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Por O Globo — Rio de Janeiro

A cidade Joinville (SC) está em situação de emergência desde a manhã desta segunda-feira (29), quando um caminhão que transportava galões de ácido sulfônico se chocou contra um barranco, na Serra Dona Francisca (SC-418), e acabou despejando o produto químico num córrego que desagua no Rio Cubatão, cujas águas abastecem 34 bairros do município. Para evitar a contaminação do produto que chega às torneiras da população, o fornecimento foi interrompido na Estação de Tratamento, ainda sem previsão para que seja retomado. Mas que substância é essa que provocou tamanho transtorno?

O que é ácido sulfônico?

O ácido sulfônico é usado como base para fabricação, principalmente, de detergente em pó ou líquido. Ele é eficiente para retirada de sujeiras e reage bem com gordura. A substância também forma bastante espuma quando exposta, o que explica as imagens feitas por moradores e pela própria prefeitura no Rio Seco, onde as águas ficaram brancas e espumosas imediatamente.

De acordo com a polícia, a identificação exata do material que era levado no caminhão e que acabou despejado na água é ácido alquilbenzenossulfônico. Sua identificação é possível através do número ONU (por ser estabelecido pela Organização das Nações Unidas) 2586. É tido como um produto corrosivo e capaz de se misturar na água.

Caminhão bateu de frente com barranco e despejou produto químico em rio de Joinville: abastecimento de água foi interrompido — Foto: Divulgação / Polícia Civil SC
Caminhão bateu de frente com barranco e despejou produto químico em rio de Joinville: abastecimento de água foi interrompido — Foto: Divulgação / Polícia Civil SC

De acordo com o sistema de emergências químicas da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), baseado na Ficha de Segurança de Produtos Químicos (Fispq), as pessoas devem evitar contato com o ácido. Em caso de intoxicação por contato líquido, segundo o manual, ele pode causar irritação na pele e nos olhos e, se ingerido, causará náuseas. Nas medidas de segurança, a ficha prevê que se deve "evitar contato com o líquido, manter as pessoas afastadas, chamar os bombeiros, parar o vazamento, se possível, isolar e remover o material derramado". Tudo com uso de EPIs.

O que causa o ácido sulfônico?

A alta concentração pode afetar alguns tipos de alga e, consequentemente, provocar reações em certas espécies de peixes. O manual também informa que o ácido sulfônico se decompõe com o tempo, fato que converge com as informações que vêm sendo compartilhadas pela prefeitura de Joinville. Em última atualização, na noite desta segunda-feira, o município afirmou que "os níveis do índice de concentração do composto químico estão baixando, mas ainda não atingiram o patamar suficiente para que a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cubatão possa voltar a operar normalmente". A orientação é para que as pessoas continuem economizando água.

Na primeira medição feita pelas equipes da prefeitura, logo após o despejo provocado pelo acidente, os exames mostraram que, por volta das 10h, o índice de contaminação era de 0,19mg/L da substância nas águas próximas à Estação de Tratamento do Cubatão. O nível aceitável para a presença do componente é de 0,5mg/L. Às 14h30, o índice atingiu o pico: 1,09mg/L. Na medição das 16h30, no entanto, a taxa já havia diminuído para 0,63mg/L, o que indica um viés de queda.

Vídeo mostra momento em que caminhão bate e derrama produto químico em Joinville

Vídeo mostra momento em que caminhão bate e derrama produto químico em Joinville

Acidente investigado

Um motorista flagrou o momento em que o caminhão carregado com a substância parece perder o controle, trafegando entre as duas pistas, até que bate no barranco. A colisão foi tão forte que o veículo chegou a pegar fogo. O condutor, segundo a Polícia Militar, teve apenas lesões leves. Aos policiais, o motorista afirmou que o acidente aconteceu "por falta de freios no veículo".

A Polícia Civil afirma que a Divisão de Crimes contra o Meio Ambiente de Joinville já instaurou inquérito policial para apurar causas e responsabilidades envolvendo o tombamento o caminhão. De acordo com a delegada Tânia Harada, responsável pela investigação, o local já foi periciado e a empresa responsável pelo transporte já está identificada. Ela acrescentou que será pedida uma perícia no caminhão, e o DNIT será oficiado para verificar eventual irregularidade no transporte da carga.

Água superfaturada e filas em supermercados

Por conta do despejo do produto químico no rio que desagua no Cubatão, a captação de água na Estação de Tratamento foi totalmente fechada às 10h. A prefeitura afirma que Técnicos da Companhia Águas de Joinville realizam análises constantes "para garantir que não há resquícios do produto químico" e que "a empresa constatou que os níveis dos reservatórios estão baixando rapidamente". Por volta das 10h30, o nível dos reservatórios estava em média de 50%, o suficiente para quatro horas de consumo. Segundo o município, "ainda não há previsão de normalização do abastecimento".

Moradores de Joinville correram aos supermercados para comprar água após aviso de desabastecimento — Foto: Reprodução / Redes sociais
Moradores de Joinville correram aos supermercados para comprar água após aviso de desabastecimento — Foto: Reprodução / Redes sociais

Com a iminente possibilidade de falta d'água nas próximas horas, já há diversos registros nas redes sociais de filas em supermercados para comprar galões e, também, de oportunistas vendendo o produto com valores bem superfaturados. "Já estão vendendo água por R$ 45", reclamou uma moradora no perfil da prefeitura no Instagram.

O Procon de Joinville disse que já recebeu denúncia e orientou que, caso o consumidor registre locais onde houve aumento repentino da água, pode fazer uma denúncia formal utilizando o número de WhatsApps (47) 98815-3195 ou pela Ouvidoria da Prefeitura, utilizando o aplicativo Joinville Fácil ou a área de “Fale Conosco” do site joinville.sc.gov.br.

De acordo com o órgão, até as 15h45 da tarde desta segunda-feira (29), apenas uma denúncia havia sido registrada. Um fiscal da unidade esteve no local denunciado para apurar os fatos e, caso seja necessário, irá notificar a empresa.

"Além de atender as denúncias, o Procon está em contato com mercados para verificar se há problemas de abastecimento e conferir se há alterações de preço. Até o momento, há relatos de que a água sem gás está em falta em alguns estabelecimentos, mas que os mercados já estão recebendo reposição dos estoques. A orientação é para que a população economize água e não pague preços abusivos pelo produto, pois não há ressarcimento de valores".

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