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Por O Globo — Rio de Janeiro

O maior acidente da história do Programa Espacial Brasileiro completa 20 anos nesta terça-feira. Três dias antes do lançamento, o foguete VLS-1 passava por ajustes finais no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, quando uma ignição prematura de um dos motores resultou na explosão do protótipo. A construção pegou fogo ainda no solo e matou 21 técnicos e engenheiros naquela tarde.

Segundo o relatório final da investigação, produzido pelo Comando da Aeronáutica e concluído em fevereiro de 2004, a causa do acidente foi um “acionamento intempestivo” provocado por uma pequena peça que ligava o motor. A comissão que analisou o caso descartou a possibilidade de sabotagem, mas apontou “falhas latentes” e “degradação das condições de trabalho”.

As vítimas trabalhavam no Centro de Tecnologia Aeroespacial. Após atingir 2 mil graus, o calor da explosão fez com que a plataforma, construída em aço resistente à altas temperaturas, fosse derretida. O acidente passou a ser a maior tragédia do programa espacial brasileiro, e uma das maiores do mundo. O prejuízo material chegou a R$ 36 milhões: apenas o foguete estava avaliado em R$ 14 milhões.

Ao GLOBO, o comandante do Grupo Tático Aéreo Aluísio Mendes informou, à época, que a plataforma ficou “destruída”. Convocado para retirar os feridos e levar legistas e peritos à Base, ele descreveu a cena local como “aterrorizante”. Isso porque a temperatura foi tão elevada depois da explosão que os corpos dos funcionários foram completamente carbonizados e se fundiram ao aço da construção.

Explosão de foguete brasileiro passou a ser a maior tragédia do programa espacial do país — Foto: Editoria de Arte
Explosão de foguete brasileiro passou a ser a maior tragédia do programa espacial do país — Foto: Editoria de Arte

De acordo com os investigadores, um dos motores foi ligado antes da hora. O combustível pegou fogo, atingiu um dos motores e, depois, se espalhou para os outros três, o que fez com que o foguete ficasse pronto para decolar. No entanto, a estrutura ao redor não havia sido retirada, já que era apenas o momento de testagem. O VLS, então, arrastou toda a torre de lançamento, e todos no local morreram.

O Centro de Lançamento de Alcântara foi construído para ser o ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos por sua localização estratégica, já que é próximo à linha do Equador. Isso permite o melhor aproveitamento da rotação da Terra e, também, um menor gasto de combustível para pôr em órbita os foguetes.

Ao GLOBO, a Agência Espacial Brasileira ressaltou que, em 2013, um monumento foi erguido no Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos (SP), para “honrar a memória desses corajosos profissionais”, além de “relembrar o que fizeram em prol do Programa Especial Brasileiro”. Informou, também, que este dia é marcado pela homenagem aos “heróis”.

Leia a nota completa:

“Há duas décadas, em um momento que ficou marcado na história do Programa Espacial Brasileiro, ocorria o maior acidente no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. No dia 22 de agosto de 2003, o trágico episódio que envolveu um foguete VLS (Veículo Lançador de Satélites) abalou a nossa nação e deixou uma profunda marca em nossa jornada espacial.

O Centro de Lançamento de Alcântara foi construído para ser o ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos por sua localização estratégica — Foto: Editoria de Arte
O Centro de Lançamento de Alcântara foi construído para ser o ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos por sua localização estratégica — Foto: Editoria de Arte

A “Tragédia de Alcântara” ceifou a vida de 21 heróis que compartilhavam o sonho de ver o Brasil conquistar os céus e explorar o espaço. Eles se preparavam para a missão “Operação São Luís”, que levaria ao espaço os satélites brasileiros SATEC e UNOSAT, símbolos do nosso avanço tecnológico e do compromisso com a pesquisa espacial.

Passados 10 anos, em 2013, um monumento foi erguido no Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos (SP), para honrar a memória desses corajosos profissionais e relembrar o que fizeram em prol do Programa Especial Brasileiro.

Neste dia, a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), marca este momento não apenas para recordar o triste acontecimento, mas, também, para prestar homenagem a esses heróis, suas famílias e seus colegas de trabalho. Seus legados continuam vivos, impulsionando nosso setor espacial e inspirando todos os brasileiros.

Destemidos, esses profissionais trilharam um caminho difícil, enfrentaram desafios monumentais e deixaram uma herança valiosa para as gerações futuras. Eles personificam o espírito de perseverança que nos motiva a nunca desistir, mesmo diante das adversidades mais duras.

Reafirmamos o nosso compromisso com o progresso do Programa Espacial Brasileiro. Das lições aprendidas e da coragem demonstrada por esses verdadeiros heróis encontramos inspiração para continuar avançando. Vamos transformar essa data em um marco de união, de força e de generosidade.

Que a memória desses bravos pioneiros ilumine nosso caminho rumo às estrelas e que, através das suas histórias, possamos continuar escrevendo os capítulos de nossa jornada espacial com dedicação, determinação e esperança”.

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