![Vista aérea de território Yanomami — Foto: Michael Dantas / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/JU7D4MrhpsoGjbGQSRF9qv3Ac10=/0x0:6720x4480/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/w/y/mp1YA7STWygsBeiFMKIw/rio-territorio-yanomami.jpg)
A Hutukara Associação Yanomami afirmou que a violência não deve ser normalizada ao comentar o caso depois de uma menina ianomâmi ser violentada por um grupo de homens indígenas em área próxima de uma casa de saúde indígena. A instituição cobrou medidas de segurança para a proteção de crianças, adolescentes e mulheres que frequentam essas unidades, voltadas para o atendimento de pessoas de povos originários. A principal medida solicitada, em nota divulgada nas redes sociais, é separar este grupo dos demais a fim de evitar casos brutais.
O caso do estupro coletivo aconteceu em uma Casa de Saúde Indígena (Casai), que atende especificamente pessoas ianomâmi, em Boa Vista, capital de Roraima, na última segunda-feira.
“Cobramos das autoridades governamentais a implementação de políticas de segurança e medidas de proteção para crianças, adolescentes e mulheres Yanomami dentro desta casa que deveria ser um local de acolhimento saudável para pacientes e acompanhantes”, diz a nota da associação.
“Uma das medidas é a construção de uma Casa de Apoio à Saúde Indígena somente para as mulheres ianomâmi. Caso não seja possível, no mínimo, [a criação de] uma ala somente para crianças, adolescentes e mulheres e implementação de programas de proteção. Não vamos normalizar a violência dentro da Casai-Y ou qualquer outro espaço que faça atendimento ao nosso povo.”
A pedido do GLOBO, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, do Ministério da Saúde, comentou o caso. Ele repudiou “veementemente” o caso de violência e afirmou que a pasta vem prestando “todo o apoio e acolhimento à vítima e seus familiares”.
— É importante reforçar que a desorganização social, a perda dos modos dos vida dos povos originários, os relatos de abuso sexual, dependência química e violência que impactam essa população ainda são consequências do abandono e do avanço do garimpo ilegal que acabou levando o povo Ianomâmi a esse cenário de grave crise humanitária e sanitária, que atingiram as comunidades indígenas nos últimos anos — afirma o secretário em um vídeo, divulgado também nas redes sociais.
O secretário diz ainda que medidas de segurança já estão em andamento, como “a ampliação do muro ao redor da Casai, o aumento de mais de 50% dos postos de vigilantes, entre outras. As obras de melhoria e expansão da Casai, com reforço na segurança, estão na segunda fase de execução e devem ser concluídas no primeiro semestre de 2024”.
![Vista de território Yanomami — Foto: Michael Dantas / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/8N2pDJJAdwI5nANDtv3-jxhWaxU=/0x0:6427x4285/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/o/T/vH93xSQJ2gMYRxEQRKbg/territorio-yanomami.jpg)
Entenda o caso
Na última segunda-feira, uma menina do povo Ianomâmi de 11 anos foi brutalmente violentada por dois homens adultos e dois adolescentes em Boa Vista (RR). Antes do estupro coletivo de fato, o grupo, composto ele todo por pessoas do mesmo povo indígena, embriagou a criança. O caso aconteceu em uma região de mata próximo a uma Casa de Saúde Indígena destinada à comunidade de onde a menor pertence.
Além da violência sexual, a vítima também sofreu graves lesões corporais.
Os dois homens adultos, de 21 anos e o outro de 27, foram presos em flagrante pelo “crime de estupro de vulnerável e com conduta que resultou em lesão corporal de natureza grave”, de acordo com a nota enviada pelo governo. Já os menores, adolescentes de 15 e 17 anos, foram apreendidos, também em flagrante, por ato infracional.
De acordo com o governo de Roraima, a menina foi encontrada desacordada pela polícia militar em uma área de mata próximo a uma casa de saúde indígena, unidade administrada pela Secretaria de Saúde Indígena, subpasta federal responsável pelas políticas públicas de saúde voltadas aos povos originários. A função principal dessas unidades é acolher pacientes que precisam de atendimento especializado ou de tratamento médico.