Os quatro nigerianos que chegaram à costa brasileira escondidos sobre o leme de um navio mercante serão repatriados ao país africano num prazo de 25 dias. Segundo a Polícia Federal, a empresa responsável pelo navio vai arcar com os custos do retorno dos imigrantes, algo que está prevista em lei.
Ao GLOBO, o delegado Eugênio Ricas, superintendente da Polícia Federal capixaba, afirmou que os nigerianos ingressaram no leme do navio sem nem sequer saber o destino da embarcação.
— Eles não faziam ideia para onde o navio ia — disse Ricas.
A viagem teve início em Lagos, na Nigéria. Ao longo de 13 dias, o navio percorreu cerca de 5, 5 mil km do Oceano Atlântico até atracar no litoral capixaba.
Três dias sem comida nem água
À PF, os imigrantes relataram que passaram os últimos três dias de viagem sem acesso a comida e nem água. A comida acabou no terceiro. A partir do décimo dia — faltando três dias para o navio atracar na costa brasileira — toda água já havia sido consumida.
— Os três dias finais foram sem água nem comida — relata Ricas.
O superintendente da PF explica que casos “chocantes” como este já foram mais comuns na costa brasileira, mas que na última década se tornaram mais raros.
O próprio Ricas chegou a viajar até a África do Sul me três ocasições, há cerca de 15 anos, para cuidar da repatriação de imigrantes que chegavam ilegalmente em navios mercantes.
— Normalmente eles entram no navio sem saber o destino, torcendo para que esse navio vá para a Europa ou Estados Unidos. Quando chegam ao local pedem refúgio, pedem asilo — acrescenta.
Os nigerianos foram resgatados pelos agentes do Núcleo de Polícia Marítima da PF nesta segunda. Os estrangeiros apresentavam "condições precárias de saúde", de acordo com a corporação. Ainda segundo o órgão, os quatro não traziam documentos de identidade e foram levados para um hotel, no Espírito Santo, de onde vão aguardar a repatriação.