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Por , , , e — São Paulo, Rio e Brasília

Aos 10 anos, Heitor do Nascimento dos Santos já sabe explicar que as altas emissões de gases do efeito estufa têm provocado alterações climáticas em todo o planeta. Essas mudanças já são perceptíveis aos olhos castanhos e atentos do pequeno, que se preocupa com a onda de calor que o impede de curtir mais tempo na praia e que mata animais na floresta. Ana Clara Ângelo Alves, de 9 anos, também entende as mudanças climáticas através das casas alagadas mostradas frequentemente no noticiário da TV. Ana Luiza Nunes de Oliveira, de 10 anos, ainda não sabe qual profissão seguir, mas tem uma certeza: não quer crescer em um lugar privado de “sua parte mais bonita, a natureza”, preocupação compartilhada por Sofia Lopes Brunow, de 8 anos, que sonha com um futuro sem poluição, sem a fumaça dos carros.

A convite do GLOBO, Heitor, Ana Clara, Ana Luiza e Sofia expressaram em cores e formas como a ação dos adultos têm impactado no clima: o amarelo e o vermelho de Heitor colorem as chamas e o sol, em um 2023 que o Brasil registrou sensação térmica de 60°C e bateu recorde de queimadas no Pantanal. Nos últimos 12 meses, os extremos climáticos deixaram rastros de destruição pelo país, com chuvas em intensidade recorde, enchentes no Sul, tempestades e seca de rios na Amazônia, onde o desmatamento e a ação do homem fazem a floresta sofrer — retratadas pelas árvores cortadas de Ana Luiza e pelo corte com um machado sob o sol quente, de Ana Clara.

Heitor exibe seu desenho, que trata sobre queimadas e poluição: ele quer conscientizar as pessoas sobre preservação — Foto: Hermes de Paula
Heitor exibe seu desenho, que trata sobre queimadas e poluição: ele quer conscientizar as pessoas sobre preservação — Foto: Hermes de Paula

Os desenhos servem ainda de alerta para 2024, ano em que o Brasil recebe a reunião do G20 (em que a área ambiental também estará em pauta, em novembro) e se prepara para a COP30 — conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Belém (PA), em 2025. São novas oportunidades para “o mundo dos adultos” entenderem a urgência do clima, diante da necessidade de mais investimento para mitigação e da resistência de eliminar combustíveis fósseis, como ficou evidenciado na COP28, na Arábia Saudita, em novembro — cuja poluição preocupa a pequena Sofia.

— Não tem protetor solar que proteja os seres humanos desse sol todo, e os animais e árvores não têm como se proteger — desabafa Heitor, que vai para o 5º ano em 2024, no Rio.

Aluno nota 10 nas aulas de Ciência — sua disciplina favorita —, Heitor conta que aprende com os pais e professores sobre hábitos para conter os desastres ambientais e proporcionar às crianças um planeta saudável no futuro. Em casa as lições são executadas com êxito. Com incentivo da família, Heitor já separa o lixo para reciclagem e fica atento ao desperdício de água na hora do banho.

Gols pelo planeta

Heitor já é convicto de que será um adulto mais consciente em relação aos cuidados com o meio ambiente. Ele, que não se decidiu se será desenhista ou jogador de futebol, quer usar seu talento para falar sobre o tema, seja em campo ou com um lápis nas mãos. Enquanto pensava em como iria retratar a crise climática em um desenho, o pequeno ressaltou que um de seus sonhos é ter tanta relevância quanto o seu ídolo Vini Jr. E uma das ações para o futuro já foi arquitetada: durante os jogos, vai usar uma blusa com a mensagem #MenosDesmatamento.

Sofia quer um planeta que cuide dos animais e das plantas — Foto: Guito Moreto
Sofia quer um planeta que cuide dos animais e das plantas — Foto: Guito Moreto

Para Sofia, o futuro ideal é um lugar em que carros seriam voadores ou aquáticos para que a fumaça emitida pelos motores não continuasse a poluir o ambiente. A pequena estudante do 2º ano do ensino fundamental, da Zona Oeste do Rio, aprende diariamente em casa e nas aulas de educação ambiental que, caso não haja natureza, não há vida na terra.

Se no futuro de Sofia até os carros voam, no presente a pequena já tem os pés no chão e, com pequenos passos, faz sua parte em casa junto da mãe, o pai e o irmão de 10 anos:

— Para melhorar o futuro, a gente pode regar mais as plantas, economizar água durante o banho e quando escovamos os dentes, não colocar fogo na mata e separar o nosso lixo para reciclagem — conta Sofia.

“O planeta está morrendo”

A primeira coisa que vem à mente de Ana Luiza quando escuta “aquecimento global” é “o planeta Terra morrendo”. Ela passa a maior parte dos dias na casa dos avós, em Votorantim (SP) e foi lá que começou a perceber na prática os efeitos da crise do clima. Nas ondas de calor que assolaram a região no fim do ano, sua prima de apenas sete meses praticamente viveu dentro de uma bacia com água fria para se refrescar e, assim, se acalmar.

Ana Luiza mostrou um planeta que desmata no presente, enquanto deseja um futuro com menos poluição — Foto: Maria Isabel Oliveira
Ana Luiza mostrou um planeta que desmata no presente, enquanto deseja um futuro com menos poluição — Foto: Maria Isabel Oliveira

Na escola, Ana Luiza aprendeu como pode reduzir o efeito estufa. Utilizar meios de transportes alternativos, como bicicletas e carros elétricos, plantar mais árvores, cuidar das plantas e animais, reciclar, fazer coleta seletiva de lixo.

— A minha geração pode chegar a nem conhecer alguns animais e plantas que estão morrendo por conta do desmatamento e da poluição. E sei que o problema não está só nas pessoas, mas nas empresas, que poluem muito — diz Ana Luiza, enquanto faz o desenho sobre o que as mudanças climáticas representam para ela.

Ana desenha um céu com duas cores: azul mais claro e outro, mais escuro. A parte mais escura, diz, é resultado “da fumaça do fogo provocado por quem desmata a Amazônia”. Com árvores cortadas, pássaros caindo perto de grandes labaredas vermelhas de fogo e um sol gigante no canto superior direito, a floresta desenhada por Ana Luiza padece. Outros pássaros tentam fugir para viver em outro local.

— Já vi na TV florestas pegando fogo e pensei nos animais tentando fugir do calor. Pra gente é mais fácil, podemos pegar um carro e sair dali correndo, mas e para eles? Não gosto nem de imaginar — diz.

Assim como Ana Luiza, Ana Clara, de 9 anos, também acompanha pela TV o aumento das tragédias climáticas:

— Eu aprendo sobre meio ambiente na escola e vejo o que está acontecendo na televisão, as casas sendo alagadas. Eu fico triste.

Ana Clara com seu desenho: homem corta árvore sob o sol com machado — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Ana Clara com seu desenho: homem corta árvore sob o sol com machado — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Moradora de Riacho Fundo, Ana Clara mora com a mãe e suas três irmãs. Aluna do 5º ano do fundamental em uma escola pública do bairro, ela retratou a crise climática a partir de um homem cortando árvores com um machado.

— O homem malvado corta as árvores e deixa o mundo ainda mais quente. Ele é mau porque está destruindo coisas que são boas para nós. As árvores são importantes, fazem sombra e dão frutos — explicou ao finalizar o desenho.

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