 graus acima da média, afirma o meteorologista Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espacial (Inpe). A anomalia chega a 150 metros de profundidade. Num mar de imprevisibilidade, o aumento do calor é certeza.

—Chama atenção que toda a faixa do Pacífico Equatorial está mais quente. É um volume colossal de água. Como o El Niño se caracteriza pela elevação da temperatura do Pacífico Equatorial acima de 0,5 grau, este já nasce de tamanho moderado, o que não é bom— diz Sampaio, autor de um livro sobre o fenômeno climático.

Impactos do El Niño no Brasil — Foto: Editoria de Arte
Impactos do El Niño no Brasil — Foto: Editoria de Arte

Sinônimo de problema — seca, calor, tempestade —, durante o El Niño tudo de ruim junto e misturado pode se fortalecer. A maior parte de seu impacto será sentida em 2024. Mas um inverno quente, com temperaturas acima da média, é esperado em agosto.

A atmosfera, o oceano de ar que nos envolve, demora algum tempo para responder à anomalia de elevação da temperatura da superfície do mar. Mas em agosto, talvez julho, o impacto sobre o Brasil já se fará sentir.

Sampaio explica que em 2024 no norte e no leste da Amazônia e no norte da Região Nordeste há probabilidade de a chuva sofrer diminuição. Dependendo das condições do Atlântico Tropical, que também está mais quente, a seca no Nordeste pode ser extrema, assim como o risco de grandes queimadas na Amazônia. Se o Atlântico permanecer aquecido, e o El Niño se mantiver, haverá estiagem certa no Nordeste.

O El Niño não impacta o volume de chuva no Pantanal, mas ainda assim traz risco de queimadas para toda a região Central do Brasil. No período seco, o fogo é iniciado na quase totalidade pelo ser humano, mas com o calor e a vegetação esturricada encontra combustível para se alastrar.

Mudanças climáticas

O nome do fenômeno alude ao menino Jesus, já que na costa do Peru o Natal é a época em que ele emerge. Se a ideia era remeter ao Paraíso, foi equivocada. O El Niño costuma levar parte do planeta para o inferno.

Este ano ele chegará acompanhado de efeitos da mudança climática e na sequência se uma anômala La Niña (caracterizada pelo esfriamento do Pacífico Equatorial) de três anos consecutivos. Esses fenômenos não costumam ser sequenciais.

A La Niña castigou o Sul com seca e temperaturas acima da média de 2020 até o início deste ano. Mas o El Niño tem um saco de maldades mais amplo, que vai de Norte a Sul. Esta última região recebe mais umidade e fica sujeita a tempestades devastadoras. O Sudeste pode ter períodos de muitos dias secos intercalados por grandes temporais.

O calor é para todas as regiões. For isso, o que vai acontecer exatamente é impossível de prever. As mudanças climáticas impactam o El Niño, e zonas quentes ajudam a retroalimentar a fornalha. Amazônia em chamas alimenta o acúmulo de gases estufa, que turbinam essas mudanças. Essas, por sua vez, potencializam anomalias do clima:

— As mudanças climáticas podem nos lançar num estado de El Niño semipermanente, com tempestades perigosas no Sul, seca no Norte e Nordeste e calor para todos — conclui Sampaio.

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