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Por — Rio

A policial penal e estudiosa de atividade de inteligência e crime organizado Mônica Pinto Leimgruber, autora da série de livros "Inteligência, Segurança Pública e Organização Criminosa", e que participou há duas semanas de um seminário sobre o tema organizado pela Escola de Magistrados da Bahia (EMAB), analisa que o franco crescimento hoje das facções que comandam o tráfico de drogas na Bahia era algo já previsto desde 2018, quando inclusive um relatório elaborado pelo Ministério da Justiça foi entregue ao governo baiano apontado que o estado seria uma espécie de "bola da vez" das mais poderosas articulações criminosas do país. Isso porque, com rotas de venda de drogas já descobertas em locais como o porto de Santos, em São Paulo, por exemplo, eles resolveram apostar na ideia de ocupar um território onde encontra-se o maior litoral do Brasil, com mais de mil quilômetros de extensão.

– A Bahia possui a maior extensão de acesso à área marítima e, por isso, se tornou área de interesse dessas facções. Esse crime organizado não atua mais apenas no Brasil, passou a ser transnacional. Já levam cocaína para continentes como Ásia, África e Europa. A Bahia se tornou o próximo passo para os negócios dessas maiores facções porque, cada vez mais a segurança pública vai descobrindo as rotas e elas acabam saturadas. Num território desse tamanho, eles vão achando outras alternativas. E já usam navios, submarino... até pouco tempo nós não tínhamos sequer conhecimento disso.

Segundo a pesquisadora, a maior facção de São Paulo e duas das principais do Rio de Janeiro já atuam hoje "patrocinando" e fazendo chamados "acordos de conveniência" com os pelo menos 20 outros grupos de traficantes menores que já existiam no estado. Esse aditivo em poder econômico e bélico tem feito com que o crime tenha se expandido de forma tão desordenada. A rivalidade entre esses bandidos também contribui para o aumento no confronto e disputa de territórios por essas gangues.

– As facções poderosas vão levando as pequenas, e elas vão ganhando cada vez mais poder. É preciso que sejam pensadas políticas de enfrentamento real a estes criminosos, porque nós já estamos perdendo. A maior facção paulista não era nada há 30 anos e hoje já se tornou a segunda maior facção transnacional do mundo, comete crimes em 121 países. Qual empresa brasileira é a segunda maior do mundo? Não tem. Mas temos a segunda maior organização criminosa, que funciona como uma empresa, infiltrada no estado. São donos de escolas, postos de gasolina, locadoras de carro, joalherias, estão dentro dos Poderes... estão em todos os lugares.

Por fim, a policial penal analisa que essa expansão das facções criminosas brasileiras com o tráfico internacional, sobretudo de cocaína, a países de Europa, Ásia e África, e que acompanha a escalada de violência, como é o caso da Bahia, promovida pelo aumento do poder bélico e pelas disputas de território, já deixaram de ser uma questão apenas de segurança pública, são de defesa nacional.

– Líderes de facções estão sendo liberados pelo Estado, saindo pela porta da frente, com desembargador liberando. Isso é um problema muito grave. Para mim, que estudo organizações criminosas há 10 anos, a atividade das facções deixaram de ser um problema de segurança pública e passaram a ser de defesa nacional. Temos uma área marítima descoberto e um fluxo de corrupção tão grande que permite que navios cheios de drogas entrem e saiam daqui – analisa.

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